31 de maio de 2006

Pokémon

É engraçado lembrar das nossas reações quando criança, as coisas com as quais nos importávamos, as coisas que reparávamos. Não seria novidade citar que na infância tudo parece muito maior, e não só por sermos pequenos, mas por sermos mais sinceros e bem mais observadores.
Na aula de literatura lembrei de algo...
Um belo dia acordei e minha mãe disse:
-Neneca, saiu uma reportagem no jornal dizendo que o desenho aquele que tu gostas é muito violento.
Violento? Não, para aí, só um pouquinho, praticamente vivo dentro de uma pokebola, sonho com o Ash e vibro a cada choque do Pikachu, aí, vem um cara grande desses e diz que é violento? Se perguntassem a uma criança ela diria que é o desenho mais legal do planeta. Mas não, perguntam a um adulto e ele diz que é violento, bem palavra de adulto mesmo.
-Mãe, vou escrever para o jornal.
Juro que me esforcei ao máximo, lembro direitinho da minha estranheza com o computador e com as palavras. Mesmo com minha linguagem infantil e erros de português constantes a crônica foi publicada.
Dei risada disso hoje, talvez com oito anos eu fosse bem mais revoltada e lutasse bem mais pelo meu ponto de vista, mesmo que para os adultos meus ideais não tivessem tanta importância.
O tempo foi levando o gosto por Pokémon, mas afirmo, repito e gravo que a menininha braba segue aqui.

26 de maio de 2006

Acabaram-se as férias

Enfim, chega sexta-feira.
Tanto tempo escrevendo x² que acabei deixando de lado meus papéis cheios de idéias. O dia mais esperado da semana chega com gostinho de segunda, temos que encarar os erros, correr atrás do tempo perdido e estudar muito.
Dois mil e seis começa em final de maio, paciência.
-Te esforça Pretinha.
-Sim senhora.

17 de maio de 2006

Sobre mulheres e ouvidos

Falar sobre o quê não sei, mas gosto de falar, assim, por falar.
Acredito que dividir experiências antigas, histórias engraçadas, momentos saudosos, seja algo revigorante.
Falar, sem assunto em pauta, motivo ou discussão, falar falando, sem querer, sem perceber.
Utilizar todas as palavras pomposas que conhecemos, fazer uma piadinha com alguma delas, um sorriso aqui, outro ali.
Com certeza a conversa das pessoas é prato principal.
-Eai Princesa, beleza? Te achei muito gatinha.
Tudo bem que tu és um cara boa pinta, mas meu nome não é Diana, não sou princesa, e beleza? “Beleza”...
-Oi, tudo bom? Desculpa, mas eu posso perguntar o teu nome?
Claro que pode, meu nome é Lanna, tudo bom? Tudo bem que tu sejas um dos caras mais feios que eu já vi, mas percebo que aí tem muito pano pra manga.
Cérebro. De que adiantaria Josh Hartnett sem uma pitada de Marcelo Camelo?
Tu agüentas um dia, dois, estourando três, e aí... O velho clichê “beleza não põe mesa” FALA mais alto.
Fale, mesmo que seja a maior bobagem do mundo, elas gostam de sorrir. Fale sobre coisas inteligentes, sobre estrelas e constelações, conte histórias de infância, peça para caminhar pela rua e jogar conversa fora, ir tomar uma cerveja sem compromisso com horário.
Fique falando por horas, sem medo de desvendar segredos ou vergonha.
E se isso for exigir demais, tudo bem, haverá sempre uma sem papo para um despapado.

Feliz de mim que tenho ouvidos;
Boa sorte a quem ainda os procura.

16 de maio de 2006

Ainda dança

Estava colocando em dia meu caderno de matemática, ouvindo baixinho um cd velho que estava jogado as traças. Percebi que números não coincidem com música e vice versa. Odeio lógica, acredito que esta deva ser a causa de minhas notas nesta matéria.
Nele...

