23 de novembro de 2012

pequenos términos de mundo


Por volta das 21h30min desta quinta-feira (22), um acidente no quilômetro 3,3 da BR-293, em Pelotas, deixou dois mortos e sete feridos. A colisão frontal entre um Gol vermelho e um caminhão Volkswagen ocorreu próximo ao supermercado Atacadão.

No carro do meu pai só um pneu furado e uma placa amassada. Das poucas músicas que eu sei tocar no violão uma diz: "a vida é mesmo coisa muito frágil". E é mesmo. A vida é muito frágil e tão dizendo por aí que o mundo tá pra acabar. Eu não sei se tá mesmo. Mas, sei que o meu mundo sacolejou, o chão ruiu, o céu ficou cinza, o telefone parou de fazer barulho. "O pai nasceu de novo". Meu pai já nasceu nessa vida umas 4 vezes. Tudo fez menos sentido hoje. Estar nessa cidade. A dor que eu senti no peito ontem. Estar longe. Pra que serve tudo isso? Tudo deixou de fazer sentido hoje. O que eu tô fazendo aqui mesmo? Por que eu nunca aprendi outras músicas no violão? Eu não sei. Só sei que a vida é frágil. Que é um sopro. Que meus 22 anos não são nada. Que se o mundo for terminar mesmo que termine logo e sem aviso. Mas, que não me assuste mais desse jeito. Por favor. 

12 de novembro de 2012

sinto muito

O mais irônico não é isso. O mais irônico é que vou passar a madrugada de segunda executando a escala de atividades minhas que já deveria ter feito. O meu samba acho que é Juízo Final, mas é difícil escolher um. Se tu estivesse por aqui te pediria pra me tirar da enroscada em que me meti. Mas, não. Não está. E, eu também não pediria. Perguntaria do Dirceu, te diria que é necessário assistir ao filme da Tropicália e esqueceria metade das coisas que pensei que gostaria de dividir. Queria mesmo era te contar dos meus problemas e sinto a tua falta. Muito. Sinto muito a tua falta. Sinto muito.

11 de novembro de 2012

"escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal"



Dormir só adiantou um pouco pra amenizar a minha cabisbaixisse. Síndrome agude de cabeça baixa. Sentimento gigantesco de “fiz merda”. Sem remédio. Dor agudíssima. Bateram-se portas e mais portas e coisas foram quebradas na minha casa. Janelas que dão pra Tomaz Flores aos gritos. As berros. “PORRA, LANNA, PORRA, PRA QUÊ? TU É A PIOR PESSOA DO MUNDO”. Não há ninguém no mudo pior do que eu, ele afirmava e a certeza dele me fazia ter certeza também. Pra quê? Não sei, pra nada, por pulsar, porque sim, porque aconteceu e ninguém tem culpa por pulsar, por ter coração pulsante, por viver e por beber cerveja demais. Porque sim era a resposta. Simples assim. Simples porque todos nós estamos vivendo e não só existindo. Viver nos deixa muita brecha pra fazer merda. Acredito que Capitu não baixou a cabeça quando ofendida. Olhos de cigana oblíqua e dissimulada. DISSIMULADA. Nunca ninguém soube o erro de Capitu, houve erro? Porque sim era a minha resposta, arquemos com ela. A desculpa era por não ter outra. Se minha resposta é vaga é porque meu coração é grande. E aberto. E porque eu vivo. Sinto muito.

