26 de outubro de 2009

Um brinde

Se existem dois seres humanos que eu não me canso de ouvir falar, são Chico e meu pai. Poderia ouvi-los por horas a fio. Sou uma eterna admiradora de escutar suas histórias (mesmo que por vezes elas se repitam), malemolências de uma vida repleta de percalços, viagens, passagens de rodoviária. Homens que levam consigo “olhinhos infantis”, a sabedoria de viver com um sorriso no rosto, com um sorriso nos olhos. Homens que possuem sempre um quê de anedota em suas frases. Talvez seja por isso que é tão bom escuta-los. Homens que têm luz própria, malandros de essência, eternamente apaixonados. Homens que têm a lei de serem “obrigatoriamente felizes”. Homens que nasceram muito antes do “tempo da maldade”.
Meus eternos ídolos, um lá e o outro aqui, que sabem sempre fazer os meus dias um tanto quanto mais bossa, e minha vida um tanto quanto mais nova. À vocês, um brinde.

É bão?


Quem me dera ter, vida com trilha sonora, cabelo que não fica feio em dia de umidade, genética de atleta, mente de filósofo. Quem me dera ter, marido com cara de revolucionário, dom para tocar um instrumento musical, dinheiro para passar uns tempos em Cuba. Quem me dera ter, um fusca 71, câmera 16 mm, juros 0. Quem me dera ter, quem me dará? O mundo as vezes é injusto, Sebastião.

Ao som de: Buena Vista Social Club (Tinha esquecido, por algum tempo, este cd jogado as traças das gavetas virtuais.)

"Mas eu sou menina"

Faça as contas. Duas amigas, quatro comédias românticas, um pacote de pipoca, uma pitada de sal, alguns edredons grandes e quentinhos, dois pares de pantufas. Acrescente amores mal resolvidos, unha quebrada, preocupação com a prova passada, estafa, gargalhada e café batido. A fórmula seria brevemente resolvida com uma caixa de lencinhos de papel. Estar rodeada de mensagens românticas é diretamente proporcional aos suspiros e almejos de momentos maiores de tudo, homens maiores em tudo. No entanto, no mundo feminino, nada pode ser tão simples. E é por isso que nós resolvemos com dias como estes. As vezes é tão bom ser mulherzinha.

"Chegando as 6, tá bom demais"

O cheirinho de verão começa a tomar as ruas da velha cidade. Enquanto ela observava o cuidadoso passo dos vagantes através do parapeito da sacada, tentava entender o porquê daquilo tudo. Está chegando a estação mais quente do ano. As meninas começam a mostrar os ombros. Os homens começam a planejar as fugas dos relacionamentos. Há um frenesi envolvendo os amantes. E os andantes, vistos através do olhar atormentado daquela sacada, têm um quê de ansiedade. Está chegando a estação mais quente do ano, e ela, sinceramente, não está com a mínima paciência.