“No canto do cisco, no canto do olho, a menina ainda dança e dentro da menina ainda dança
E se você fecha o olho a menina ainda dança, dentro da menina ainda dança
Até o sol raiar, até dentro de você nascer, nascer o que há”
Marisa Monte, Menina dança


É...

15 de maio de 2006

Roda gigante

O mundo tem girado na mesma velocidade que a saia da morena, meus passos tem sido grandes como se tivesse patas de elefante, tenho tido alucinações como se tivesse sangue de ácido, e então o mundo para. Nesse ritmo de metáforas perco-me em meio a palavras, milhões multiplicadas por alfabetos de todas as línguas.

Encontro-me sentada em um banco pintado de roxo, observando uma tela feia, fria e sem cor. Estou aqui, de cabeça cheia e com o livro aberto. Gosto de estudar Renascimento, gosto de verdade. Porém perdi-me entre tantas descobertas, entre tantos homens inteligentes, no rumo da história.

Já dizia Chico “mas eis que chegar roda viva e carrega a tristeza pra lá”, tenho estado frágil nos últimos tempos, não tenho me reconhecido. Baseada nessa frase acredito ser uma onda passageira, algo que repentinamente vá “pra lá”.

Choro sem motivos, não apenas por coisas que me tragam aquele sentimento com gosto de limão, choro também por ouvir uma música linda e me encantar com ela. Inútil, penso. Meu pai sempre disse para eu não gastar lágrimas.

Fico em meio a uma selva de pensamentos, onde o leão com certeza não se parece nada comigo. Eles têm me feito mal.
Talvez seja isso que me faz ficar frágil como uma criança, elas sempre se assustam em meio a multidão. No meu caso, assustada por substantivos abstratos, os tais pensamentos.

Os odeio, e nunca fui de esperar a maré virar. Faça-se um novo rei para selva, que seja o tal elefante ou talvez a mariposa, que eu acredite em Móises e peça para ele mover as águas.

Deixar as coisas por “isso mesmo” nunca foi da minha índole, não quero ser chamada de “comodista” mais uma vez, espero fazer as coisas na hora, fazer de verdade, não apenas pensar.
Acredito que desta forma os pensamentos se desenrolem, assim não fritando minha mente, muito menos trazendo mais lágrimas ao mundo.

Que uma das funções seja atrofiar meu cérebro.

“Mas não diga nada que me viu chorando, e pros da pesada diz que eu vou levando...”
Chico, claro

13 de maio de 2006

Mãe, trás coca?

Em ritmo de dias das mães, fico assim, sem frases ensaiadas, presentes com laços, rosas, e um cartão. Tenho apenas palavras, que talvez em quinze anos de existência nunca foram ditas.
Não me pergunte o porquê, nem por onde, nem quando, nem como, mas nunca fui de falar sobre o que sinto. Talvez porque todas as vezes que arrisquei, no momento seguinte não sentia mais, e acabava por mentira.
Mas concordarei quando disseres que silêncios são grandes motivos para a mente pensar o que bem entender.
Para uma pessoa as palavras são importantes: minha mãe.

Cresci calada, braba e cheia de pensamentos loucos na cabeça, sou taxada em casa como “revoltadinha”, que explode, que briga. De poucas demonstrações de carinho e frases vagas no natal e ano novo.
Minha mãe pensa o que quer sobre os meus sentimentos, culpa do meu silêncio.

Hoje li algo realmente interessante. Machado de Assis falava que nascíamos para juntar as qualidades e defeitos dos pais. Tenho certeza que meu pai e minha mãe foram feitos um para o outro, e eu, nasci para os dois estarem em uma pessoa só, sem quebra de identidade ou integridade. Com a cor bronzeada de meu pai, com o nariz de minha mãe, com os tiques nervosos dela e os “quero fazer pra me livrar” dele.

