29 de junho de 2007

Soldadinhos de CHUMBO


Todos os rostos são estranhos. Possuem pensamentos soltos no prazer fútil de uma geração inútil. Sem ídolos, sem amor, sem compaixão. Não é Coca-Cola, não é revolucionária, não é nada. Sem escrúpulos, ideais, recheada de distrações passageiras. Meninas sonhando ser Paris Hilton, meninos almejando BMWs. São cópias americanas, mal feitas e grotescas. Dezenas e centenas desejando ser o que não são, relutando contra seus princípios, suas características. Equívocos de uma sociedade juvenil perdida entre imperialismo e sacanagem. São soldados de ninguém, lutando por ninguém, lutando por si mesmos, vivendo uma mentira.

27 de junho de 2007

Charminho


-Vontade de ficar tristinha?
-Não e não à Sr. Tristeza. Vá se embora logo, eis aqui olhos que brilham conforme o coração sente. No sorriso do olhar e boca não há lugar para sua maldade.
-E essa lagrimazinha?
-Charminho.

26 de junho de 2007

Sobre Política e Disney


Pelo primeira vez no ano dei-me o luxo – por motivos familiares que me impediram a ida à escola - de ver desenho pela manhã. Não há momento do dia mais bacana para ver desenhos. Lembrou-me os dias chuvosos – àqueles onde ninguém aparecia – em que eu permanecia na frente da televisão com meu inseparável copo de leite e a programação enchia-me de entusiasmo. Bons tempos – articulam minhas velhas bochechas -.

Estou lendo um livro muito atraente, o autor sempre pareceu-me exagerado, no entanto um cérebro ambulante – a la Mr. Brain, na minha abominável imaginação -, Arnaldo Jabor. Pornô Política vem recheado de crônicas sobre o modo de vida ridículo do brasileiro, o modo como a política mundial – juntamente com a doutrina Bush Papai e Filhinho – está indo para o saco. Ex-comunista, atual jornalista, fez-me rever alguns conceitos identificando-me com o tal.

Presto o máximo de atenção imaginável nas aulas de História, por gostar, por necessitar, porém principalmente pelos professores que a mim apresentam. Em uma aula – onde minha “mestra” encarnou um quê de Ciência Política - fiquei abestalhada com alguns comentários sobre a vida de Walt Disney. A primeira posição que me tomou ao observar os pensamentos de historiadores sobre os desenhos do homem foi de certa “exaltação”. Logo após, pensei serem todos loucos. Na seqüência, pude ter a certeza, de que, de acordo com o ângulo poderia tornar-se plausível.
Praticante de xenofobismo, racismo e outras cositas, a interpretação de seus filmes e representações não poderia ser pior, na visão científica. Rei Leão e Mickey perderam seu “valor” diante do mundo – meu – após aquele dia.

O que os parágrafos têm a ver? Tudo.

Conforme os anos mudamos os valores, as crendices e o ângulo de observação. Vejo desenhos e sorriu, vejo Tv Senado e riu. O que deveria equivaler a atração, hoje mais parece-me entrelinhas espertas de Segunda Guerra. O que deveria encher-me de esperança hoje mais parece piada. O mundo – socialista – que sonhava para filhos da minha geração, aparece apagado como um túnel fechado diante tantos escândalos. Os cartoons da geração de meus pais hoje surgem para mim como aviso do que já seria encontrado. O mundo é estranho Sr. Camundongo. O mundo é estranho.

25 de junho de 2007

Sobre as despedidas


Calcei meus velhos all star, procurei o casaco mais agasalhador. Fui para a escola aprender História, voltei observando o mundo no tempo de meus passos. Um passarinho, as pessoas no ônibus, o livro que eu carregava, o vento congelando o nariz , o sol tapado por nuvens. Era eu tão pequena, rodeada de gigantes corredores, cruzando por mim, deixando-me para trás. Por que tanta pressa?
Fiz amizade com um cachorro. Ele me acompanhou durante um certo tempo, no entanto trocou-me por um saco de lixo – isso deveria ter deixado-me triste, bem, relevemos -, ao menos por minutos compreendeu o porquê do “não pisar nas linhas”, o porquê dos óculos, o porquê do passo lento. Por que te fostes cachorrinho? És o único que cessa nesse planeta de combates. Faz-me companhia cachorrinho. Esse mundo é grande demais para ficarmos sozinhos.

