24 de abril de 2007

Avante Cavalaria


Minha irmã abre a porta deste humilde quartinho, corsimcornão, no intuito de me dar uma notícia. Falando bruscamente palavras que atassalham meu indigente coração alado, diz com versos rudes que há em determinado site á notícia de que foi decretado o fim de Los Hermanos.
Não pode ser. Pois é.
Com tantas bandas de repertório pobre, que não passam mensagem alguma para seus admiradores podendo ter seu fim, por quê logo minha favorita? São tantos anos, tantas letras, tantos sentimentos. Até mesmo em uma conversa de botas batidas podemos perceber a magnitude e inteligência dos homens que fazem, dessa, a melhor de todas. O despojamento, a sagacidade e a humildade recheada de malícia.
Porém ainda é cedo para despedidas, o adeus você fica para mais tarde, na esperança do adiamento desta tristeza para mim, e com certeza, para música popular brasileira.
É morena. É brabo.

10 de abril de 2007

Cena final



Minhas palavras vieram sucessivamente acompanhadas de muitas vírgulas. Igualmente, minha vida. No momento em que as deixo de lado colocando um ponto término nestes meus versos vagos de amor começo a discorrer a existência, em si, de modo distinto. Coloco primeiramente um final a esta minha angústia, este sentimento sem nome que assombra meu peito, afasta-me de meu mundo, tira-me o sono, muda-me a personalidade. Junto a ela arquivo na gaveta das lembranças centenas de orações não ditas, tentativas frustradas de mostrar-me transparente e agradar qual não pode ser amimado.
É hora de localizar minhas pernas e seguir. Acoplado a este ar que ausenta-se de meus pulmões sinto esvair-se o mundo que transportava nas costas, aquele idealizado com exércitos e fortificação. A sensação de avaria, por espantoso que possa parecer, não me atenua, e sim, mostra-me horizontes abrangentes distantes destes bosques.
Chegada a hora de fechar-se as cortinas agradeço ao público que conservou-se até o final do espetáculo e vou-me embora com o coração abandonado e um sorriso nos lábios.
Imediatamente, ao dar início a minhas percepções sobre o amor, escrevo com os olhos acesos, a esperança de uma nova história. Em novo parágrafo, novo filme.

9 de abril de 2007

Uma rua chamada pecado


Nunca soube muito bem empregar os olhos, seus movimentos são lentos, continuamente rudes. Seu caminhar de quem desconfia demonstra o quanto sente-se estremecido com as oscilações a seu redor, é atencioso e preocupado. Utiliza de sua força quando lhe é permitido, quando lhe parece imperioso. Sua amabilidade é mútua à quem a merece, igualmente, seu despeito. Aprendeu a falar cedo, instruir-se de que deveria calar-se também precocemente, preferiu ficar só por um milhão de vezes, não modificou sua idéia em qualquer delas.
Definiu-se bem como o labirinto das emoções outra vez ocultas, seu coração, ao final desse, assemelha-se a um troféu. A batalha vencida contra sua inteligência, os milhões de caminhos vagos que o faz distante de nós.

8 de abril de 2007

Depois faz frio


Um homem sábio em determinado lugar do mundo um dia disse que estar só é estar em paz consigo mesmo. Discordo.
É nestas horas que me descompasso, que me desfaço, me arrebento. Entro em desavença, desafino, mudo de vontades, perco o rumo. Minhas idéias tornam-se ponto de encontro aos pensamentos desesperados jogados na sarjeta.
Estar só à mim significa os gritos de uma mente em parafusos, um coração as avessas. Não podendo fugir, preso a certeza de que é baldio estar entre almas penadas, abarrotadas de vento e magnificência inútil. Solidão, qualquer que seja, é a guerra entre coração e cérebro.

7 de abril de 2007

Sobre Amelie



Entre tantas coisas inúteis que circulam pela internet, é difícil encontrar alguém que faça algo tão banaca quanto esse vídeo. Não sou muito adepta ao mundo cibernético, no entanto fiquei alegre e ganhei um sorriso.
Fica a dica!

http://www.youtube.com/watch?v=axDy20SY6Yc

6 de abril de 2007

Sobre José



Tudo aqui cheira a mofo. O cigarro amassado no bolso traseira da velha calça jeans rasgada demonstra o quanto sente-se impotente, fraco, sujo. Sentado na cadeira esquerda da esquina mais escura do bar, levanta seu copo como quem pede perdão por uma vida vazia, abarrotada de tudo. Observa seus pés sórdidos de barro, pede perdão em telepatia, a ela, que neste momento devaneia sobre amor. Ele não pode compreender. Seus pensamentos percorrerem outros planos, engolindo lágrimas para dentro do peito, um vadio sentimento nulo dentro de si. Debaixo 40 W de luz inatingível, a escuridão conservar-se dentro do pobre homem que nunca poderá entender o sentido daquelas palavras. O que é o amor para José? Não enlouqueça José. Não enlouqueça.

5 de abril de 2007

Lixo Limpo


Tenho me sentido fora de órbita. Um quão grandemente conduzida por um ânimo triste, algo que não tenho o conhecimento. Almejo momentos de insanidade para me descobrir por acolá, me sentir tola novamente, ser chichê, borrar a maquiagem. Estragar tudo, pedir desculpas, sentir meu corpo doer. Aparentar birutice, para me sustentar em um novo eu, esse velho quero colocar fora. Quero sentir, sentar, na lata de lixo.
Bebel e Chico - A mais bonita
"Não solidão, hoje não..."

4 de abril de 2007

O médio amor do mundo

Mesmo tendo como opinião inalterável de que o filme que vi não tenha um roteiro capacitado para o nível dos atores que o encenam, esse me fez pensar um pouco além. Em mim, o que permaneceu destas cenas, foram exclusivamente perguntas a desígnio do destino. Resta em mim, a só, inútil certeza de que por mais ousados que sejamos, tudo sempre vira poeira.
Fica a dica “O maior amor do mundo”, vale a locação. Repito: A locação.