20 de agosto de 2009

a dois de dia

Tem um monte de passarinho cantando, tem princípio de chuva e tem um pouquinho de solidão escondida em tudo isso. No canto deles, na roupa dela, no andar, no velho tênis. Tem um pouquinho de solidão em cada abraço que não foi dado, em cada palavra que não foi dita, em cada vazio, cada presente esquecido. Tem um pouquinho de solidão em cada mentira, cada resquício de maquiagem da noite passada, cada barulho de salto alto. Tem nos olhos dela, na forma como segura a caneta, como expõe uma vontade, na meia calça. E tem um pouquinho de solidão em cada carro que passar nesta rua, em cada perfume estranho que trouxe na camisa. A solidão da cidade diminuiu meu passo. Caiu um pingo de chuva na ponta do meu nariz... E eu aprendi a olhar para mim mesma.