19 de abril de 2011

quase fim, quase começo

Se formar não é ruim. Se o emprego demorar a gente pede empréstimo pra mãe, vai levando. Se o mestrado não vingar a gente espera mais um pouco, vai ver a banca acostuma com a nossa cara e resolve dar uma chance. Se não tiverem planos mirabolantes para abrir uma empresa de sucesso, a gente toma cerveja pra esperar o insight.
Acontece que alguém precisa dizer isso pra gente em voz alta, com uma carta, placa, outdoor, post it. Que o amor dos pais, dos amigos, do namorado, não vai acabar se a gente resolver ir pra outro lugar. Que desempregado pode ser interessante. Que o TCC não é a última vez que a gente vai abrir o Word. Que a gente vai poder ver os (ex)colegas sempre que sentir saudade, vai poder continuar tomando mate junto e vai poder continuar reclamando das mesmas coisas.
Alguém deveria esperar a gente na frente da faculdade e dizer: “Vocês sempre vão poder voltar”. Dizer que a gente deixou um pouquinho de si ali, que fez alguma diferença a nossa presença e dedicação esse tempo todo.
Eu não quero ter medo de me formar, mesmo que já tenha, mesmo que o medo seja misturado à vontade de colocar logo a cara no mundo. É um medo bom. Um medo de quem não se imagina fazendo outra coisa além do que faz. É um medo que nos faz aproveitar melhor esse último ano de decisões inacabáveis. Inacabáveis até o momento que a gente decidir fazer outra coisa.
Seria muito bom ouvir isso de alguém, mesmo que seja de mim mesma. Mesmo que eu seja quem cole o post-it no espelho, mesmo que eu seja quem diga que essa (ainda) não é a hora de borrar a maquiagem e que ainda tem muita coisa pela frente.
Tem quem diga que se fim fosse bom, era começo. Anotei no papelzinho que a gente deve ficar alegre, porque felizmente, tem os dois.


18 de abril de 2011

amor à vista


Acho engraçado lembrar que depois de ver ele não pensei em outra coisa senão numa maneira de tê-lo pra mim. A palavra “conquista” tem um quê de malandragem, mas acho que eu precisara disso porque de alguma forma sabia que ele me faria feliz. Uma conquista de amor à primeira vista é conquista branca, tem credibilidade poética.
Aqui tem Toquinho, tem início de frio e tem coração quentinho. Me peguei pensando nisso, no dia que ele chegou de camiseta de marinheiro e mudou tudo por aqui.

3 de abril de 2011

enquanto dorme, felicidade plena e cerveja quente

A sensação de que nada pode melhorar não quer dizer muita coisa. A gente se acostuma, se adapta, se cansa e acha que tá tudo muito bom. Um copo de cerveja gelada em um dia de calor talvez não possa melhorar muito. A questão é que: Piorar, tudo pode. Mas, assim, ficar tudo bem, é uma dádiva.
Não quero agradecer ao cosmos pela vida bem levada, pelo amor bem vivido, pelo estudo bem fundado. Não quero dizer: Ah, se melhorar estraga. Eu quero agradecer pela segurança de tudo poder dar errado. Azar é do errado. Isso é felicidade plena, não o cansaço de poder melhorar todas as situações.
Felicidade plena é quando todo o resto compensa, quando o sono é leve para acordar quando o outro se mexe, quando o cartão coloca no crédito e tem praia mais tarde. Felicidade plena é ter paciência para esperar a cerveja gelar, e claro, ter a sabedoria de que beba-la quente é ter história pra contar. Uma história como a nossa pra escrever de ressaca.

Rio de Janeiro, 2011