(O dia nublado entristeceu a flor, devaneou o amor, transbordou de temor o coração da menina.)

Sobre os pensamentos

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaa
aAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaaa

(Sim.
Um rugido atrapalhado no horizonte confuso do meu interior.)

24 de junho de 2007

O divã de Freud


Veja bem Doutor, não tenho tempo – muito menos dinheiro – para suportar essa situação. Porém o faço com intuito – e esforço – da resolução dos problemas de minha vida. Não, Doutor. A palavra resolução se encaixa perfeitamente. Venho até aqui buscar minha identidade, minha essência, meu elixir. Sua opinião como profissional colocando os devidos pontos nos is, me ensinando a fórmula da mudança.
Tudo começa com meus defeitos. O orgulho é feio, sei, mas não me diga que não recebe uma centena de mulheres arrogantes nesta sala. É comum, como tudo que me rodeia. De tão banal enjoa e atrapalha, torna-me um ser birrento e intolerável. Esse “medo” de não suprir as expectativas enche-me o saco. Com o perdão da palavra. E, não deixa de ser medo, o orgulho é uma virtude desse.
Acredito em Deus, sim. Não, não sou católica, protestante, evangélica. “Ateu” é um substantivo forte Doutor, tenho fé, e isso basta-me.
Tenho uma amiga com grande conhecimento sobre signos. Nunca vou esquecer quando me disse sobre o signo Gêmeos, era impressionante a parecença com meus hábitos e características – como o zodíaco agrada a qualquer um – e mesmo não crendo que estas eram culpa das estrelas, pensei melhor a meu respeito. É Doutor, eu sou insuportável.
A cada grão de tempo que esvai mudo as vontades, o humor, deixo de lado objetivos, procuro outros, como uma grande tarefa não acabada. E assim, desde sempre, fui levando a vida. Arrependendo-me de fatos, ambicionando outros. Mudando de estação a cada amanhecer – ou menor fração de momento –, sinto-me “incompleta”.
Já não sei mais o que estou falando Doutor. Não sei mais porque estou aqui. Isso não dará em nada, mas diga-me lá, há forma de sarar esta loucura? Loucos somos nós sim, meu caro, e esta é a verdade absoluta. É loucura estar cansada de minhas próprias decisões, é loucura a chateação. Loucos somos nós que pagamos para ouvir um veredicto de loucura. Loucos somos nós de aborrecermos com tão pouco.
Há Doutor o “Xarope da Assiduidade”? “Xarope da Persuasão”? Diga-me Doutor. Dê-me logo esta receita, cure-me de mim mesma. Preciso de ajuda, possuo um mundo dentro de mim em pleno caos.

The Jackson Five - My Girl (versão com o Michael)

14 de junho de 2007

"Mentiras sinceras"


O ser humano é realmente bichinho engraçado. A cada dia me certifico de que os sinônimos para essas abomináveis criaturas sejam inúteis tamanha falta de “ser humano”. Até mesmo o sentimento que os torna privilegiados à diferenciação de qualquer espécie do planeta: a paixão. Quiçá ela é uma mentira?
Hoje pela tarde - em meio a aula de biologia - começo idealismos particulares sobre a falta de interesse contínuo na pessoa – aquela pelo qual se dizem arrebatados -. A forma como ele sorri, como ela dorme, como ele tem vergonha, como ela não, esses momentos tão eternos parecem se esvair no tempo. Porém, são episódios insubstituíveis. E então começa a falsidade.
É impossível encontrar em outro “ser” qualidades antes vistas, ocasiões antes atravessadas. As pessoas não se apaixonam pelo cujo que encontram, essas se encantam pela imagem que recebem. Procuram nos próximos tal e qual, e assim gostam cada vez mais dos mesmos valores descobertos.
Não cito as grandes paixões. As verdadeiras? Absolutamente não. Essas são para sempre pelo fato de que mesmo encontrando “made in paraguay” nunca perderiam sua integridade e honestidade do sentimento puro.

