Eu não tenho ossos de vidro, não sou de açúcar, aprendi a cair, levantar, me decepcionar e acordar no dia seguinte com a cútis em perfeito estado. Já errei muito, já quebrei a cara, falei o que não devia, já fui forte, mimada, sensível e birrenta. Mas, nunca, nunca perdi minha essência, minha personalidade, nunca me deixei de lado, inclui sempre meus defeitos – e pô, algumas qualidades! -.
Passei a noite pensando nisso. Quieta. Muda. Olhando para cima como se esperasse uma resposta dos céus. “Ei, me solta!”, era o que queria dizer a essa barreira invisível e abominável que me cercou durante esses dias.
Se tudo der errado a gente conserta, se o pneu furar a gente troca, se o dinheiro acabar a gente ri, se o sono bater a gente toma café, e dorme, lógico. Se a música arranhar a gente lembra dela mais ainda, se o barco afundar a gente nada, se os pêlos do braço se arrepiarem a gente se rende.
Não quero ter “esse medo infantil de ter pequenas coragens”, quero largar o mulherengo Vinicius, e ser Chico, “agora eu era um rei, e pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz”. Quero ter, além de todos os prazeres, a certeza de que se a história borrar, apagamos tudo e desenhamos mais uma vez.
“Eu gosto é do estrago”, e no final, assim imenso, quero apenas, pelo cabelo, pela pele, pelo pescoço, pela boca, tua, minha, ser fiel a nós, e a nossa vontade. Saltei. Segura o tranco.
13 de março de 2009
"If nothing ventured, nothing earned"
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