Sentimento de cabisbaixisse. Dor aguda do caramba. Onze da manhã de um domingo no Bom Fim. No meu fone tocava “O velho e o moço” e eu saia do supermercado carregando uma sacola com: água, massa, cigarro e guisado. “Se o que eu sou é também o que eu escolhi ser, aceito a condição”. Sempre tive a total certeza disso. Na minha frente uma senhora caminhava a passos lentos: camisa laranja, cabelo comprido e branquinho quase reluzente preso com um prendedor de cabelo, bolsinha em uma mão, sacolas do supermercado em outra. Caiu. Tropeçou na calçada da Fernandes Vieira. Larguei todas as minhas coisas no chão. A levantei. Perdeu um dente, machucou o rosto. Juntei as sacolas dela, a agarrei pelo braço, vamos pra casa, vai ficar tudo bem. De braço dado comigo contou histórias. Dona Maria, 89 anos, 30 deles no Bom Fim. 30 anos vivendo na Santo Antônio. Ainda acorda aos domingos e faz almoço pra família, mas estava triste porque hoje o filho não apareceu pra almoçar. O filho noivou e agora só quer saber da noiva. Chegamos. Sacolas no lugar. “Minha filha que pessoa boa que és, pode ter certeza que vou rezar por ti, que nome bonito que tu tens”. Ela afirmava com tanta certeza que a certeza dela me fazia ter certeza também.

Chorei. Aos prantos. Não “porque sim”. E sim “porque nós vivemos”. Dois moços sendo inconsequentes. Um velho e um moço. Todos nós que nos encontramos pelas ruas do Bom Fim. Todos nós com o coração meio machucado no Domingo. Não importa. Nós vivemos. Nós estamos vivendo.

"Ganha-se a vida, perde-se a batalha!"

8 de novembro de 2012

não somos nós, são vocês

A internet é uma doidera boa tão grande que alguns simplesmente não tem bom senso pra desfrutar. Mas, tirando toda a parte ruim, a parte boa me faz feliz como um inteiro. Nesse inteiro, um chat em que minhas amigas estão juntas. Mesmo cada uma em sua cidade. Cada uma em uma cidade, isso sim é uma loucura. Hoje uma apareceu com um papo que fundiu a minha cuca (e eu pude imaginar ela me encontrando e sentando no Monjolo Café, rindo e tirando onda das nossas peripécias). "Então, veja só, depois do amor louco vem ele com um papo de que está preocupado comigo, ora preocupado comigo, preocupe-se com você meu caro, deixe que eu me resolvo". Quem dera o Xico Sá cruzasse vez ou outra com ela na rua. Muitos livros seriam escritos com os conselhos dela. Por enquanto eu sou uma das poucas sortudas que tem aulas de vida com as frases que ela fala. Divagamos muito sobre a tal conversa "pós amor louco" e devaneios sobre a frase "te cuida". Terminei fundindo a cuca e chegando a conclusão que os novos machos estão passando por um momento delicado de responsabilidade aguda. Foram muitos e muitos anos sendo chamados de CANALHAS e sendo, em 90% dos casos, os responsáveis pelas roupas jogadas das janelas, que hoje, quando o jogo do amor não tem mais favoritos aos erros... "Eu não quero te fazer sofrer". Pois, me dê o prazer da livre escolha. "E eu? Quer dizer que não posso te fazer sofrer? Não duvide do meu potencial." Meus caros, comecem respeitando a nossa alegria de ter nascido em uma geração de libertação feminina, em uma geração em que as mocinhas são chatas e geralmente ignorantes quanto as coisas boas da vida, geração que fez a Kelly Key parar de cantar. Não se preocupem com a gente. Saibam que hoje nós temos a total tranquilidade de acordar na casa de um estranho (e tomar café da manhã com ele). Nós vamos nos virar e se deixarmos o sofrimento bater a nossa porta é porque, lá no fundo, é bonito e nos faz viver, melhora a nossa pele e geralmente ficamos mais bonitas. A gente pode simplesmente se distrair se não quiser sofrer. E se quisermos sofrer, nos deixem sofrer, não temam o sofrimento, não temam fazer alguém sofrer, a vida é feita disso. Então, DEIXEM COM A GENTE, meus caros novos machos cheios de responsabilidades. Apenas, por favor, respeitem todos os sutiãs queimados e tratem de tirá-los quando vestidos. Abandonem esses tais " te cuida". A gente sabe se cuidar, meus caros. Se cuidar não deve ser mais difícil do que trabalhar o dia inteiro pra conseguir pagar o aluguel no fim do mês, certo? Libertem-se, machos responsáveis. E nunca, em nenhuma circurstância, acordem dizendo que estão preocupados conosco. Não engrandeçam o ego tanto assim logo de manhã. Engrandeçam outra coisa. 




