4 de março de 2013

o maravilhoso dia em que eu acordei de ressaca e resolvi ser fiel ao gostar dele


Ele chama a minha banda preferida de "bandinha", debocha do tropicalismo, não gosta de carnaval. Ele reclama que eu grito, que eu dramatizo, que eu faço "treta". Ele consegue beber e não passar do ponto, não comer porcarias durante a semana, manter o mesmo tom de voz em qualquer situação. E no meio da minha bagunça eu vi que gostava dele assim. Assim bem diferente de mim. No meio do povo eu quis ele que me faz uma pessoa mais calma, menos gritona, menos pilequenta. No meio do bloco eu quis ele porque ele me faz ser melhor e mais feliz, mesmo insegura, reclamona, birrenta (e muito ciumenta). No meio da rua eu quis ele porque ele tem uma aura de gente do bem, porque ele me cuida, porque ele traz remédios, porque ele pergunta se eu os tomei, porque ele briga comigo se eu me alimento mal, porque ele se importa mesmo que eu diga que não se importa. No meio do meu sofrimento eu quis ele porque ele faz brincadeiras e eu fico gargalhando no carro como se fosse cena de filme, só que é só a nossa vida sendo a nossa vida. No meio do chão da minha casa eu chorei porque eu cansei dessa gente toda e de fingir desprendimento dele e de tentar explicar aos amigos que isso tudo é assim mesmo. Eu me prendi no abraço dele e precisei me ver sozinha pra sentir vontade de voltar pra lá. Eu não sei se ele se prendeu no meu, mas acho que ele não se importa que eu não gosto muito da "bandinha" dele. Eu gosto dele. Muito. Eu gosto muito dele.