Tenho a família como algo além de tudo, algo fora de explicações e/ou demonstrações de carinho, algo totalmente maior que amizade, cumplicidade e amor. Seria o ápice de tudo que importa nessa vida, algo que não passa, não congela, não se destrói.

Minha mãe é avoada, sempre com a cabeça distante, pensamentos feitos de borboletas. Eu, nasci com a mesma qualidade/defeito. Quando estou perto dela sinto que pensa no tempo que está perdendo e poderia estar fazendo outra coisa, ou talvez, pensando que tem algo a fazer. Nunca pára. Nunca. Observei-a muito em toda minha vida e sempre quis ser parecida. Não deixar as coisas para depois, assumir totalmente as responsabilidades, ser mais dedicada. Nunca consegui.
Sempre deixei as coisas para a última hora, “tentei” ser responsável, e nunca fui “dedicada”.

Não sei se minha mãe já sentiu “orgulho” da minha pessoa, como a mãe do Ronaldinho sentiria, mãe do Lula, nunca fui um fenômeno, e talvez, nunca tenha me esforçado para ser o tal. E sempre foi isso que minha mãe tentou: Neneca te esforça, te esforça Pretinha, tu és inteligente, tu tens um baita potencial.
Medíocre, essa seria a palavra certa. Estar sempre “na média”, que fosse muito abaixo, claro que de preferência acima, mas não “na média”.

Quis sempre chamar a atenção das pessoas da minha casa, mesmo que já a tivesse e mesmo que fosse dentro do meu mundinho. Meu mundinho, quantas vezes eles já não pediram para eu sair de lá.
Sou uma medrosa, os tenho como algo tão importante e de tanto valor que fico sem jeito quando erro, quando tiro notas ruins no colégio, quando não me esforço e não faço nada para reverter a situação. Quando dizem que eu sou braba demais, que não me dedico, que não faço nada, que não dou abraços, que não chego perto.

Eu queria, confesso, mas nunca soube ser muito assim com eles. Não sei porque, e não, eu não preciso de um psicólogo. Apenas fui desde pequena “meio assim”, fria com as pessoas que gosto, medo de machuca-las e/ou decepcioná-las.

Queria dizer a ela o quanto é importante em cada instante do meu dia, que quando brigamos abre-se um buraco em mim, que caminho pisando em ovos. Dizer a ela o quando eu a admiro e quero colo. Dizer que preciso que me puxem para um abraço, mas que preciso deles.

Sei o quanto já errei, o quanto já a deixei triste e quantas erros meus ainda não estão por vir. Desculpas para o passado e desculpas antecipadas.
Precisa ser dia das mães para eu tomar vergonha na cara, paciência.

Eu te amo mãe, de verdade.

Menininha de família. Sabe como é.

5 de maio de 2006

Acabei Professora

10:30 da manhã
Tarefa: Faça uma redação sobre o perdão. Entrega no final do próximo período. Mínimo de 20 linhas.

O que seria o perdão aos olhos dos apaixonados?
Uma simples briga, uma discussão qualquer, um perdão bobo no dia-dia. Não é sobre este tipo de pedido de desculpas que venho citar aqui. Venho e falo sobre o verdadeiro arrependimento sobre um erro.
Um casal apaixonado, uma vida mansa, cheia de amor e poesia. Ele erra, se relaciona com outra pessoa e faz de cada diálogo mais uma mentira. A bela descobre, chora, se decepciona, se entristece, tudo perde a cor, a vida fica sem sentido. O moço se diz “arrependido”, move mundos e fundos para tê-la novamente.
Entre a cruz (perdão) e a espada (“eu nunca mais voltarei, pilantra!”) qual seria a decisão mais sincera? Dizer apenas “eu perdôo” não seria uma mentira muito mal contada ao coração? Como um grande “tapa buraco”, uma troca de favores. Eu te perdôo, você se sente menos culpado e eu menos solitária. Assim seguimos. Mas a ferida estará lá.
Faz bem perdoar, não nego, como toda mentira que contamos a nós mesmos a cada manhã, mentiras que passam despercebidas e acabam não fazendo grandes estragos. Coisas necessárias para uma convivência amigável. Mas faça-me o favor de não pensar que “me desculpa?” é super bonder de coração.