DYLAN, Bob and Van Morrison - Crazy Love

13 de junho de 2007

Bonequinha (crescendo) do papai


Não me pergunte como é envelhecer, eu não saberia responder ou contestaria uma tolice. Fazer aniversário é um tanto quanto engraçado. Em uma passagem de dia nos tornamos “pessoas maduras”, ou não, de acordo com a carteira de identidade. Discordo.

Fazer aniversário é muito mais. É o tempo representando em algarismo os momentos deixados para trás, a passagem do calendário abre portas para uma “nova era”, novo capítulo, páginas em branco de uma mesma vida. O papel acompanha o destino em suas mil trajetórias, tornando-nos sedentários diante os segundos.
Fazer aniversário solicita bolo, parabéns, abraços, presentes e muito carinho. Além disso, requer uma interpretação muito além do simples passar das horas, é o amadurecimento da idéia do ser, é a contemplação da juventude mostrando suas mil facetas.
Não basta à mim apagar velas. São inúteis os números diante tal moleca interior, a cada ano que passa peço para que esse regresse em proporção contrária, como se ao fim da chama rejuvenescesse a mulher que se apresenta.

E aquela “gasguita” de cabelos negros escorridos pelo ombro hoje faz dezessete, amanhã quiçá seus vinte, e logo então cinqüenta. Ela nunca abrirá mão de sua espada Jedi e seu orgulho, terá sempre um sorriso aberto para seu amor e um laço de ternura para quem souber manuseá-lo. Suas sapatilhas aladas serão dançarinas das linhas da estação e para sempre saberá os sentidos de seus pequenos versos. Com a mistura de boneca e “nenê” levará a vida de sua forma: sem observar os relógios. Por favor Senhor Tempo, não deixe Neneca crescer jamais.


10 de junho de 2007

Inesperado



Eu preciso ir à padaria. Que horas são?
Olga Roman y Jorge Drexler – Apareces
Jorge Drexler - No voy a ser yo

6 de junho de 2007

Dúvida cruel


Sim. Isso não sai da minha cabeça –eu preciso tomar uma posição, eu preciso, eu preciso-. Não ter objetivos me leva a uma grande crise de identidade. Me transforma em uma criatura sem anseio. E, isso é péssimo.
Minha última inventada é fazer Engenharia. Lanna e cálculos pode parecer até piada, porém meu interesse por Matemática e Física tem se acentuado a cada dia que passa. Usam da lógica para a expressão de fatos deixados de lado e isso pode até ser legal, dependo do ponto de vista.
Os amigos dizem que conseguem imaginar-me na posição de responsável Engenheira – sobresaindo a todas as outras opções que dei para pensarem-. Eu, no entanto, não abro mão do Design – a arte predomina à coerência dos números-.
Tenho cerca de cinco meses para colocar os planos em seus devidos lugares. Porém, a idéia exacerbada agora é fazer os dois. Mesmo recebendo a taxa de alucinada.
Os extremos podem ser muito bem empregados. Vou saber abusar disso.

(Texto escrito para ser lido pela autora num futuro próximo. Depois da vontade de cursar todas as profissões existentes.)

“A dúvida constitui, mais do que um conceito, todo um vasto tema na reflexão filosófica, pelo que importa distinguir entre as variantes da sua determinação nocional e correlação com outros conceitos, e as teorias, métodos e procedimentos que de algum modo a sistematizam.”

"Tempo, tempo, tempo, mano velho... Tempo, tempo, tempo, mano velho. Tempo amigo seja legal, eu conto contigo pela madrugada..."

5 de junho de 2007

E até parece Primavera


Eu era uma criança de muito imaginação. Tenho relembrado coisas que antes pareciam cheias de pó. Lembranças do verde que namorava o laranja, o oito que era rival do nove e coisas do tipo, tem se tornado cada vez mais freqüentes.
Acredito ser culpa da leveza de meus pensamentos nesta estação. Um quê de despreocupação com tudo o que acontece ao meu redor (cito coisas e pessoas ruins), é como caminhar sobre uma grande nuvem de sonhos.
O que antes parecia atingir-me com tal magnitude e vigor, hoje mais parece anedota. Como um escudo provindo de minha imaginação infantil (algo que garanto nunca ter partido), mas que renasce como forma de proteção a tudo que antes escondia a graça.
Meu sorriso ganhou um aliado honrado: o desfrute da paz de espírito. O amor entrou pela porta da frente, ofereceu-me um binóculo e pediu permissão para ficar. Recebendo em troca o carinho por sua preocupação e o pedido pelo fico.

