20 de agosto de 2007

Perdição


Odeio me perder. Me perder no Super Mercado. Me perder nos estudos. Me perder no horário. Me perder, enfim. Porém, detesto extremamente, me perder nas ruas de minha própria cidade. Não há explicação para isso, é uma verdadeira gozação. Então, todas as pessoas começam a andar cada vez mais rápido, em minha direção, loucas, com pressa, com relógios, bolsas: ATRASADAS, ATRASADAS, ATRASADAS. Extremo nervosismo contagiante. Eu, caminhando em círculos, fugindo e buscando, no paradoxo: “meus tênis de palhaço e a avenida que não encontro”.
Nostalgia. Isso já ocorreu outra vez. Um curta deveria ser gravado, eu, responsável pela cena da Passeata. E agora? São seis da tarde, estou andando. Andando. Odeio me perder.
Estar perdido é estar sem chão, além do cordão da calçada. Meu macacão me entrega. O que essa gente estranha ajuíza de mim? Devem me achar um tanto quanto “forasteira”. Eu não sou veloz. Nem quero acompanhar essa dinamicidade toda.
Por fim, encontro minha alameda. Apreensiva e risonha. De acordo com meu relógio e minha vida. Considerando que a afobação dos outros é parte da desordem das ruas. E de mim.
"Considere toda a hostilidade que há da porta pra lá. Enquanto eu fujo você inventou qualquer desculpa pra gente ficar. E assim a gente não sai. Esse sofá ta bom demais. E eu digo "cá" entre nós, deixa o verão pra mais tarde."

Histórias


O momento mais infeliz do ser é quando necessita de seu mundo paralelo para sustentação. Por que não obter da realidade o ponto principal de alegria? Sem jogos, sem fechar os olhos - não levar ao pé da letra -, sem difamar, sem carecer. O natural foi colocado para escanteio, e isso verdadeiramente é uma droga. Não obstante, quando o mundo fantasmático aparece como escasso, entra em cena o extermínio do legítimo. Um aniquilamento do que antes poderia tornar-se fruto de grandes sorrisos.
Minto. O momento mais jururu do ser é quando desaprende a empregar o segredo. Com gritos calados, atitudes imbecis, falta de desempenho inteligente. Usam e abusam do berro, do explicito, do exposto, da falta de mistério. Mísero tédio.
Minto. O momento mais melancólico do ser é quando torna-se dependente. Então, condicionado, não sabe mais o que diz, o que representa, e incrivelmente, perde seus sentimentos em meio a essa confusão mental.
Minto. Entre milhões e milhões de situações, não há o pior. Sob uma visão pessimista do que o mundo poderá tornar-se, entre tanto absurdo e falta de malícia: Toda pessoa deverá obter sua própria vitrine. Sim, uma mostruário com histórico e a competição de quem está mais vintage.
Quanta falta de sagacidade. Mal sabem o quanto a descrição pode ser estimulante, o inacreditável interessante e o sigilo uma grande jogada de marketing.

PS: Após um sábado de Rock and Roll, o domingo veio repleto de calmaria. Ficam nos fones Orquestra Imperial, em especial Rua de Mes Souvenirs.
Et le rêve dáune nouvelle nuit d´amourme hante toute le nuits je ne dors que le jouraussi loin que tu sois, pré de moi n´est pas?