20 de março de 2012

Porre às mulheres perfeitas 2.0


Hoje em meio a um Clube da Luluzinha me peguei defendendo as mulheres comuns. Parece balela, mas nesses novos tempos existe uma nova categoria de mulher: a mulher perfeita 2.0. Não é aquela antiga mulher perfeita que era linda, cozinhava, limpava a casa, cuidava dos filhos e fingia para as amigas que era boa de cama. Não. A mulher perfeita 2.0 faz tudo isso, trabalha, vai nos melhores restaurantes, faz pilates, viaja pela Europa, fala três línguas e usa batom vermelho. Além disso, ela sempre aparece ao lado de amigos bonitos, porque as mulheres perfeitas 2.0 não atraem muitas pessoas feias. E mais, ela tira fotos disso tudo. Ela publica e joga na cara de todas nós, mulheres comuns, que temos celulite, barriguinha e somos falidas. Na minha defesa às mulheres comuns aleguei: e quando a mulher perfeita 2.0 toma um pé na bunda? Ela publica?
Me disseram que pega mal. Que geralmente ela passa a trabalhar mais, ir a restaurantes mais caros (que tenham uma iluminação melhor para as fotos), atrai mais amigos bonitos (e chatos) e passa a tirar mais fotos. Pensei que deve dar um certo trabalho. As mulheres perfeitas do tempo da minha mãe só precisavam de um bom livro de receitas herdado da vó, uma boa genética e sorte (de encontrar um bobo que goste de perfeição). Hoje em dia deve ser meio triste não poder sofrer, não poder chorar, não poder ficar em casa de chinelo e meia, não poder se atrasar de manhã e esquecer a maquiagem (aliás, deve ser um saco usar maquiagem todo dia), não poder conversar com mulheres comuns sobre as promoções da Marisa (quer coisa melhor do que comprar na Marisa? conversar com as atendentes? na Zara as atendentes são sempre tão mal-comidas).
Ser uma mulher perfeita 2.0 dá muito trabalho. Acho que é por isso que eu defendo, sempre, as mulheres comuns. Mulheres que tem aquele jogo de cintura de encarar os perrengues do dia-a-dia, que andam de ônibus lotado, que vão a festas e não levam o celular, que tomam porres sem ninguém saber, que confessam aos amigos que o dinheiro terminou antes do mês e que, principalmente, sabem que seus defeitos têm mais bossa que as perfeições das mulheres perfeitas 2.0. Perfeição incomoda porque se melhorar estraga. Uma mulher comum é linda porque ela sempre pode surpreender, pode falar daquele livro que leu e não publicou sobre, pode contar sobre aquele estilo de música que gosta e ninguém sonha.
Disseram que eu to ralé. Daí eu não quis sair na foto.

16 de março de 2012

fueguitos



Esperando a Ju acabei me lembrando que ontem foi aniversário da Mafalda, não sei porque acabei pensando no Galeano e acabei recordando esse texto incrível e acabei exorcizando isso. Daqui:

Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de Colombia, pudo subir al alto cielo.

A la vuelta, contó. Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos.

—El mundo es eso —reveló—. Un montón de gente, un mar de fueguitos.

Cada persona brilla con luz propia entre todas las demás.

No hay dos fuegos iguales. Hay fuegos grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del viento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros arden la vida con tantas ganas que no se puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende.

14 de março de 2012

cores





E aí eu estava indo trabalhar e topei com "cores de Frida Kahlo, cores".

aos amigos




ao telefone


Cada dia na casa nova é um novo dia pra pensar na casa e nos dias. Também tenho pensado muito sobre cidade, cidade é uma coisa louca né? E tenho pensando também em sorriso, planta, quadro, flor e verde cor de menta. Acho que tô amando verde cor de menta. Acho que tô amando a mesa do café da esquina, queria ela pra mim e aí eu teria uma mesa de jantar, só que com cara de café. Mal sobra tempo pra pensar em outra coisa que não seja cotidianamente encantadora. Acho que tô meio simplória, meio que andando e olhando pra cima. É tanta cor no bairro novo que fico querendo colocar todas elas dentro da casa nova pra cada dia na casa nova ser um dia cotidianamente encantador. Por isso eu fico cuidando quando alguém coloca alguma coisa no lixo grande que tem em frente a uma obra na minha rua. Vai que dá pra fazer alguma coisa legal. Meu pai disse que a minha casa vai virar um ferro velho. Só que colorido. Acho que eu vou começar a pintar. De novo.

