28 de agosto de 2009

Eu quero... AGORA!



Eu quero comprar sapatos. Eu quero abrir um café e que dele seja feito uma casa de arte e que nela tenha bastante vanilla. Eu quero ter uma sala inteira cheia de livros e que do meio deles brote uma televisão gigante. Eu quero que do meio da televisão gigante brote um vídeo-game e que de dentro do vídeo-game brote um montão de sorrisos. Eu quero um montão de sorrisos. Eu quero um sofá daqueles que a gente deita e nunca mais levanta. E quero uma banheira cortada para que seja daqueles sofás que a gente nem senta. Eu quero dar umas três voltas ao mundo. E quero que o mundo inteiro caiba dentro da minha mala. Por sinal, eu quero um montão de malas. Eu quero ter amigos que falam bobagens pro resto da vida. Quero vê-los engordar. Quero ver o tempo passar em suas gargalhadas. Eu quero ver o tempo passar. Eu quero relógios antigos, nem precisam funcionar. Eu quero pintar o apartamento todo de branco de camisa velha, igual a filme. Quero sujar o rosto de alguém de tinta e abandonar o trabalho na metade. Eu quero chegar em casa e no meio da noite ter uma idéia brilhante. Eu quero acordar a todos com as minhas idéias. Eu quero ter para sempre o meu bloquinho recheado de novos projetos, mesmo que nenhum deles fique de pé. Eu quero conhecer um montão de gente de gosto estranho. E eu quero comprar todas as revistas coloridas das bancas de jornal. Eu quero comprar todas as canetas coloridas das papelarias. E eu quero comprar todas as bolsas dos brechós. E eu quero. Quero muito. E eu preciso. Preciso muito trabalhar para pagar os meus sapatos.

20 de agosto de 2009

a dois de dia

Tem um monte de passarinho cantando, tem princípio de chuva e tem um pouquinho de solidão escondida em tudo isso. No canto deles, na roupa dela, no andar, no velho tênis. Tem um pouquinho de solidão em cada abraço que não foi dado, em cada palavra que não foi dita, em cada vazio, cada presente esquecido. Tem um pouquinho de solidão em cada mentira, cada resquício de maquiagem da noite passada, cada barulho de salto alto. Tem nos olhos dela, na forma como segura a caneta, como expõe uma vontade, na meia calça. E tem um pouquinho de solidão em cada carro que passar nesta rua, em cada perfume estranho que trouxe na camisa. A solidão da cidade diminuiu meu passo. Caiu um pingo de chuva na ponta do meu nariz... E eu aprendi a olhar para mim mesma.

12 de agosto de 2009

O homem da minha vida



Hoje é aniversário do homem da minha vida.

O único. Que não falha, que não tarda, que é cheio de defeitos. O único que continua me achando linda mesmo com calça de moletom e sem maquiagem. Que me acorda gritando, que fala mal do meu quarto, que não tem ciúme. Que debocha do beiço. Que me fez ser bamba, que me fez ser samba, que me fez ser bossa. Que me fez ser política. Que me fez ser forte. Que é tango. Que eu peço dinheiro. Que não me dá.

O único homem da minha vida que será pra todo sempre o único homem da minha vida. Que nunca trairá. Que nunca cairá. Que nunca deixará de ter uma resposta pras minhas perguntas. Hoje é aniversário do único homem no mundo que vai estar sempre do meu lado, em qualquer situação, pra sempre.

E as vezes, prestando atenção, na teimosia e no jeito, é que vejo nele meu reflexo. Imaturo e verde, mas que sonha sempre, em crescer perto de alguém que a todo momento leva um sorriso no rosto, que assobia quando nervoso, e que, vai ser o único a secar as minhas lágrimas sem nem perceber, debochar dos amores que tive, e me incentivar a ser sempre mais e melhor, apenas pelo prazer de orgulha-lo.


Ao homem da minha vida, muito obrigada por existir. Um abraço daqueles de meio braço com o mate na mão. Eu tenho precisado deles.


Neneca



5 de agosto de 2009

Dorme


Talvez eu tenha um mundo só meu e que é recheado de poesia transparente nele há bolas de sabão que são tão grandes quando um gigante adormecido deitado ao pé de uma árvore minúscula que cabe na palma da mão vazia de incertezas mas que gritam tão alto no silêncio barulhento tanto quanto a respiração do homem ele dorme e acorda a cada compasso incerto a cada dúvida coesa e a todo momento em que acontece algo que possa mudar o seu caminho estourar as bolhas jogar sabão no chão estourar o chão e jogar as bolhas no ar
O gigante dorme
e eu
acordo e
nesse mundo
cadenciado nós
vamos vivendo