31 de dezembro de 2006

Junte cinco sorrisos e leve grátis

Não deixei de falar sobre amor. Que bobagem.
Tenho guardado para mim minhas controvérsias, minhas divagações, minhas baboseiras. Não deixo, simplesmente, de falar sobre amor. Tudo tem virado tão banal que me assusta.
Tento me encaixar a modernidade das coisas, deixar de lado esse peso que carrego nas costas, essa preocupação.
Por que quem se importa? Nós tropeçamos no amor. Quando menos esperamos recebemos uma flor, um convite, um presente. Quando nem sequer lembramos de sua existência, quando damos gargalhadas, quando estamos leves.
O amor não procura tristeza, lágrimas e pessimismo. Amor não se encontra, pois não se esconde de nós, ele existe para quem quiser ver. Ele é um plus da felicidade.

30 de dezembro de 2006

Terceira pessoa do singular

Antes de Lanna nascer tudo já era programado. A mãe pediu uma “pretinha”, pós dois filhos claros de olhos verdes. Alguém escutou.
Com cinco anos brincava de Playmobil, tinha os cabelos escorridos pelas costas e as bochechas escondiam seu nariz. O irmão teimava em dizer que por isso só respirava pela boca.
Cresceu ouvindo as músicas do pai, suas histórias, suas brincadeiras. Lendo seus livros, procurando ser algo semelhante, ter um pinguinho de sua cultura, sua sabedoria sobre mapas.
Fez-se jovem e já sabia o que queria da vida. Mandar-se daqui para longe, ser livre.
Passou por diversas “fases”, por diferentes amores, difíceis momentos. Aprendeu com o pouco de experiência que tinha que pessoas mentem, pessoas são boas, pessoas vão embora e pessoas ficam, aprendeu que feridas cicatrizam e que delas só tiramos bom proveito (há quem goste de comer as casquinhas, não é mesmo?).
Aprendeu tarde a arriscar, a largar tudo, soltar as mãos, fechar a porta. Aprendeu que tudo isso era necessário, tanto para ela quanto para os que delam careciam. Aprendeu a desconexar tudo, misturar os sentimentos em uma salada de frutas, com muito chantilly.
Mesmo que tardio aprendeu a não voltar aos velhos tempos de si, aprendeu apenas a reconhecer novas Lannas dentre as que a formam. Suas fases se abastecem destas, cada qual com seu momento: Lanna sensível, Lanna forte, Lanna sentimental, Lanna sem vergonha, Lanna braba e tantas outras.
Aos dezesseis anos de idade ouviu o pai cantarolar uma canção, parou por um momento. Jogou os argumentos e princípios no lixo e mudou mais uma vez. Seu bom senso de estética a fez observar melhor ao seu redor, rever a situação, calcula-la como uma boa jogadora de truco.

Sempre foi apaixonada por Reveillon, este a traz em sua mais nova versão, em mais novo estilo e forma, novo conhecimento de mundo e estatísticas. Esta permite ousar e colocar para fora de seus pensamentos o que sempre quis para si. O inigualável.
2007 vem de puro roxo, vermelho, zebra, onça, dourado e o escambal. Vem repleto do estrago, eles têm razão, vem sem medo e sem tempo.

Boa sorte

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

(Seu Collares cantando Chico – Bom conselho)
Bom conselho mesmo Sábio

10 de dezembro de 2006

Sorvete de pistache

Por onde andaram os pensamentos desta menina? Ninguém entende porque é tão perdida e atrapalhada, ela não vive entre nós. Sobrevoando a cada passo com suas pernas aladas, ela não deixa brecha para preto, cinza e mau humor.
Em seu mundo todo dia é dia de sol, toda noite é noite de ver estrelas e todo o sorriso é feito de amor. A menina não vê maldade nas pessoas, não tem medo de palhaços e sabe cozinhar. Ela é feita de fita mimosa, flores nos cabelos e seus olhos são tão verdes quanto sorvete de pistache. Neste mundo poderíamos comer apenas algodão-doce e beber suco, neste mundo não haveria regras de trânsito, nem mesmo livros de direito.
E quando a ela chamam a atenção fica triste. Não entende como podem não aceitar sua vida, suas regras e o modo em seu mundo não permite realidade.

