29 de janeiro de 2013

planinho

- Alô? Oi amiga, sou eu. Eu sei que tá meio tarde... Mas, tô ligando pra pedir uma coisa. Pode recusar, viu? É... Então... Faz um planinho comigo? Só um. Ou dois, se não for pedir demais. Pode ser bem pequenininho e pro mês que vem. Pra semana que vem, se preferir, pra não se estender. Um planinho bobo, sem nada demais. Pode ser uma cerveja de pé em copo de plástico, um café bicolor que vem com bolachinha no pires, qualquer coisa (ou se quiser ser megalomaníaca podemos voltar a pensar naquele velho plano de alugar uma casa enorme com pátio pra poder ter todas as plantas do mundo e um cachorro chamado Baden por causa do Baden Powell). Só peço um planinho pro futuro. Vai aí um bom tempo que saí do futuro de alguém e viver só no presente (ou no ontem) tá me dando um certo saudosismo de planos. Abstinência de planos. Taí um ponto problemático da vida de solteiro que ninguém comenta. Não fazer parte do futuro de ninguém. Não ter aquela pontinha de figuração na cena do futuro de alguém (mesmo um joinha em alguma grande conquista). Não ter nenhum planinho pra dividir. Será isso porque no colégio nós fazíamos muitos planos? Acho que fui uma criança que fantasiou demais, acho que foi culpa do Pequeno Príncipe, acho que aquele livro não pode ser solto na mão de uma criança sem supervisão. Mas, sempre foi tão saudável imaginar um monte de coisas só pra dividir planos. Melhor que dividir dinheiro, casa, cama, perrengue. Os planos são a parte mais legal dessa brincadeira toda. Faz? Faz um planinho comigo? 

- Vamos planejar que tu vai parar com essa mania de ligar pras pessoas de madrugada.