E eu tinha dezenas de tarefas (inclusive domésticas das mais
urgentes) pra hacer. Que difícil a vida daqueles que postergam (sempre que dá).
Embolamos tudo. Bem fazia minha mãe que servia a janta e logo já lavava os
pratos e logo já estava tudo pronto e logo já partia pra outra tarefa. Nós (os tais postergadores) nos damos mal
sempre. Passamos um dia inteiro fazendo as tarefas que poderíamos ter feito um
tantinho a cada dia. Me encontro aqui na frente de um computador que me avisa “FALTAM
AINDA MUITAS TAREFAS”. Muitos checks não dados. Me encontro sem concentração
nenhuma pra hacer absolutamente nada. Tela em branco. Música ali. Música acolá.
Andadinha pela casa. Senta de novo. Olha, o São Paulo fez gol. O pai que passou
uns dias aqui (e deu show nas teorias mais diversas) deve estar feliz. E a tela
segue em branco. Calor danado na rua, pessoas passando com mate em punho e deixei
o meu no sirviçu no pensamento de “amanhã eu pego, amanhã sem falta eu pego”. Não
tenho mate, nem inspiração. Só tenho tarefas e tarefas em um domingo calorento
onde todos os que não embolam estão na rua desfrutando de seu dom divino de não
embolar. Olha, o Fluminense fez um gol. Complicou. Mas, facilmente aceitaria um
pedido de casamento do Fred. Passarinho cantou. Pompinha passou perto da
janela. O juiz deu quatro minutos de prorrogação. E a vida passando. Nós, os postergadores
de tarefas, temos uma facilidade tremenda em aceitar prorrogações e acabamos
sofrendo no domingo. Ah, os domingos. Como são cruéis os domingos.