27 de agosto de 2007

Intervalo


Conversa de Botas Batidas entra em férias por um agente justo: Abolição do uso cibernético por motivos de inteiro confinamento pró-estudo. Falta pouco para o vestibular, e os três últimos meses são cruciais – como já apavorava o professor de química -. Com o segundo grau parcialmente completo – passada de ano, graças a Deus – resta, então, assumir a responsabilidade de alcançar a Faculdade. Sendo assim, os textos ficarão em folhas rabiscadas no fim do caderno. Qualquer dia apareço por estas ondas on-line.

A Direção

PS: O cd de Mariana Aydar se mostrou de ótima qualidade. Mpb, bolero e outras cositas deram para a menina uma boa dose de classe artística e coragem. Porém, ainda não ganha meus pontos atribuídos a Céu. Que apareçam mais e mais das mesmas. Reinvento da música de qualidade.

25 de agosto de 2007

Clowns


Caminhar no centro da cidade durante o dia nunca foi tranqüilizador. Na tarde cinza que se fez, procurar um soldador e uma costureira foi trabalho árduo. Com os preocupados indo e vindo, meus fones deixaram-me um pouco a parte de toda aquela irritação. Acabei encontrando livros e procurando gibis, não achei a tal da moça, muito menos o senhor que me ajudaria. Como de costume termino o passeio em uma livraria, ou, comprando lápis.
Com a chuva dei-me na casa da Vovó, de capuz, molhada e frustrada. Vovós moram no centro da cidade. Revi seus badulaques, conversei sobre o tempo e deixei-lhe com suas reclamações da idade.
Chegando em casa encontrei Camila. Contou-me sobre como seria mexer com desenhos durante o resto da vida, falou sobre a gratificação de vê-lo “de pé”. Descreveu as lapiseiras, os lápis, as canetinhas, cada detalhe. Fez-me – inacreditavelmente – ter mais sede do futuro. Ofereceu-me sua mesa.
As gotas que caíram sobre mim fizeram-se reconciliadores do eu com o eu. Uma lembrança do destino que virá, um pacto justo do que poderá surgir, toda a vida que quero. É tudo que quero.
Deixar a chuva lavar o espírito dos apreensivos. Deixa-la lavar o fantasma do centro da cidade. Deixa-la lavar minha alma. E o dia termina tranqüilizador.

"E esse charlatão vai cantar sua canção
Que comove toda arquibancada com tanta agonia
Dentro dele um coração folgado
Cantarola uma outra melodia"

Harry porco

Sou pseudo-inteligente e vou a estréias de filmes de animação. Nota mil e dezenove para Simpsons e para os boçais das risadas de plantão, meus acompanhantes. “Político”, sarcástico e recheado de malícia, pacote completo para a saga da família ser mais um grande sucesso de bilheteria.
Não esquecendo, abraço forte ao Church e Zelda. Ainda nisso, está aberto o curso de animação no estúdio Laços, novamente. Com a carga horária impedindo, refazê-lo é mais um projeto para dois mil e oito. Porém, fica a dica aos amigos das artes.

PS: Viva o porco aranha.

24 de agosto de 2007

Moderninha


Errado. Não combino com Parnasianismo e vice-versa. Antigos poetas gregos isolavam-se do mundo para obter seu intercâmbio com os Deuses. Minhas divindades, menininha, são pensamentos, minha interação é com palavras, minha fé é recíproca.
Exato símbolo da estética pura, a culminância da forma nos versos abandona o conteúdo poético, surge a pretensão do perfeito. Erro. Meus sonetos são devaneios. Como a brisa sem pensar. Permite a mim, a prosa, livre-arbítrio casual de libertar-te dos afins clássicos, mero incidente dos homens.
A obra, rica em História abandonou o sentimentalismo romanesco. Esses poetas pós-românticos ao abdicar da denúncia o mundo, perderam o espaço na sociedade recém industrializada, deixaram-se levar. A “arte pela arte” deveria encaixar-se em cada grão de máquina, abundar entre a população, não abandoná-la. Baudelaire, Dario, Théophile, Gautier, Billac, rejeitam o lirismo livre. Como?
Essa transgressão ao racionalismo deixa de lado minha vulgaridade poética. Essa tal “objetividade temática”, entedia, torna-nos tolos. Combino com Modernismo. Pela liberdade formal, irreverência e palavras simples. O engenho de um novo mundo me inspira. Vivo em prol da criação de uma nova filosofia, incompreensível e real. Quando antes confundia-me com o métrico, sou o além da arquitetura contemporânea. Sou o reinvento da arte, a cada instante.
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com o livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
ABAIXO OS PURISTAS
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
Não quero mais saber do lirismo que não é LIBERTAÇÃO"

22 de agosto de 2007

Pré-datado


Ando sem grana, sem tempo, sem argumento. Ando pensando no futuro, no obscuro, no inseguro. Vivendo uma vida à la cheque pré-datado. Onde estará toda a diversão?