13 de março de 2012

"A medida do tempo"

Entediada fui andar pela casa (que agora virou “casa dos meus pais”) e acabei achando um livro escrito por uma tia distante. Já criei tantas lembranças erradas dos meus tios que tive que me esforçar para associar o nome a pessoa. Lembrei das idas a Bagé e de cumprimentar tanta gente. Lembrei que das vezes que estávamos por lá imaginava com seria se meu avô fosse vivo, se ainda tivesse o bar no Jóquei Clube, lembrei da minha vontade de ver meu pai menino e dentuço entre os apostadores. Lembrei que quando era criança eu e uma prima passamos a madrugada acordadas só pelo prazer de fazê-lo (e também para ouvir os adultos conversando e jogando truco). Lembrei que, antes do dia amanhecer, os senhores sentavam na frente de suas casas com mate em punho. Lembrei que nós olhávamos pela janela, que tinha cerração, que minha prima dizia que eles sempre faziam isso e que logo outro senhor também já iria acordar. Minha prima deve estar uma mulher e os senhores que sentavam lá devem estar muito velhinhos. Lembrei da casa da Hulha e que das vezes que fui lá não conseguir dormir. Era uma casa antiga e com tanta história para contar que eu não poderia dormir lá. Lembrei que o chão da casa fazia barulho sozinho e que o barulho se misturava com o da lenha queimando. Lembrei que a maioria dos meus tios por parte de pai tem cara de fumante (mesmo que muitos tenham parado) e por isso eles parecem mais cultos. Lembrei do frio que faz por aquelas bandas. Lembrei e senti saudades. Saudades de quem eu nem sei e nem convivi. Acho que senti saudades por eles. Pelos meus tios e pelos tios dos meus tios. Saudades porque as coisas que faziam parte da vida deles se tornaram apenas lembranças para mim. Senti saudades porque a vida muda. Senti saudades porque a vida passa.

“Sei hoje que o tempo não espera e que a vida nos faz cansar de esperar...”
Glêde Loguercio de Mesquita (do livro achado)

domingo

Vou ficar aqui quietinha. Janela fechada. Tv desligada. Eu aqui quietinha. Tão quietinha que nem na cozinha eu vou ir pra buscar água. Nem vou ouvir aquele disco do Caê que me acalma. Hoje é o dia internacional de não fazer nada. É o dia internacional de ser estátua. Alguém vai acabar ligando ou apitando. O vizinho logo vai começar a tocar flauta. O lixeiros logo passam fazendo furdunço. Como podem? Que me desculpem todos. Hoje eu vou ficar aqui quietinha. Hoje eu vou comemorar o dia internacional de ser estátua.

6 de março de 2012

dos presentes




Eu sei que tenho sorte de conviver com um monte de gente bonita que faz coisas bonitas. Mas, tem dias que essa sorte se acentua. Ontem foi um deles.
Um presente lindo com a cara da nossa história, pra amar e guardar "até o fim raiar".

5 de março de 2012

metade malandro, metade amélia

Tenho ficado tanto tempo comigo mesma que estou passando por uma crise no relacionamento. Acho que eu e eu mesma estamos precisando de uma DR daquelas bem longas, com direito a grito, choro, manha e jantar de reconciliação. Tenho ficado tanto tempo comigo mesma que ando precisando de outras vozes no ambiente para distrair a minha, outros passos na casa, outro que abre a geladeira. Estou me traindo. Mas, acabo voltando, acabo fazendo as pazes comigo mesma, acabo ficando serena, acabo aprendendo a gostar de ficar no silêncio. Acho que virei um malandro. E acabei virando uma Amélia de mim mesma.

4 de março de 2012

sobre o meu pai

- Pai, se arruma, a gente vai sair.
- Onde vamos?
- Tomar uma cerveja na Cidade Baixa.
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- E tu quer que eu me arrume?
- Sim Pai, eu quero.
- Pra ir ver os mesmos estilinhos da feira ecológica que tu me levou?
- Pai.
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- Quando o senhor era guri e morava aqui em Porto Alegre a Cidade Baixa não era um lugar legal pra se tomar cerveja?
- Era, mas na época eu era baixo também.
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- O senhor devia ser um magrão bem no estilinho da feira ecológica.
- Eu era baixo. Mas, nunca comprei pimentão podre.
- Pô Pai, achei que tinha gostado do passeio.
- Eu gostei minha filha, foi bem exótico.
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- Tá, vamos.
- Eu vou assim.
- Sim Pai, eu já sabia.

do amor












Imagens de um final de semana de coração cheio. Acho que eu não conseguiria escrever nada.



1 de março de 2012

447



Fugida rápida da pauta para dar parabéns. Acho que o Rio é mais bonito por causa do Vinicius.

pequenos encantamentos

Tulipa Ruiz- SUSHI Clip Oficial from rival+tarde on Vimeo.


''Querido, é mais fácil vivermos solteiros
Em festas confusões
Querido, é mais lindo juntarmos dinheiro
E embarcarmos pro Japão''

A Tulipa em um clipe lindo da Leandra Leal. O encantamento do dia. Acho que eu não queria compartilhar em nenhum outro lugar que não fosse aqui.

sobre o domingo






Enfim, as minhas alpargatinhas e a Karine, um achado Bageense.