5 de novembro de 2012

que papinho


Ando numas de fazer coisinhas. Só coisinhas. Fazê-las. Escrevê-las. Inventei que escrevo um diário também. E, veja só, isso me faz escrever mais. Coisinhas. Numas que entro na agonia de ligar pros amigos dizendo que quando chegar no Rio quero espalhar alguma coisa por lá. Cartazes, bilhetes, alguma coisinha pelo Rio, como a gente fazia na faculdade, "tenham idéias, tenham idéias". E ninguém levando muita fé “tá, tá, tá, a gente faz”. Só pelas coisinhas. Criar coisinhas. Tava quietinha lendo e imaginando que cossitas podia fazer por aqui também, sem alegria de viagem, com aquele sentimento de casaaindanãocasa mezzo estranho que tenho com a cidade. Coloquei pra tocar uma música do Tom porque o Tom sabe de coisinhas. E, do banheiro veio uma voz: “porqueee fooooste na viiiida a úúúúltima esperança”. Que momento bonito foi esse. E eu rindo e dizendo “que momento bonito foi esse”. E, a despirocada da Eduarda cantando sem entender nada, “eu nem sei como sei essa música, bonito o quê?, tu é maluca?”. Devo ser meio maluca. Meus amigos me fazem ser mais na maioria das vezes. Por isso essa vontade louca de espalhar coisinhas por aí, cartazes, bilhetes, pinturas, qualquer coisa. Pelo coração aberto. Pra abrir o coração do outro. Colocar pra fora. Fazer com que o outro cante Tom Jobim no banheiro e ache lindo, ou não, ache engraçado ouvir uma voz interpretando uma música triste como se fosse karaokê e de tão engraçado bonito. Arte é outra coisa. Eu sou humilde. Eu só quero fazer coisinhas. Eu quero meus amigos de coração aberto. Eu quero que as pessoas que vejam coisinhas abram o coração. 

4 de novembro de 2012

por um domingo só disso e ócio


E eu tinha dezenas de tarefas (inclusive domésticas das mais urgentes) pra hacer. Que difícil a vida daqueles que postergam (sempre que dá). Embolamos tudo. Bem fazia minha mãe que servia a janta e logo já lavava os pratos e logo já estava tudo pronto e logo já partia pra outra tarefa. Nós (os tais postergadores) nos damos mal sempre. Passamos um dia inteiro fazendo as tarefas que poderíamos ter feito um tantinho a cada dia. Me encontro aqui na frente de um computador que me avisa “FALTAM AINDA MUITAS TAREFAS”. Muitos checks não dados. Me encontro sem concentração nenhuma pra hacer absolutamente nada. Tela em branco. Música ali. Música acolá. Andadinha pela casa. Senta de novo. Olha, o São Paulo fez gol. O pai que passou uns dias aqui (e deu show nas teorias mais diversas) deve estar feliz. E a tela segue em branco. Calor danado na rua, pessoas passando com mate em punho e deixei o meu no sirviçu no pensamento de “amanhã eu pego, amanhã sem falta eu pego”. Não tenho mate, nem inspiração. Só tenho tarefas e tarefas em um domingo calorento onde todos os que não embolam estão na rua desfrutando de seu dom divino de não embolar. Olha, o Fluminense fez um gol. Complicou. Mas, facilmente aceitaria um pedido de casamento do Fred. Passarinho cantou. Pompinha passou perto da janela. O juiz deu quatro minutos de prorrogação. E a vida passando. Nós, os postergadores de tarefas, temos uma facilidade tremenda em aceitar prorrogações e acabamos sofrendo no domingo. Ah, os domingos. Como são cruéis os domingos.