1 de novembro de 2011

a culpa é do Fidel

Quando eu fiquei sabendo estava no carro. Senti vontade de parar e entender o que estava acontecendo como se a notícia fosse com o meu avô ou algo assim. Pensei: mas será possível, isso parece gripe!
A primeira vez que eu vi piadinhas na internet pensei que eram só mais alguns dos tantos babacas que a gente vê por aí. Eu deixei de escrever porque tendo lido muito e se tem uma coisa que eu aprendi é que as pessoas precisam de alguma bandeira para levantar. “Saiu de moda falar do idiota do Rafinha Bastos, então vamos falar o que não sabemos sobre o Lula”. Prometi a mim mesma que eu não me meteria nessa. Faz um tempo que eu estou contida e não discuto sobre política. Só que dessa vez, ou eu sairia no braço com alguém ou só perderia tempo (o que esse ano está sendo muito valioso).
Acontece que eu dei a sorte (ou o azar, vai saber) de cair em uma família politizada. Com pais que sempre foram de esquerda, que fugiam do DOPS e que trabalharam pra que o nosso país fosse o que é hoje.
Acontece que é mais do que isso. Acontece que a minha mãe também teve câncer e se tratou pelo SUS, esse mesmo das piadinhas (posso dizer de boca cheia que isso não foi um dos momentos mais engraçados da minha vida). Acontece que o meu pai é safenado e também se tratou pelo SUS. Acontece que eu não consegui ficar quieta ao ler pela enésima vez alguém fazendo piada sobre essa situação. Meus pais, aqueles que lutaram pelo “poder” da esquerda no Brasil, foram contemplados pelo “país de todos”.
E mesmo que eu esteja ocupada e só sinta vontade de mandar todo mundo calar a boca (assim mesmo, bem estúpida), me dei ao luxo de parar tudo e escrever aqui a minha vergonha alheia. Vergonha de quem fala sem saber sobre o que está falando, vergonha de quem “compartilha” sem saber porque está compartilhando, vergonha de quem macaqueia e “segue” alguém sem sentido, vergonha de quem não reconhece onde chegamos (e o homem que nos encaminhou a este desenvolvimento) e vergonha de quem finca os pés na ignorância e nos impede de ir para frente.

(Agora eu vou voltar a estudar porque preciso que esse meu computador comprado em doze vezes com uma bolsa do MEC seja usado em prol de algo melhor do que lições de moral.)

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