“Eu descobri um mundo teu é manso, sem perceber tive paz e só me dei conta, quando eu te vi me perguntei: -Como é que vai você? –Tudo bem?
Falta entender o que me faz pensar que só ele pode ter tanta paz para me dar... Eu te vi e cheguei pra falar: Tudo certinho?” (Hermanos)

4 de junho de 2007

“Tá na hora de rever seus conceitos...”


As pessoas têm se tornado a cada dia mais engraçadas. É hilariante a atual situação dos pontos de vista. Virou mania nacional o “estranho”. O que antes era chutado para fora dos moldes, hoje faz parte da maioria dos guarda-roupas e cérebros. Talvez uma lavagem cerebral das grandes passarelas, dos grandes estilistas, da mídia, não importa. Mas algo é certo: CASO TENHAS UM QUÊ DE ESTRANHEZA JUNTA-TE ÀQUELES TEUS IGUAIS E SEJA MODERNO.
-Oi garota! AÍN AMIGÃN como você é cool, uma síndrome? Ai que show! Eu tenho um distúrbio!
-Nossa AMIGÃN como nós somos legais!
O fato de acordar pela manhã, colocar uma camiseta amassada, não fazer a barba, (até mesmo não tomar banho) hoje é feito por pessoas que nunca pensariam em participar de tal situação, porém é natural que não o façam por atitude, e sim, força da idéia.
O que antes se mostrava como quebra às regras do sistema hoje mais parece uma corrida contra o correto, arrumado, “direito”. Corrida em busca do egocentrismo e individualismo.
O que todos procuram ultimamente é o destaque. Procuram a evidência em meio ao caos, um querer bem entre a sociedade, ser taxado inteligente, culto, ou “aquele que não liga para os protótipos” (mesmo que isso implique em ter 6 dedos, ou algo parecido) .
Pois, contra que sistema lutam? Que ideais possuem estes? Será necessário gostar de Beatles (ou qualquer banda antiga/revolucionária) para encaixar-me nos padrões agora estabelecidos? Onde ficam os verdadeiros “chuto o balde e não me importo com nada disso” em meia tamanha igualdade de idéias?
“Sem querer querendo” a juventude tem criado os exemplos que daqui a certo tempo serão repudiados por nossos filhos. E então o gel de cabelo será o novo. E cuidado futuras mamães: Será preciso muita goma para as camisetas pólo.

1 de junho de 2007

Carta à Lanna


Beirando os dezessete anos estás a um passo de decidir um futuro provavelmente dessemelhante do que venhas a ganhar. Talvez tuas alternativas sejam do agrado de teus pais e teus familiares. Talvez escolhas uma profissão bem conceituada, abrangente, que ofereça status e ótimas perspectivas financeiras. Talvez optes em favor de tua vontade.
O fato é que: Independente do que decidires para a tua vida, se as opções não te fizerem realmente crer no papel que assinas, seja lá o que for, dar-te-ão como bônus dos teus dias o recíproco do teu desgosto. Serão chatos, entediantes, monótonos e tu passarás a ser abominado entre teus colegas. Terás dinheiro e junto a ele, principalmente, amargura. Como um vazio insuficientemente completo de aparências e dólares.
Terás que colocar em pauta teus valores, tanto morais como espirituais. Aprender a ouvir, mesmo opiniões adversas, mesmo injúrias, mesmo ignorâncias. Porém, terás especialmente que optar pela primorosa passagem dos dias sem esperanças de orgulhar àquelas que esperam algo diferente de ti. Terás que mostrar a eles o quanto podes ser diferenciado desta massa servil sendo exatamente da forma que és. E assim sendo, terás a auto-confiança na profissão que se assemelha a ti, e por conseguinte darás a quem merece um tanto de admiração por teus atos.

Abraços da sempre tua , Sã Consciência