21 de novembro de 2007

Sobre os caretas da felicidade comprada


Crescer não depende dos dias, das horas, de anos. Crescer é uma linha tangente ao tempo. Ontem cresci, em minutos. Cresci espiritualmente, cresci a mente.
Hão de amadurecer aqueles que abrirem os olhos para os verdadeiros valores da vida, amadurecerão para o mundo como crianças. É quando retomamos nossas importâncias de criança que somos (puramente) felizes.
Saúde para correr. Felicidade com um restaurador copo de leite. E carinho.
Há de se precisar mais algo? Almejamos pequenas parcelas de felicidade inúteis. E quando as temos, ambicionamos mais e mais. Assim, acabamos esquecendo do essencial, do princípio, do amor.
E sempre quando algo me emociona, volto ao assunto, volto a falar de amor. E sempre quando a ternura me descobre, esqueço onde vivo, esqueço a fumaça dos carros nas ruas, esqueço o capitalismo e volto a mim.
Ontem, voltei a ser criança, mais uma vez. Como uma flor no asfalto da avenida.

Seu olho me olha mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é Recôncavo e nem pode ser reconvexo

19 de novembro de 2007

História de uma Gata

Me alimentaram Me acariciaram Me aliciaram Me acostumaram
O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé... de gato
Me diziam todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim
Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás
De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria
Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim
Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás

Música como forma de expressão

18 de novembro de 2007

Pelo velho preconceito com meu All Star sujo

Quando o submundo dos transtornos vem à terra fico zonza, descontrolada, imóvel. Com milhares de preocupações adultas estou na fase escultura. Saciada de incertezas.
É nas horas de caos que mais delas aparecem. É nos meus momentos estátua que começo a perceber o mundo à minha volta.
Bobagem pouca, besteira ou não, as pessoas estão cada vez mais parecidas. Quando antes a “alternatividade” parecia ser o fim, agora, recorrer a tal estilo de vida parece dar certo crédito. Concepção boba a minha, ou não, os seres que optavam por esta forma de levar os dias, fugiam do óbvio, do comum, do popular, tedioso. Triste, ou não, para os novos adeptos, são esses que tomam as rédeas.
O que seria o Alternativo? Um tênis, uma roupa, fotos, filmes e músicas? Errado. Esse conhecimento meia-boca não indica inteligência, sabedoria, fama barata, parecem todos manequins de um segmento inútil. E aqueles hippies largados que fugiam do sistema hipócrita em que viviam, não se parecem nenhum pouco com filhinhos de papai que acreditam ser legais porque usam All Star e tiram fotos de árvores bem focadas.
Cabeças pequenas, mentes vazias, preconceituosas e cheias de ignorância não me lembram nada aos tempos políticos de meus pais. Bitolados sem título de eleitor, mal sabem quem governa o país, mal sabem de nada. Querem mostrar que sabem de tudo.
Estou revoltada. Os ambientes que antes se encontravam recheados de conversas agradáveis e contribuições de cultura, hoje mais parecem o Mc’Donalds do underground.