2 de julho de 2012

sobre poesia e sorte



"Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi"

O Oswaldo de Andrade disse isso e eu fico pensando: o que será que ensinei pra vocês? Porque eu poderia ficar só ouvindo e aprendendo. Tenho vontade de ficar invisível pra ver como vocês tão levando a vida sem a gente, numa casa sem grito, sem bagunça, sem cabelo no chão e com um neto. Queria ficar olhando e aprendendo durante um tempão. Queria olhar e aprender como é levar essa vida torta e sem projeto que, entre tangos e barrancos, rega a felicidade há tanto tempo. Porque alguém que nasceu do maior amor do mundo deveria ser só aprendizado. Tenho vontade de sair de fininho e deixar um bilhete: "Aprendi com vocês que a poesia é a descoberta de todas as coisas que vi aqui". E, com uma nota de rodapé: "Espero que os meus filhos tenham a mesma sorte".