22 de janeiro de 2012

Olha só

Ela acordou antes, olhou a fresta da janela que lhe parecia a única entrada de ar e se perguntou se a idade lhe fizera deixar de sentir tanto sono pela manhã. Buscou um papel, uma caneta e uma explicação. O lençol amassado cobria parte da âncora que ele traz na pele, que em meio a um único fio de sol, brilhara. Ela respirara pouco nos últimos dias, com certo medo de que o ar acabasse. Uma precaução vestida de medo, uma dúvida do que passa pela cabeça dele. Ninguém sabe, pois dormindo fica manso, feito uma criança sem preocupações. Parece que ele nunca teve medo de respirar. Parece que o ar dali foi feito para ele e eles teriam que aprender a dividi-lo. No silêncio da manhã foi escrito no papelzinho: E agora? Tudo permaneceu em silêncio. E ela voltou a dormir.