26 de janeiro de 2010

Solta, é meu!

É engraçado essa coisa de falar “Viva cada dia como se fosse o último”. Ninguém acorda e vai trabalhar no último dia de vida. Ninguém paga contas, se faz de difícil, aposta em conquistas. Ninguém estuda, faz prova, se importa realmente com a vontade alheia, no último dia de existência. É tudo balela.

Se tivesse o poder de mudar o jargão, diria: “Viva cada lance como se fosse o único”. O chefe como se fosse o único que te contrataria, a conta como se fosse a única na gaveta, ele como se fosse o único que sabe te irritar – e te amolecer – daquela forma.

O valor das coisas não está em ser fim, mas sim, em ser incomparável. E nosso.

6 de janeiro de 2010

Heidegger II

Quem vem antes, o artista ou a obra?

4 de janeiro de 2010

O dia em que o Acaso se perdeu


Andei muito até chegar aqui. Ainda não sei bem porque sentei, mas algo me dizia que deveria parar um pouco e observar. Prestei atenção em todos que passaram por mim sem perceber minha presença, senti-me coisificado, como quando alguém é cruel por intenção. Eu estava sozinho. Ninguém perguntou-me as horas, se sentia fome, se queria companhia.

Creio que o menininho tinha demasiada pressa de conhecer o seu futuro amor, o vi errar, não era aquela de encontro marcado no café. O homem de terno que entrou na venda, usou o chat e esqueceu de olhar a caixa de correio. A bela moça de cabelos ao vento aceitou o primeiro canalha porque não esperou o segundo.

Fui deixado de lado por planos, vidas bem arquitetadas, matemática. Trocaram-me por lógicas de tempo bem construídas. E o preço do tempo alterou o passo dos amantes.

Estou desempregado, enrugado, amassado, moribundo. Completamente perdido. Arranjarei um quarto de hotel barato e morrerei de amor a saudade. Morrerei por - assim como eles - não ter feito as escolhas certas. E quais são elas? Foi tudo um mero acaso, eu juro.

1 de janeiro de 2010

sobre arroz e tempo

Quando a gente cresce se dá conta que “arroz à grega” não é arroz de grego. Quando a gente cresce entende porquê os adultos bebem cerveja. Quando a gente cresce aprende a ficar na sala conversando. Quando a gente cresce percebe que o reveillon é, na verdade, mais um motivo para comer muito e tomar porre.

O problema é que passa de uva vai ter sempre gosto ruim. Guaraná é bem melhor que cerveja. Política chega uma hora que cansa. E reveillon, meus caros, reveillon só é bom mesmo quando a gente dá um porre na vida.