2 de maio de 2006

Ei você ai, moça do olhar perdido

Tenho lido e escutado uma centena de palavras nos últimos tempos. Ou quem sabe, nos últimos tempos tenho dado especial atenção a elas.
Confesso, ler Paulo Coelho não tem me feito muito bem, ando um pouco “viajona”. E nessa “viajem” quero interpretar tudo.

-Lanna? Sempre com o olhar perdido...
Não está perdido não. É esta mania que me peguei interpretando agora. Meu blog nunca foi uma espécie de diário, ou um livro de auto ajuda, venho a partir desde filosofar sobre coisas do dia-dia que são deixadas de lado (talvez por mim, talvez pelo mundo).
Minha mania? Uma delas.
Ei você que também possui um olhar perdido, venha logo cá e me diga, será mesmo que nosso olhar está realmente vagando por aí?
Pense comigo. Quando olhamos para o “nada” ou para uma formiga que caminha pela rua, não estamos prestando atenção em algo?
Agora, enquanto prestamos atenção em algo fora do contexto isso é motivo para perda?
No “nada” sempre há algo a ser estudado, aos olhos da formiga que sente nosso olhar, nós a encontramos, não nos perdemos.
Olhar as coisas de ângulos diferentes para encontrar a melhor opção, a que nos faz sentir melhor.
Na minha, meu olhar não é perdido, e sim, atencioso com coisas que para os outros não façam o menor sentido e para que cérebro faz, e muito. O que para os outros parece uma perda, para mim é interpretação.
Concorda?


E venho de novo, falando sobre olhares...

Catrina

Sempre fui do tipo brava e fechada. Sempre deixei pra lá coisas simples e complicadas. Sempre dei um dedo para não arranjar complicação. Sempre quis ser na minha. Sempre fui do tipo que odeia exposição. Sempre imaginei tudo isso.
Acabei não me fechando, acabei me enrolando nas coisas mais complicadas possíveis, falei alto com quem não conhecia, me expus, e vivi na minha imaginação o que deveria ser real.
Hoje cedo disse:
-Mãe. Vou cortar os cabelos, vou começar a estudar, deletar o meu orkut, sair dessa vidinha medíocre que estou levando.
Realmente acho que preciso respirar um pouco de ar fresco, sair um pouco disso, onde a vida das pessoas é prato do dia.
Ainda não cortei o cabelo, nem toquei em um caderno, não deletei o tal orkut e não sai dessa vidinha. Mas espero uma mudança radical em breve.
Não sei se é falta de coragem, talvez apenas receio, mas, deixar a armadura de ilusões por aí não é um trabalho nada fácil. Queria eu agora ser quem realmente idealizei, alguém forte, fechado, que não se expõe, nem fala sobre sentimentos com pessoas estranhas.
Não consigo (falo de ser assim realmente, não o que transmito aos outros).
Fico perdida em um mundo de idealizações, medos, receios, e “deixa pra lá”, “vai levando”. Vou juntando os pedacinhos das coisas que não gosto, como se fosse jantar um prato de arroz e massa (eu odeio arroz e massa)... De tempos em tempos há uma explosão de sentimentos ruins (e quem convive comigo sabe bem como é), acaba sobrando para todos os lados. E quando essa sensação se vai, o que fica, é uma casa destruída por um furacão.
Por isso o receio por mudanças.
Sempre que há uma casa construída com amor e carinho acaba vindo um furacão e destruindo tudo.
Vamos Lanna, coragem. Quem sabe dessa vez a casa não pode ser construída em um lugar seguro.
-Lara, liga para Estética, preciso marcar um corte de cabelo.