27 de agosto de 2012

e não me venha com a Simone

Quando eu tinha uns 17 curtia muito a Martha Medeiros (eu também li vários livros do Paulo Coelho com 14 e tô aí, vivona). Eu curtia tudo o que ela falava, me identificava, o Divã era feito pra mim, nossa, a Mercedes tinha problemas amorosos como os meus e tal e coisa. E eu sofria e chorava e escrevia e-mails longos e o meu blog tá aí pra provar a minha chatice. Foi importante pra mim. Importante mesmo. Textos legais organizando o pensamento de uma quase mulher querendo ser mais mulher do que era. Daí o tempo foi passando e eu fui abrangendo a lista dos livros da vida, e gradativamente fui deixando a Martha de lado. Desculpa, Martha, e obrigada por tudo. O lance é que tenho visto as Marthas se multiplicando. Várias Marthas em vários blogs só seus, com liberdade de expressão pra serem exatamente quem são. Mulheres REAIS, com problemas REAIS, que SOFREM quando querem SOFRER e CHORAM quando querem CHORAR. Em caps porque elas são mulheres incisivas e decididas e comandam suas próprias vidas e são donas do seu próprio nariz e zzzzzzzzz. Tá. Daí eu comecei a olhar pra isso com um olhar mais crítico. As novas Marthas têm sempre uma "urgência de viver", pra elas a vida é muito "intensa", pra elas ou "mulher nenhuma precisa de homem" ou elas vivem o maior amor da vida e sofrem muito por isso. Elas são meio parecidas. Ao que me parece, as novas Marthas tão vivendo o auge dos seus 17 só que lá pela casa dos 30. Engraçado, o melhor texto que li nos últimos tempos falava que só os malas ficam dando opiniões e juro que não tô opinando sobre as Novas Marthas Blogueiras de Sucesso. É mais um questionamento. Se o nosso universo cresceu tanto, por que as autoras que tão fazendo mais sucesso são aquelas que falam sobre os mesmos dilemas que a gente tinha, quando adolescente? Sei não. Tô precisando de alguma outra autora pra dar uma organizada nos meus pensamentos.

dane-se o cavalo branco e os grilos

horto sessions #5_nina becker & marcelo callado from horto filmes | clara cavour on Vimeo.

Quando penso nele vem a imagem de um chão de parquet claro e o sol entrando pela janela. Que doidera isso de pensar em alguém e ver imagem de coisa. Faz tempo que tô com essa imagem fixa de casa que se misturou com os pensamentos que envolvem ele. Tô chegando a conclusão que depositei nele toda essa vontade de ver o sol entrando pela janela e batendo no parquet claro de uma casa com poucos móveis. Acho que sempre que eu pensar nele essa ideia e esse sentimento de salvação vão me atormentar. Ele chegando de camiseta do Botafogo e deitando do meu lado no chão, no parquet, me salvando de todos os males e esmagando a agonia desse interlúdio interminável. Nos meus pensamentos eu seria muito feliz nesse lugar. Eu sorrindo e o sol batendo. O sol batendo e eu sem sofrer porque não teria lugar pra despedida, só chegada. Quando penso nele me imagino sorrindo. 

Não tem parquet e chove. A minha memória me prega peças e o tempo sacaneou com tudo. Já não sei mais quem é aquele que existe, aquele que existia, aquela bola verde que por vezes manda notícias e o homem do parquet claro com sol batendo. Meu príncipe do parquet claro e sol batendo. Por onde andas? 



("Descanse um pouco e amanheça aqui comigo...")