Hoje quis muito a tua presença aqui pertinho, nada sério, só
queria mesmo rir das tuas bobagens. Eu te ligaria, te chamaria pra tomar um
café, tu me trocaria pelo trabalho e voltaria a se comunicar na hora em que só
uma cervejinha caísse bem. É. Sei que falta pouco pra tua presença preencher a
minha casa e pode ser um exagero essa saudade toda. Na verdade, se eu te
conheço bem, tu debocharias do meu exagero: “Neneca, ouve uma música bagaceira
pra não pensar demais, vai”. Mas, como pode? Esse final de semana teve
Hermanos. É. Eu tenho “pensado demais”. Mas, fico me policiando. Tô cogitando
comprar uns cd’s de jazz (mesmo que eu não saiba nem por onde começar e não
tenha nem onde tocar), me esforçar pra juntar dinheiro e, enfim, ir a Inhotim
(ou desistir e colocar tudo na nossa velha e saudosa ideia de Cuba), ter mais
comida na geladeira, ir ao cinema sozinha, essas coisas. Tô querendo fazer as
coisas que sempre quis fazer quando “crescesse” pra me sentir grande. Não
existe uma placa que indique quando, afinal, “crescemos”, ou uma luz que
acende, ou qualquer coisa do tipo. Mas, acho que tenho sentido essa necessidade
de me sentir “crescida”, de não me sentir olhando sempre pra cima, de não dar
bandeira de encantamento. Acho que tenho que ser mais séria. Talvez seja a
chegada dos 22. Como funciona essa coisa de inferno astral?. Não sei dessas
coisas do cosmos. Por sinal, as tuas teorias sobre Mercúrio indo pra “não sei
onde” fazem falta. Vê se não demora, tá? Não tô mais sabendo onde colocar tanto
sentimento. E, talvez seja só exagero mesmo e o que me falte seja uma cerveja
contigo ao som de Odair José. Ah, e vê se não acostuma com os vinhos
argentinos, estamos passando por uma séria crise financeira. "Abraço de amigo", como o Afonso tem dito agora. Tô te esperando minha amiga e "nem o prego aguenta mais o peso desse relógio".