20 de setembro de 2007

Liberté

O espetáculo já havia começa quando novamente acenderam as luzes. O teatro voltou-se para os amantes e tudo mais parecia ter-se esvaído. As intensas ondas luminosas apreciavam o romance do verdadeiro e apócrifo. A paixão estava na atmosfera dos corpos.
Quando as luzes se apagam confunde-se mais uma vez ficção com realidade. O salto-alto abandonado ao pé da cama da atriz, o abandono do personagem, a máscara no chão. Nesse momento todos os olhares voltam-se para o amor. Mesmo sendo seu público loucos desvairados.
E então, tudo parece desaparecer no evidente conto de fadas. O mesmo cenário parece confundir, porém então, como saber o que é real e fantasmático? Fecha-se os olhos. Observa-se a contemplação em silêncio e inevitavelmente, encanta-se com o perfume da personagem e a sabedoria do palco. O mundo. O mundo tornou-se o palco.

“Premier mot de la devise républicaine, la liberté. La Déclaration des droits de l'homme de 1793 la définit ainsi : « La liberté est le pouvoir qui appartient à l’homme de faire tout ce qui ne nuit pas aux droits d’autrui ; elle a pour principe la nature ; pour règle la justice ; pour sauvegarde la loi ; sa limite morale est dans cette maxime : Ne fais pas à un autre ce que tu ne veux pas qu’il te soit fait. ». « Vivre libre ou mourir » fut une grande devise républicaine.”

17 de setembro de 2007

Segredos de adulto


Lances românticos me comovem. Não de forma hostil, e sim, dócil. É tranqüilizador e bonito, entre tanta hi-tack. Na velocidade dos meus pensamentos as luzes da cidade adoçam meu alento. Falar sobre o amor me acalma.
Tudo tão extinto, tão modificado, tão, tão. Tudo é TÃO exagerado e na tentativa de ser algo magnífico e sexy acaba sendo feio e repugnante. Com tantos meios de comunicação esqueceu-se do principal. Esqueceu-se do gostar além de tudo.
Amores na chuva, amores nas calçadas, amores no parque, amores escondidos, amores reais. Onde estão? Na geração da televisão de plasma observa-se a vida alheia, estaca-se a própria. Os vinhos, o chão, os copos de plástico, todo o cinematográfico foi abolido. Abriu-se caminho para a construção do labirinto da agilidade. “Pá e bola”.
Eu, passageira deste bonde, sinto saudades de uma época que não vivi. Época onde conhecia-se a letra das pessoas, onde se produziam cartas de amor, música e obtinha-se o principal: sentia-se apego pelo ser, pelo corpo, e essencialmente pela alma.

Independente da velocidade.

Sem pé, muito menos, cabeça

Por vezes uso das palavras para cavar um mundo louco de vocábulos. Paralelo ao meu, teu, mundo feio e cinza das tuas modernas.
Somos modernos, estamos aqui. E é ali que nasce a flor. A semente da sensibilidade a alusão ao magnífico perante o espetáculo do trânsito. No meio do caos: a flor. No meio de nós: o amor.
E ela nasce no asfalto, no resíduo, na cara de todos os preocupados. E ele nasce, na clareira, nos ditos-cujos preocupados.
Sou talvez a flor, sou talvez o amor, sou o que não sei. Porém, os compreendo e me encanto com os tais vocábulos perdidos.

You've gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?

10 de setembro de 2007

Avenida


Lá saberei como a banda toca. Se quer sei a existência da música. Vou bailando conforme a partitura, analisando as quedas e sobre tons.
Ontem, deitada, ajuizando, quis por um segundo arrancar os planos e desenhá-los novamente. Agora com mais detalhes, caricaturas, mais graça e dedicação. Minha partitura seria densa, tranqüilizadora, linda e poética. O plano B da dança.
Hoje sigo os passos de um maestro desajustado, homem do tempo, senhor do meu canto, e agora? Sigo os passos da rua, e mais nada.

7 de setembro de 2007

Pink it´s my new obsession


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

*Ela estava gritando. Não aguentou o chulé.

4 de setembro de 2007

Festança


Hoje o Sol era uma poesia mágica diante dos meus olhos. Essa incandescente bola de fogo sugestionava Marte em sua melhor forma. Marte, meu planeta.
Por vezes, imaginava como seria partir com uma mochila nas costas, conhecer novas etnias, culturas, línguas, pessoas. Abandonar o círculo de conhecidos desassossegados, preocupados com a vida alheia, deixar para escanteio tamanha preocupação com estereotipo, clã e credo. Por mais clichê que possa parecer.
Queria um par de tênis, um mapa e minha sacola, me alimentar de bolachinha recheada, grilos e o que vier pela frente. Sairia dos protótipos, alimentaria expectativas imbecis, aguçaria meu conhecimento. “Me vestir rainha e dançar a festa”, namoraria quadros, pintaria setes, buscaria a arte, museus, galerias, encantaria os olhos. Quebraria os padrões, encheria a cara.
Pensando, marchando, olhando para o Sol, desejei viajar, morar em Marte, e abandonar tudo isso.