9 de novembro de 2011

pérolas do youtube

Aos amigos,









À toa, a boa

Andando pelo centro me dei conta de que ainda não tinha prestigiado a Feira do Livro. Senti vergonha por não contribuir em prol da cultura da cidade, tomei vergonha na cara e fui dar uma olhada. Quase na hora de ir embora senti vergonha novamente por querer economizar os poucos trocados que trazia na carteira e, para me sentir uma cidadã melhor, comprei logo um L&PM Pocket que não faria tão mal ao orçamento. Engraçado, porque nunca fui de me enganar que estava na Europa brasileira e forçar a barra lendo no meio da praça, mas hoje resolvi “inovar”. Peguei meu L&PMPocket (livro de gente com pressa) e sentei perto do tio que tira fotos naqueles cavalinhos, em frente a um senhor vendendo picolé e ao lado de uma senhora gordinha simpática. Engraçado porque nessas situações as pessoas começam a parecer mais sociáveis ou a gente que se tornou mais sociável só em parar um pouquinho no meio da Feira. Lembrei da primeira vez que andei de avião, do medo que eu sentia e do cara que sentou do meu lado naquele ônibus que anda pelo aeroporto. Acho que ele sacou minha angústia e foi logo fazendo perguntas sobre a minha vida, se eu era arquiteta por carregar um “tubo” e o que eu fazia em Porto Alegre. Também acho que ele ficou decepcionado porque eu não era arquiteta e só levava um banner no maldito “tubo”, acho que o fato de eu ser de Pelotas me transformou em uma pessoa muito mais distante daqueles outros que voltavam para sua “POA” do coração. Engraçado, eu que falo muito falei pouco com ele. Mas daí ele começou a assobiar “A Rosa”, porque acho que também ficava nervoso, e eu pensei: “e o meu projeto de vida?”. Voei tranquila cantarolando baixinho: “bandida, cadê minha estrela guia...”. As pessoas são muito mais legais do que a gente acredita que sejam. A Feira, a praça, o tio que tira foto nos cavalinhos há uns 20 anos, o picolezeiro, até meu livro de gente apressada, são muito mais legais se a gente se propõe a enxergar isso. Hoje eu me propus, ouvindo o cara assobiar Chico eu me propus, tenho é que fazer isso mais vezes.

1 de novembro de 2011

a culpa é do Fidel

Quando eu fiquei sabendo estava no carro. Senti vontade de parar e entender o que estava acontecendo como se a notícia fosse com o meu avô ou algo assim. Pensei: mas será possível, isso parece gripe!
A primeira vez que eu vi piadinhas na internet pensei que eram só mais alguns dos tantos babacas que a gente vê por aí. Eu deixei de escrever porque tendo lido muito e se tem uma coisa que eu aprendi é que as pessoas precisam de alguma bandeira para levantar. “Saiu de moda falar do idiota do Rafinha Bastos, então vamos falar o que não sabemos sobre o Lula”. Prometi a mim mesma que eu não me meteria nessa. Faz um tempo que eu estou contida e não discuto sobre política. Só que dessa vez, ou eu sairia no braço com alguém ou só perderia tempo (o que esse ano está sendo muito valioso).
Acontece que eu dei a sorte (ou o azar, vai saber) de cair em uma família politizada. Com pais que sempre foram de esquerda, que fugiam do DOPS e que trabalharam pra que o nosso país fosse o que é hoje.
Acontece que é mais do que isso. Acontece que a minha mãe também teve câncer e se tratou pelo SUS, esse mesmo das piadinhas (posso dizer de boca cheia que isso não foi um dos momentos mais engraçados da minha vida). Acontece que o meu pai é safenado e também se tratou pelo SUS. Acontece que eu não consegui ficar quieta ao ler pela enésima vez alguém fazendo piada sobre essa situação. Meus pais, aqueles que lutaram pelo “poder” da esquerda no Brasil, foram contemplados pelo “país de todos”.
E mesmo que eu esteja ocupada e só sinta vontade de mandar todo mundo calar a boca (assim mesmo, bem estúpida), me dei ao luxo de parar tudo e escrever aqui a minha vergonha alheia. Vergonha de quem fala sem saber sobre o que está falando, vergonha de quem “compartilha” sem saber porque está compartilhando, vergonha de quem macaqueia e “segue” alguém sem sentido, vergonha de quem não reconhece onde chegamos (e o homem que nos encaminhou a este desenvolvimento) e vergonha de quem finca os pés na ignorância e nos impede de ir para frente.

(Agora eu vou voltar a estudar porque preciso que esse meu computador comprado em doze vezes com uma bolsa do MEC seja usado em prol de algo melhor do que lições de moral.)