4 de agosto de 2007

Sobre a teimosia



Voltei a beber café. E ainda sou taxada teimosa. Vê se pode. Fiascos do mundo.

Ela desatinou

Viu morrer alegrias

Rasgar fantasias

Os dias sem sol raiando

E ela inda está sambando

Quem não inveja a infeliz

Feliz no seu mundo de cetim

Assim debochando

Da dor, do pecada

Do tempo perdido

Do jogo acabado

Parei com o café


E isso constitui muito mais que o simples acontecimento de desamparar um vício. Não pelos ameaças de má saúde. Mas para provar a mim que certas coisas, arduamente, podem ser deixadas de lado.

Olhando para xícara, parte I

Não há necessidade disso. Segunda feira inicio uma dieta, talvez arranje grana para uma academia de ginástica. Não. Deixa a academia de lado, vamos transformar isso em hora estudo. Para quê tanto açúcar? Acho que estou tornando-me neurótica. Tantas xícaras por dia. Sem contar os copos na escola. Mas, é para deixar-me bem acordada. E de que adianta tanta cafeína? São apenas impulsos do teu cérebro. Não. Hoje ainda tomo mais um.

Olhando para a xícara, parte II

Isso ainda me mata. Será mesmo que meu estômago não suporta a cafeína? Tão pouco não me faria doer. Ou faria. Na verdade, é muito. Ok, ao final desta chávena tudo estará acabado entre nós. Não me olha desse jeito. Não sou o malvadão da relação. Fazes-me mal, e nunca solucionaremos isso. A vida é injusta Nês, não improvisa de mim uma monstruosidade. Vou te abandonar e isso é para toda a vida. Adeus.

Na abertura do armário emperrado, sinto a presença. Ultrapasso as mãos, vou direto ao chá. Algumas vezes mudamos princípios pela tranqüila felicidade. Aprendemos a gostar deles e entendemos que o “amor” não basta para o “todo sempre”. Modificamos valores em busca do perfeito, extraordinário, sem falhas, sem contra-indicações. O ser humano é comodista. Mas afinal, tanto faz, o futuro reserva algo especial consecutivamente. O mundo acaba colocando-nos em nossos devidos lugares. E eu sempre gostei do sotaque britânico. Vê se toma cuidado por aí. Qualquer dia nos cruzamos nas prateleiras da vida. Quiçá nós voltemos à dupla que éramos. No entanto esse é o momento em que todo vício deixa de ser excelente e cruza a barreira à conhecida sensação de dependência. Nós não somos assim, e não posso permitir tamanha atrocidade. Até mais Café, até mais.