3 de outubro de 2010

Niilismo

Quando olhei o sol já começava a explicar as árvores da praça bonita da cidade. Tava tudo meio torto, meio embaçado e pela cor do céu já podia dizer: “Bom dia!”. Duas vezes a saudação. A gente ainda não tinha dormido. Aquele dia foi mais longo, mais sujo, mais despedaçado, o dia mais embriagado das nossas vidas. Engraçado porque a lágrima que antes era doce, tinha gosto de álcool e evaporava. Engraçado porque no cordão da calçada a gente reclamou de tudo. Engraçado porque a gente se diz jovem e logo esquece do que reclamou. Engraçado. Engraçado porque a gente sempre disse que ia embora. Engraçado porque a gente fazia planos e hoje eles me parecem tão fora de moda. Engraçado porque anos depois a gente ainda senta no mesmo lugar. Engraçado porque anos depois nós ainda somos os mesmos. Eternos incompletos e mentirosos civilizados. Engraçado.