12 de agosto de 2007

Eu quero uma casa no campo

Fazia muito tempo desde a última vez que apareci por aqui. A corda do balanço não estava gasta e as plantas que agora revestem o açude antes cediam espaços para os “jumprurais”. A casa tinha mais um sorriso. Mesmo na parede, na foto em preto e branco, ainda sinto o carinho que transbordava de tamanho amor do ser humano incomum.Eu era criança, corria atrás dos filhotinhos de cachorro esperando chegar a hora do doce. Naquela eternidade de minutos – espiando de longe a conversa dos adultos – imaginava como seria ser um deles. Não compreendia porque conversavam tanto e não comiam. Qual era a graça? E aquele líquido? Não era guaraná, tinha muita espuma e ainda deixava os copos fedendo. Que gente.O barulho dos meus pés nas folhas secas me relembram o dia dos pais. Observo esse de longe e imagino o quanto de trabalho já dei. O quanto faria falta a mim se partisse, assim, de repente. O velho tango nas velhas caixas de som relembram uma vida passada próxima e ainda nem peguei no sono. Tudo é tão calmo e tão familiar. Família é tão contraditória. Por mil vezes desejei morar sozinha, sair pelo mundo, ir embora. De que adiantaria? São laços eternos de uma juventude que se tornou cética e paradoxal, como me tornarei. Tudo é um ciclo. Eu estou dentro dele. O dia de hoje concebeu muito mais. Foi o meu amor incondicional e nostálgico. A fina linha que separa a existência e a morte, tudo envolvido. E meu pensamento. O sentimento de saudade, revelando poder ser muito melhor em vida.

Por amor à meu pai, por amor à meu tio, por amor à felicidade.
Feliz dia dos pais!

Eu quero uma casa no campo, do tamanho ideal
Onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros, e nada mais...