18 de outubro de 2010

"tô acordada!"

Tudo o que ele faz é bonito. E eu de pouca criatividade rezo para sempre ter uma nova reação a cada encanto. Tudo o que ele faz é bonito. E eu de pouco dom artístico fico pensando como alguém pode alimentar-se de tanto domínio da linguagem poética – e claro, visual -. Tudo o que ele faz é bonito. E eu de pouca memória sinto vontade de filmar seu dia para depois colocar trilha sonora. Tudo o que ele faz é bonito. E eu de pouca esperança sinto medo do dia em que ele não se contente com amor e comida (o que seria uma coisa feia). Tudo o que ele faz é bonito. E eu que sempre fui de muito sono hoje acordei e fiquei pensando nisso.

3 de outubro de 2010

Niilismo

Quando olhei o sol já começava a explicar as árvores da praça bonita da cidade. Tava tudo meio torto, meio embaçado e pela cor do céu já podia dizer: “Bom dia!”. Duas vezes a saudação. A gente ainda não tinha dormido. Aquele dia foi mais longo, mais sujo, mais despedaçado, o dia mais embriagado das nossas vidas. Engraçado porque a lágrima que antes era doce, tinha gosto de álcool e evaporava. Engraçado porque no cordão da calçada a gente reclamou de tudo. Engraçado porque a gente se diz jovem e logo esquece do que reclamou. Engraçado. Engraçado porque a gente sempre disse que ia embora. Engraçado porque a gente fazia planos e hoje eles me parecem tão fora de moda. Engraçado porque anos depois a gente ainda senta no mesmo lugar. Engraçado porque anos depois nós ainda somos os mesmos. Eternos incompletos e mentirosos civilizados. Engraçado.