"Não me amarra dinheiro, não. Mas elegância. Dinheiro NÃO! Mas a cultura. Dinheiro NÃO! A pele escura. Não me amarra dinheiro, não. Mas os mistérios. Beleza Pura!"

21 de agosto de 2007

Mãe, to doente


Odeio acordar doente. Quando o corpo não reage a impulsos, quando ganhamos cem quilos invisíveis, quando não arranjamos sair da cama, quando o pobre pulmãozinho não agüenta satisfazer as vontades do Sr. Cérebro. Odeio acordar doente.
Estar bombardeado é estar apaixonado sem carinho. Um cãozinho faminto por atenção. O estranho organismo e natureza dos humanos. É estar molenga, carente, ranzinza e infantil: a sós. Isso é um tédio. Tirando a parte do cuidado e os chazinhos.
Deus, como odeio tossir. Milhões de partículas do mal libertando-se para o mundo, em uma atitude egoísta e feia. Armadas, com roupas de soldados, caras pintadas, atacando. Nossa, como odeio a tosse.
Como dói. Dói tudo. A garganta, da coluna ao dedo do pé. E cansa, cansa estar assim, assim, sem o amor, e doente.

20 de agosto de 2007

Perdição


Odeio me perder. Me perder no Super Mercado. Me perder nos estudos. Me perder no horário. Me perder, enfim. Porém, detesto extremamente, me perder nas ruas de minha própria cidade. Não há explicação para isso, é uma verdadeira gozação. Então, todas as pessoas começam a andar cada vez mais rápido, em minha direção, loucas, com pressa, com relógios, bolsas: ATRASADAS, ATRASADAS, ATRASADAS. Extremo nervosismo contagiante. Eu, caminhando em círculos, fugindo e buscando, no paradoxo: “meus tênis de palhaço e a avenida que não encontro”.
Nostalgia. Isso já ocorreu outra vez. Um curta deveria ser gravado, eu, responsável pela cena da Passeata. E agora? São seis da tarde, estou andando. Andando. Odeio me perder.
Estar perdido é estar sem chão, além do cordão da calçada. Meu macacão me entrega. O que essa gente estranha ajuíza de mim? Devem me achar um tanto quanto “forasteira”. Eu não sou veloz. Nem quero acompanhar essa dinamicidade toda.
Por fim, encontro minha alameda. Apreensiva e risonha. De acordo com meu relógio e minha vida. Considerando que a afobação dos outros é parte da desordem das ruas. E de mim.
"Considere toda a hostilidade que há da porta pra lá. Enquanto eu fujo você inventou qualquer desculpa pra gente ficar. E assim a gente não sai. Esse sofá ta bom demais. E eu digo "cá" entre nós, deixa o verão pra mais tarde."

Histórias


O momento mais infeliz do ser é quando necessita de seu mundo paralelo para sustentação. Por que não obter da realidade o ponto principal de alegria? Sem jogos, sem fechar os olhos - não levar ao pé da letra -, sem difamar, sem carecer. O natural foi colocado para escanteio, e isso verdadeiramente é uma droga. Não obstante, quando o mundo fantasmático aparece como escasso, entra em cena o extermínio do legítimo. Um aniquilamento do que antes poderia tornar-se fruto de grandes sorrisos.
Minto. O momento mais jururu do ser é quando desaprende a empregar o segredo. Com gritos calados, atitudes imbecis, falta de desempenho inteligente. Usam e abusam do berro, do explicito, do exposto, da falta de mistério. Mísero tédio.
Minto. O momento mais melancólico do ser é quando torna-se dependente. Então, condicionado, não sabe mais o que diz, o que representa, e incrivelmente, perde seus sentimentos em meio a essa confusão mental.
Minto. Entre milhões e milhões de situações, não há o pior. Sob uma visão pessimista do que o mundo poderá tornar-se, entre tanto absurdo e falta de malícia: Toda pessoa deverá obter sua própria vitrine. Sim, uma mostruário com histórico e a competição de quem está mais vintage.
Quanta falta de sagacidade. Mal sabem o quanto a descrição pode ser estimulante, o inacreditável interessante e o sigilo uma grande jogada de marketing.

