24 de agosto de 2007

Moderninha


Errado. Não combino com Parnasianismo e vice-versa. Antigos poetas gregos isolavam-se do mundo para obter seu intercâmbio com os Deuses. Minhas divindades, menininha, são pensamentos, minha interação é com palavras, minha fé é recíproca.
Exato símbolo da estética pura, a culminância da forma nos versos abandona o conteúdo poético, surge a pretensão do perfeito. Erro. Meus sonetos são devaneios. Como a brisa sem pensar. Permite a mim, a prosa, livre-arbítrio casual de libertar-te dos afins clássicos, mero incidente dos homens.
A obra, rica em História abandonou o sentimentalismo romanesco. Esses poetas pós-românticos ao abdicar da denúncia o mundo, perderam o espaço na sociedade recém industrializada, deixaram-se levar. A “arte pela arte” deveria encaixar-se em cada grão de máquina, abundar entre a população, não abandoná-la. Baudelaire, Dario, Théophile, Gautier, Billac, rejeitam o lirismo livre. Como?
Essa transgressão ao racionalismo deixa de lado minha vulgaridade poética. Essa tal “objetividade temática”, entedia, torna-nos tolos. Combino com Modernismo. Pela liberdade formal, irreverência e palavras simples. O engenho de um novo mundo me inspira. Vivo em prol da criação de uma nova filosofia, incompreensível e real. Quando antes confundia-me com o métrico, sou o além da arquitetura contemporânea. Sou o reinvento da arte, a cada instante.
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com o livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
ABAIXO OS PURISTAS
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
Não quero mais saber do lirismo que não é LIBERTAÇÃO"