31 de dezembro de 2010

falar sobre o ano novo, CHECK

Escrever feliz já é meio complicado – tirando as mocinhas de filmes escrevendo colunas que irão mudar o rumo da história, não conheço ninguém que escreva sorrindo -. Escrever agradecimentos é mais complicado ainda. A gente sabe o que fazer quando tudo dá errado,a gente chora, quebra coisas, fala mal de meio mundo. E quando tudo dá certo? O que a gente faz?Só agradece?
Hoje é o último dia do ano. O ano do “Bota pra fazer”, como se existisse uma lista mental: “Esse ano preciso dar jeito nas coisas da faculdade... CHECK... Preciso viajar...CHECK...Preciso disso... CHECK...CHECK, CHECK”. E os “check” foram surgindo um a um, riscando a minha listinha, abrindo um sorriso bem grande e transformando as vontades em fatos. Todos os projetos, metas, (e até quilos que deveriam ser perdidos), tudo apareceu em sua hora, tudo foi acontecendo e me transformando em uma pessoa menos reclamona.
Ao final eu deveria “agradecer a minha família, ao meu amor, aos meus amigos que sempre me apoiaram e ao blogspot pela oportunidade”. Mas me dei conta de que também deveria agradecer a mim, e me dei conta de que me permitir ser uma pessoa feliz já é o maior dos agradecimentos.
Não vou desejar dinheiro, felicidade, nem “tudo de bom” a quem gosto. Vou desejar um ano recheado de pequenas satisfações, sejam elas quais forem. Não existe no mundo nada melhor do que se sentir vivo para desejar, talvez conseguir realizar e sempre voltar ao ponto de partida.
Um feliz ano-novo e três colheres de lentilha!

cafuné por café

Quem diz que amor é troca não ajuíza muito bem. Ora “amor é troca”. Trocar a gente troca presentes no amigo secreto da empresa, troca figurinha da copa, troca mensagem com as amigas, troca um “tudo bem?” com o vizinho, troca uma ajuda com o irmão. Ninguém troca amor porque não existe escambo, seria muito injusto. Se assim fosse, homens como Saramago, Chico e Vinícius nunca encontrariam mulheres para amar. “Então, se eu te fizer uma música, tu vens com uma sobremesa a altura, combinado?”. Amor foi feito para ser do outro, nunca nosso, se fosse nosso era auto-estima. Amor foi feito para ir embora, nas cartas, nos carinhos, nos beijinhos, nos bilhetinhos. O amor que fica é triste, amargurado, só. Quem diz que amor é troca me parece muito egoísta. Quem diz que amor é troca não conheceu o bom do amor, não acordou antes, não comprou presentes fora da data marcada. Quem diz que amor é troca nunca se deu conta de que quem ama de verdade só se importa com o amar, e que todo o resto que vier é lucro, nunca troco.