PS: Após um sábado de Rock and Roll, o domingo veio repleto de calmaria. Ficam nos fones Orquestra Imperial, em especial Rua de Mes Souvenirs.
Et le rêve dáune nouvelle nuit d´amourme hante toute le nuits je ne dors que le jouraussi loin que tu sois, pré de moi n´est pas?

16 de agosto de 2007

Cinematográfico


Ando de mal com o mundo. Encontro defeitos onde antes não jazia. Ou todos viraram sapos, ou eu estou na tpm.

13 de agosto de 2007

Nada além


O fato é saber o que faz bem. É desejar o inconfundível sem se preocupar com ele. Comer pizza e arrotar feijão. O fato é não se preocupar. Querer o simples e almejar o alvoroço. Nada além de céu e mar. Ser humano de carne e osso, que saiba somente amar. E falar, e falar, e falar. Falar de amor, de amar. Senti-lo nas veias. Nada além de céu e mar. A reclamação do vestido e o momento de suspirar. Tudo tão óbvio e por que não acontece?

12 de agosto de 2007

Eu quero uma casa no campo

Fazia muito tempo desde a última vez que apareci por aqui. A corda do balanço não estava gasta e as plantas que agora revestem o açude antes cediam espaços para os “jumprurais”. A casa tinha mais um sorriso. Mesmo na parede, na foto em preto e branco, ainda sinto o carinho que transbordava de tamanho amor do ser humano incomum.Eu era criança, corria atrás dos filhotinhos de cachorro esperando chegar a hora do doce. Naquela eternidade de minutos – espiando de longe a conversa dos adultos – imaginava como seria ser um deles. Não compreendia porque conversavam tanto e não comiam. Qual era a graça? E aquele líquido? Não era guaraná, tinha muita espuma e ainda deixava os copos fedendo. Que gente.O barulho dos meus pés nas folhas secas me relembram o dia dos pais. Observo esse de longe e imagino o quanto de trabalho já dei. O quanto faria falta a mim se partisse, assim, de repente. O velho tango nas velhas caixas de som relembram uma vida passada próxima e ainda nem peguei no sono. Tudo é tão calmo e tão familiar. Família é tão contraditória. Por mil vezes desejei morar sozinha, sair pelo mundo, ir embora. De que adiantaria? São laços eternos de uma juventude que se tornou cética e paradoxal, como me tornarei. Tudo é um ciclo. Eu estou dentro dele. O dia de hoje concebeu muito mais. Foi o meu amor incondicional e nostálgico. A fina linha que separa a existência e a morte, tudo envolvido. E meu pensamento. O sentimento de saudade, revelando poder ser muito melhor em vida.

Por amor à meu pai, por amor à meu tio, por amor à felicidade.
Feliz dia dos pais!

Eu quero uma casa no campo, do tamanho ideal
Onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros, e nada mais...

4 de agosto de 2007

Sobre a teimosia



Voltei a beber café. E ainda sou taxada teimosa. Vê se pode. Fiascos do mundo.

Ela desatinou

Viu morrer alegrias

Rasgar fantasias

Os dias sem sol raiando

E ela inda está sambando

Quem não inveja a infeliz

Feliz no seu mundo de cetim

Assim debochando

Da dor, do pecada

Do tempo perdido

Do jogo acabado

Parei com o café


E isso constitui muito mais que o simples acontecimento de desamparar um vício. Não pelos ameaças de má saúde. Mas para provar a mim que certas coisas, arduamente, podem ser deixadas de lado.

Olhando para xícara, parte I

Não há necessidade disso. Segunda feira inicio uma dieta, talvez arranje grana para uma academia de ginástica. Não. Deixa a academia de lado, vamos transformar isso em hora estudo. Para quê tanto açúcar? Acho que estou tornando-me neurótica. Tantas xícaras por dia. Sem contar os copos na escola. Mas, é para deixar-me bem acordada. E de que adianta tanta cafeína? São apenas impulsos do teu cérebro. Não. Hoje ainda tomo mais um.

Olhando para a xícara, parte II

Isso ainda me mata. Será mesmo que meu estômago não suporta a cafeína? Tão pouco não me faria doer. Ou faria. Na verdade, é muito. Ok, ao final desta chávena tudo estará acabado entre nós. Não me olha desse jeito. Não sou o malvadão da relação. Fazes-me mal, e nunca solucionaremos isso. A vida é injusta Nês, não improvisa de mim uma monstruosidade. Vou te abandonar e isso é para toda a vida. Adeus.

