1 de agosto de 2007

Bendita Abismada


Nas férias cortei os cabelos. A franja propriamente. Uma franjinha de criança. Já fui comparada a índia, menininha e até mesmo um York Shire – por meu dócil colega crítico -. Porém, uma opinião – especial do Paulo, grande amigo – me deixou contente: - Gostei, é bem, Lanna.
Roubei de giro a faixinha de tempos atrás – cerca de quando tinha nove, dez anos -. Voltei a desenhar.

Quando era criança assistia diariamente um programa apaixonante. Lembro ser da programação do Discovery Channel, - meu canal favorito, onde as coisas mais mirabolantes da Tv infantil aconteciam, sem desperdiçar o Cartoon, obviamente -. Lá estava eu – em minhas férias de televisão/comida/sono –deparando-me com a propaganda do lançamento do programa no Disney Channel. Não poderia ser verdade. Pois era. Uma felicidade tomou-me por instantes. Voltei a fazer arte. Acredito estar “regredindo”, ou coisa parecida, por enquanto isso não me pareceu má idéia.

O “sexy” tornou-se, um tanto quanto, brega – por minha humilde avaliação -. Os decotes, as apelações, e tudo que isso envolve. Tenho admirado as belezas simples, aquela de quem acabou de sair do banho. As unhas vermelhas, agora, parecem mais de madrastas maldosas. Tenho gostado mais de flores. Acredito ter encontrado uma sutileza inesperada no rosa, e voltei a overdose de Chico. Os blusões da mamãe também me encantam.

Esses dias sem escrever me fizeram bem. A falta de computador me ajudou a refletir. Vi filmes, comi Batom Tablete e repensei a atual situação perante ao próximo e assustador vestibular. Revivi os vinis, limpei-os, fiz quadros, preguei. Tenho me sentido como uma borboleta. E melhor, daria o nome a ela de Bendita Abismada.

“Bendita Abismada quase não sabe o que almeja para seu por vindouro. Quer liberdade, e só. A companhia interessante de se viver juntinho, e o mundo enorme lá fora abarrotado de tudo. Ainda não sabe o que vestir, as portas do roupeiro poderiam engoli-la. Está desvendando seu eu. Bendita Abismada está prestes a sair de seu casulo das emoções para então descobrir quem realmente é. No entanto, Bendita entre versos soltos em seu texto confuso, mostra como de estação em estação o mundo todo muda, todos se revelam, e um dia, a Primavera volta a reger.”

São tantas idéias em um só texto que me enche de preguiça. Vou dormir, e acordar, e dormir novamente. Quando sono e quantas palavras.

Lula Lá, suprimi uma estrela


Férias –inertes, e nem por isso ruins – observando o Pan-Americano. Principalmente, sua abertura ridicularizada pela série de vaiais ao presidente da república. Foi a demonstração que faltava para a total afirmação: O Brasil está de pernas para o ar.

Falta de patriotismo, loucura, civismo, o que for. Não adianta. Nunca vou me conformar em torcer para seleção brasileira, possuir o “jeitinho brasileiro” de arranjar algo, e outras cositas más. O povo deste país acredita – por uma simples ilusão – que tudo é festa. Tudo acaba virando baderna. Mal sabem o que dizem, mal sabem em quem votam, no entanto, sabem muito bem o que fazem. Um começa a vaiar. O resto todo crê ser bacana fazer o mesmo. E começa por aí. Mal sabem eles a maneira correta de afirmação, nem querem saber o que significa protesto. É apenas legal ver essa situação catastrófica na mídia (que parece agradar perfeitamente ao estilo).

Como esquerdista sinto saudade do sonho, apenas. Por incrível que possa parecer com apenas doze anos desejava um “mundo melhor” e obviamente, socialista. Aquele friozinho na barriga de ideal revolucionário, a cada discurso uma esperança, um momento único, um mar vermelho romântico e fantasioso. Bandeira do “PTzinho” em punhos, mesmo sem saber ao certo o que mudaria. O interessante era apenas reparar nos adultos cantando, observando, tão cheios de expectativa. Era essa sensação que me tomava, com pouca idade isso era a política para mim.

Foi então que conheci a figura Lula. Ele era todo aquele mar em um homem só. A festa da vitória foi muito mais que uma comemoração, foi o início do fim. José Serra comentando sua derrota no Fantástico e a bandeira ao vento no parapeito da janela. A estrela brilhava imaginavelmente nos meus olhos ingênuos. Agora era só esperar fazer dezesseis anos, pois, ele cuidará de nós.

O título. O primeiro voto. Mesmo quando tudo já estava se acabando. Tudo deu errado. Ser petista tornou-se ser idiota para os idiotas. Ser esquerda tornou-se a significar “conspirador da contrafação”. Nosso Lula nem parece mais suar. Minha estrela parou de brilhar. A política tornou-se um de mais maiores interesses, e a triste afirmação de que derrepente cresci.

O total neoliberalismo abriu muito mais que simples fronteiras, a loucura da decomposição aguçou cada vez mais a mídia e os jornalistas de momento. Eles puderem acabar conosco. Tudo tornou-se farra para este comércio de informações acéfalas de conceitos. Discursos melados de ignorantes, eles somente adoraram a palavra: CORRUPÇÃO. Tornou-se legal hablar: roubalheira, CPI, Caos Aéreo. Como a Hebe saberá entre tantas jóias bregas o verdadeiro significado de um esquerda no poder? Mas lógico, o povo da festa – no fundo e mais claro, impossível – está adorando.

Povo ignorante de fantasia - nada correspondente a situação monetária -, que nunca almejou por um instante em alma infantil: Mudar o mundo. Povo estúpido por não respeitar um evento em que esse homem investiu tanto dinheiro, tão bonito e tão cheio de arte. Não obstante, eles nunca saberão como dói ver assim, de relance, logo nesta mídia inescrupulosa, um sonho sendo vaiado.

Me desculpem os patriotas de plantão. Porém, não me encaixo nesta cultura mesquinha e birrenta. Que feio Brasil, que feio.