É difícil te ver fazer aniversário minha irmã, pois a cada ano que tu completas mais menina tu te tornas, esta luz cresce, a luz que todos nós deveríamos ter. Tu vais ser a eterna criança que um dia conheci, mesmo quando estivermos velhinhas fazendo tricô e 5 Marias. Continuemos para sempre com a alegria envolvente de nosso lustre, nossa casa, nosso porto seguro.
Minha fada, minha irmã, minha melhor amiga, parabéns por estes 23 anos sendo a estrela dos palcos da tua vida, todo e qualquer lugar onde fazes da tua presença um espetáculo. Eu te amo.

“Todo mundo tem um irmão meio zarolho, só a bailarina que não tem” (Chico)

(09/12/2006)

5 de dezembro de 2006

coerente

Era como de quem já vai indo, era como de quem não sabe o que faz. Poderia saber momentos antes, momentos após. Poderia desejar por horas, anos até mesmo, no incansável silêncio atrevido; ter tido todos os homens do mundo, não ter dado o braço a torcer.
Ela ficara na ponta dos pés, o segurara para que não partisse. Ele e seu coração. Fechara os olhos, respirara fundo e afastara-se.
Ele então de braços ao vento a deixa ir. Como quem também não sabe o que faz. Como quem soubera momentos antes e após.

“Coerente sua imaginação. Pretensioso o gesto que pratica ao rezar piedade. É cúmplice do outro em você, e sabe disso...” (Heitor Pires)

4 de dezembro de 2006

Achados e Perdidos

(Não há quem não tenha resquícios de vidas passadas, pequenos papéis, bilhetes, cartas, desenhos, objetos, cada qual com sua singularidade. Hoje na arrumação do quarto...)

“Essa aula tem me deixado confusa. Estas parábolas para cima, parábolas para baixo. Bolinha pintada, bolinha sem cor. E que me importa? O que fariam estas se sentimentos tivessem? Não iriam embora?
Quem me dera não encontrar letras em Matemática. Porém, para tudo há uma boa interpretação.
Que graça há de ter em se seguir um Plano Cartesiano? Que graça há de se seguir qualquer plano?
Bom mesmo é saber para onde se quer ir, ter em mente objetivo traçado e mesmo assim mudar de idéia a cada passo, alternar a rota de chegada quando for necessário. Planos tornam o caminho sem cor, é como ter uma parábola traçada para cada um de nós, nossos sinais de positivo e negativo, nossos futuros certos.
É como ser uma bolinha. Talvez, pintada, talvez, não. Mas assim, dominadas pela matemática exata dos homens e deles suas passagens sem riscos. Os eternos covardes com explicações para tudo”.

(Risos)

19 de Abril de 2005

3 de dezembro de 2006

Sobre Maria e Ginkobiloba

Ao andar por aqueles caminhos deixara pequenas lembranças para quando resolvesse voltar. Não deixara pedaços de pão, nem doces, não arrastara uma corda, nem mesmo comprara um mapa. Somente aqueles pequenos momentos a transportariam.
O sonhar a faria conhecer a estrada para casa, mesmo tendo encontrado o habitat da Bruxa, mesmo em perigo.
Porém, quando estas memórias da menina são roubadas não existe mais caminho de volta, não existe mais saber, não existe mais casa. Tudo então vira passagem, tudo então fica perdido. Acuada, criará seu novo ponto de partida, criará sua nova avenida e quando decidir voltará a sua casa. E qual das tantas será?

“Veja você onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria o amor
Deus parece às vezes se esquecer
Ai, não fala isso, por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
Que a gente vai passar”
(Los Hermanos)