Na abertura do armário emperrado, sinto a presença. Ultrapasso as mãos, vou direto ao chá. Algumas vezes mudamos princípios pela tranqüila felicidade. Aprendemos a gostar deles e entendemos que o “amor” não basta para o “todo sempre”. Modificamos valores em busca do perfeito, extraordinário, sem falhas, sem contra-indicações. O ser humano é comodista. Mas afinal, tanto faz, o futuro reserva algo especial consecutivamente. O mundo acaba colocando-nos em nossos devidos lugares. E eu sempre gostei do sotaque britânico. Vê se toma cuidado por aí. Qualquer dia nos cruzamos nas prateleiras da vida. Quiçá nós voltemos à dupla que éramos. No entanto esse é o momento em que todo vício deixa de ser excelente e cruza a barreira à conhecida sensação de dependência. Nós não somos assim, e não posso permitir tamanha atrocidade. Até mais Café, até mais.

2 de agosto de 2007

Sobre a memória do infinito


“E esse medo infantil de ter pequenas coragens...” Vinicius

Perguntei-me algo bacana ao longo do dia. Onde tudo vai parar? Tudo. Os bilhetes, as latas de tinta, os pincéis, os livros, os vinis, as cartas de amor. Alguém em algum lugar encontra-os, guarda-os, recicla-os, e então? Outra história os toma, outros personagens, outras formas de vida.
Os artefatos ao meu redor tem uma historinha. Quem já não olhou para eles? Que lembranças devem trazer? Cada qual com sua poesia subentendida, a magia das pequeninas partículas formando um elemento historicamente ilusionista. São muito mais que minhas milhões de palavras neste humilde estabelecimento. É um verdadeiro turbilhão de anseios silenciosos no atrito estático do corpo em movimento nulo. Como pode.
Li um livro – ótimo – a pouco. Lygia Fagundes Telles, no último conto do livro descreve a história de um anão de jardim. O escrito se passa através dos sentimentos e aforismos do pobre enfeite, e isso pareceu-me curioso. Comecei fundamentalmente pelas paredes de meu quarto. Logo após minhas folhas, o abajur, os tênis. Todos com sua existência e culpabilidade, aguardando o final de sua vida útil.
Cheguei a conclusão de que se minhas meias pudessem discorrer, simplesmente, me odiariam. Minhas almofadas me adorariam, e os discos do vovô falariam bem sobre minha pessoa.
No entanto, um dia eles vão embora. Perdidos em caixas de mudanças, ou talvez desprezados na passagem dos anos. Cada qual tão meu, com nossa história, suas e minhas. Serão de outra pessoa, serão do mundo, terão mais e mais historietas. Crueldade pura.
Não fica triste Abajur. Prometo te levar comigo pro resto de minha crédula vida útil. Terás tempo de me expor por onde já passastes, e me relembrar de tudo que já fui. Tu és o cais entre meu passado e os momentos que ainda virão. Teremos ótimas risadas, porém, agora temos que dormir, boa noite.

1 de agosto de 2007

Bendita Abismada


Nas férias cortei os cabelos. A franja propriamente. Uma franjinha de criança. Já fui comparada a índia, menininha e até mesmo um York Shire – por meu dócil colega crítico -. Porém, uma opinião – especial do Paulo, grande amigo – me deixou contente: - Gostei, é bem, Lanna.
Roubei de giro a faixinha de tempos atrás – cerca de quando tinha nove, dez anos -. Voltei a desenhar.

Quando era criança assistia diariamente um programa apaixonante. Lembro ser da programação do Discovery Channel, - meu canal favorito, onde as coisas mais mirabolantes da Tv infantil aconteciam, sem desperdiçar o Cartoon, obviamente -. Lá estava eu – em minhas férias de televisão/comida/sono –deparando-me com a propaganda do lançamento do programa no Disney Channel. Não poderia ser verdade. Pois era. Uma felicidade tomou-me por instantes. Voltei a fazer arte. Acredito estar “regredindo”, ou coisa parecida, por enquanto isso não me pareceu má idéia.

O “sexy” tornou-se, um tanto quanto, brega – por minha humilde avaliação -. Os decotes, as apelações, e tudo que isso envolve. Tenho admirado as belezas simples, aquela de quem acabou de sair do banho. As unhas vermelhas, agora, parecem mais de madrastas maldosas. Tenho gostado mais de flores. Acredito ter encontrado uma sutileza inesperada no rosa, e voltei a overdose de Chico. Os blusões da mamãe também me encantam.

