5 de fevereiro de 2013

é melhor


Seria fácil se fosse preto no branco. Quem ama não trai. Quem ama fica junto. Quem ama dá jeito. Quem ama faz acontecer. Quem ama não tem dúvidas. Quem ama vira uma espécie de Deus cheio de forças. Quem ama não vacila. Quem ama vira mocinho de filme americano. Quem ama isso, quem ama aquilo. Durante muito tempo eu também achei que fosse assim... Pá pum. Que amar seria o passe livre das complicações, da falta de segurança, dos dilemas, das desculpas esfarrapadas, do "deixa pra depois", "agora não é hora". Eu achava que amar seria a carteirinha necessária pra se ter certeza. Era a prova da Ordem daqueles que respondem SIM/NÃO sem esitar. - Eu te amo, mas... - Ahhhhhh então não ama, amor não tem "mas". Mais ou menos assim. Só que daí eu cresci e mudei de idéia. E aí eu vi que o preto no branco na verdade é tecnicolor. Que quem ama uma pessoa pode conseguir ficar com outra. Que quem ama as vezes não fica junto, sim. Que quem ama as vezes não consegue dar jeito, não consegue fazer acontecer, pode ter dúvidas e pode não ter de onde arranjar forças em determinados momentos. - Eu te amo, mas eu quero dar o fora. - Eu te amo, mas eu quero ser feliz. Eu cresci e percebi que essa idéia tão monocromática, pragmática e regrada, não podia ser amor. Não o meu amor. Que não combinava com a minha vida caos colorido que sempre transformei em cais. Nem com a Leila Diniz. Nem com Secos e Molhados. "Simples e suave coisa, suave coisa nenhuma". Nem com as paredes da minha casa. Nem com a regra de "só fazer o que dá vontade" que minha mãe me ensinou. Nem com a peça de cortar os pulsos em que eu via meu sofrimento no Ricardo e chorava porque o nome disso é "identificação". Nem com aprender a guardar o amor. Nem com Futuros Amantes. "O amor não tem pressa ele pode esperar em silêncio". Nem comigo. Seria fácil se fosse outro retrato em branco e preto. Mas, não é. É melhor.