20 de agosto de 2007

Perdição


Odeio me perder. Me perder no Super Mercado. Me perder nos estudos. Me perder no horário. Me perder, enfim. Porém, detesto extremamente, me perder nas ruas de minha própria cidade. Não há explicação para isso, é uma verdadeira gozação. Então, todas as pessoas começam a andar cada vez mais rápido, em minha direção, loucas, com pressa, com relógios, bolsas: ATRASADAS, ATRASADAS, ATRASADAS. Extremo nervosismo contagiante. Eu, caminhando em círculos, fugindo e buscando, no paradoxo: “meus tênis de palhaço e a avenida que não encontro”.
Nostalgia. Isso já ocorreu outra vez. Um curta deveria ser gravado, eu, responsável pela cena da Passeata. E agora? São seis da tarde, estou andando. Andando. Odeio me perder.
Estar perdido é estar sem chão, além do cordão da calçada. Meu macacão me entrega. O que essa gente estranha ajuíza de mim? Devem me achar um tanto quanto “forasteira”. Eu não sou veloz. Nem quero acompanhar essa dinamicidade toda.
Por fim, encontro minha alameda. Apreensiva e risonha. De acordo com meu relógio e minha vida. Considerando que a afobação dos outros é parte da desordem das ruas. E de mim.
"Considere toda a hostilidade que há da porta pra lá. Enquanto eu fujo você inventou qualquer desculpa pra gente ficar. E assim a gente não sai. Esse sofá ta bom demais. E eu digo "cá" entre nós, deixa o verão pra mais tarde."