1 de dezembro de 2009

Como nossos pais? Será?

Hoje tive uma das melhores aulas de História da Arte desses dois anos. Juntou a fome com a vontade de comer. Passei o dia pensando na vergonha publicada sobre a UNE, sobre o movimento estudantil se esvaindo entre tantas segundas intenções. Hoje meu mestre – querido, muito querido – enquanto falava sobre a revolução da pós-modernidade e sobre o mundo (pois, “a arte é reflexo do mundo”), mostrou um belo documentário sobre aquele maio de 1968, onde o movimento estudantil parou a França por melhorias. Penso.

Onde foram parar as idéias de progresso? De ajudar uns aos outros? As cabeças pensantes da sociedade não deveriam ferver dentro das universidades? Sede de conhecimento do que estamos – ou, por vezes, não estamos – aprendendo? E o que estamos engolindo goela abaixo por uma formação rápida que em versão fast-food nos coloque em um mercado de trabalho hipócrita e efervescente, onde também, seremos burros de carga? O movimento estudantil se tornou trampolim para diversas outras funções que não sejam de cunho nobre, nobre de alma, nobre de vontades, nobre de saber, realmente, os valores de se estar em uma universidade pública – e também privada -. Os deveres e os direitos acumulados pelos estudantes, hoje já se confundem com grande baixaria de ambições.

Quando antes – no tempo dos meus pais - os universitários eram a nata intelectual da sociedade, hoje pouco se vê aqueles que realmente importam-se com o que estão ouvindo em sala de aula.

Estamos na era do “tanto faz”. Tanto faz se a UNE – assim como deputados que tanto julgamos – rouba milhões do governo, tanto faz se não tenho professor em determinada matéria, tanto faz se eu não conhecer a bibliografia do meu curso, tanto faz se o cara que me representa coloca dinheiro na meia, tanto faz porque mal sei o que é diretório acadêmico de uma universidade, tanto faz porque o importante é se formar, tanto faz porque realmente, mudou o milênio, mudaram os anseios.

Eu, saudosista, ainda acredito que a juventude possa ser mais. Mais interessada, com reclamações mais plausíveis, menos lúdicas, mais concretas. Afinal, nós não temos as mesmas reivindicações de anos atrás, nossos pais conquistaram e nos deram de bandeja uma sociedade democrata, livre e aberta. E o que nós, deixaremos para os nossos filhos?

No momento em que uma pessoa não faz questão de obter ensino de qualidade, mal lembra em quem votou na eleição passada e simplesmente acha que está tudo bem, merece ser representada por alguém que esconde dinheiro sujo nas cuecas limpas.

Nós, ainda pequena parcela que chega ao terceiro grau, temos a informação e os livros na mão, tem faltado é a dose de vontade. E isso tem feito toda a diferença.


Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos lhe direi
Amigo, eu me desesperava

Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 73
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente eu grito em português

Tenho 25 anos de sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força desse destino
O tango argentino me vai bem melhor que o blues

Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 73
Eu quero que esse canto torto
Feito faca corte a carne de vocês