Esses dias sem escrever me fizeram bem. A falta de computador me ajudou a refletir. Vi filmes, comi Batom Tablete e repensei a atual situação perante ao próximo e assustador vestibular. Revivi os vinis, limpei-os, fiz quadros, preguei. Tenho me sentido como uma borboleta. E melhor, daria o nome a ela de Bendita Abismada.

“Bendita Abismada quase não sabe o que almeja para seu por vindouro. Quer liberdade, e só. A companhia interessante de se viver juntinho, e o mundo enorme lá fora abarrotado de tudo. Ainda não sabe o que vestir, as portas do roupeiro poderiam engoli-la. Está desvendando seu eu. Bendita Abismada está prestes a sair de seu casulo das emoções para então descobrir quem realmente é. No entanto, Bendita entre versos soltos em seu texto confuso, mostra como de estação em estação o mundo todo muda, todos se revelam, e um dia, a Primavera volta a reger.”

São tantas idéias em um só texto que me enche de preguiça. Vou dormir, e acordar, e dormir novamente. Quando sono e quantas palavras.

Lula Lá, suprimi uma estrela


Férias –inertes, e nem por isso ruins – observando o Pan-Americano. Principalmente, sua abertura ridicularizada pela série de vaiais ao presidente da república. Foi a demonstração que faltava para a total afirmação: O Brasil está de pernas para o ar.

Falta de patriotismo, loucura, civismo, o que for. Não adianta. Nunca vou me conformar em torcer para seleção brasileira, possuir o “jeitinho brasileiro” de arranjar algo, e outras cositas más. O povo deste país acredita – por uma simples ilusão – que tudo é festa. Tudo acaba virando baderna. Mal sabem o que dizem, mal sabem em quem votam, no entanto, sabem muito bem o que fazem. Um começa a vaiar. O resto todo crê ser bacana fazer o mesmo. E começa por aí. Mal sabem eles a maneira correta de afirmação, nem querem saber o que significa protesto. É apenas legal ver essa situação catastrófica na mídia (que parece agradar perfeitamente ao estilo).

Como esquerdista sinto saudade do sonho, apenas. Por incrível que possa parecer com apenas doze anos desejava um “mundo melhor” e obviamente, socialista. Aquele friozinho na barriga de ideal revolucionário, a cada discurso uma esperança, um momento único, um mar vermelho romântico e fantasioso. Bandeira do “PTzinho” em punhos, mesmo sem saber ao certo o que mudaria. O interessante era apenas reparar nos adultos cantando, observando, tão cheios de expectativa. Era essa sensação que me tomava, com pouca idade isso era a política para mim.

Foi então que conheci a figura Lula. Ele era todo aquele mar em um homem só. A festa da vitória foi muito mais que uma comemoração, foi o início do fim. José Serra comentando sua derrota no Fantástico e a bandeira ao vento no parapeito da janela. A estrela brilhava imaginavelmente nos meus olhos ingênuos. Agora era só esperar fazer dezesseis anos, pois, ele cuidará de nós.

O título. O primeiro voto. Mesmo quando tudo já estava se acabando. Tudo deu errado. Ser petista tornou-se ser idiota para os idiotas. Ser esquerda tornou-se a significar “conspirador da contrafação”. Nosso Lula nem parece mais suar. Minha estrela parou de brilhar. A política tornou-se um de mais maiores interesses, e a triste afirmação de que derrepente cresci.

O total neoliberalismo abriu muito mais que simples fronteiras, a loucura da decomposição aguçou cada vez mais a mídia e os jornalistas de momento. Eles puderem acabar conosco. Tudo tornou-se farra para este comércio de informações acéfalas de conceitos. Discursos melados de ignorantes, eles somente adoraram a palavra: CORRUPÇÃO. Tornou-se legal hablar: roubalheira, CPI, Caos Aéreo. Como a Hebe saberá entre tantas jóias bregas o verdadeiro significado de um esquerda no poder? Mas lógico, o povo da festa – no fundo e mais claro, impossível – está adorando.

Povo ignorante de fantasia - nada correspondente a situação monetária -, que nunca almejou por um instante em alma infantil: Mudar o mundo. Povo estúpido por não respeitar um evento em que esse homem investiu tanto dinheiro, tão bonito e tão cheio de arte. Não obstante, eles nunca saberão como dói ver assim, de relance, logo nesta mídia inescrupulosa, um sonho sendo vaiado.

Me desculpem os patriotas de plantão. Porém, não me encaixo nesta cultura mesquinha e birrenta. Que feio Brasil, que feio.