10 de abril de 2007

Cena final



Minhas palavras vieram sucessivamente acompanhadas de muitas vírgulas. Igualmente, minha vida. No momento em que as deixo de lado colocando um ponto término nestes meus versos vagos de amor começo a discorrer a existência, em si, de modo distinto. Coloco primeiramente um final a esta minha angústia, este sentimento sem nome que assombra meu peito, afasta-me de meu mundo, tira-me o sono, muda-me a personalidade. Junto a ela arquivo na gaveta das lembranças centenas de orações não ditas, tentativas frustradas de mostrar-me transparente e agradar qual não pode ser amimado.
É hora de localizar minhas pernas e seguir. Acoplado a este ar que ausenta-se de meus pulmões sinto esvair-se o mundo que transportava nas costas, aquele idealizado com exércitos e fortificação. A sensação de avaria, por espantoso que possa parecer, não me atenua, e sim, mostra-me horizontes abrangentes distantes destes bosques.
Chegada a hora de fechar-se as cortinas agradeço ao público que conservou-se até o final do espetáculo e vou-me embora com o coração abandonado e um sorriso nos lábios.
Imediatamente, ao dar início a minhas percepções sobre o amor, escrevo com os olhos acesos, a esperança de uma nova história. Em novo parágrafo, novo filme.