2 de agosto de 2010

Maman, je suis cliche

Domingos geralmente são chatos. Trazem uma cara de melancolia que me angústia. Fico rabugenta e na maioria dos planos ofertados não vejo diversão alguma. Hoje foi diferente, dei sorte. Zapeando a TV me deparei com algo que me faria pensar o resto da noite. Eis que o homem inventou o “Telecine Cult”. Então, “Hell Paris 75016” foi um dos melhores livros que já li. Existem alguns que vão além da cabeceira - taí um bom apelido para móvel -, e este foi um deles. Fútil, mas forte, - vai ver é porque era adolescente e com ele aprendi algumas sacanagens -. Quando passei pelo canal, iniciava o filme com o mesmo título. Eu, meu preconceito com versões cinematográficas dos meus livros e ninguém mais, assistimos a maluquice de Lolita Pille em cores. Sou daquelas chatas, critiquei Budapeste, Dom, Benjamin, discuti com quem entendia disso muito mais do que eu. Dessa vez foi diferente. “Hell” é deveras uma obra prima e, me calo. Já era em tempo de dormir e acordar cedo na segunda. E, felizmente, iniciou “Bonecas Russas”. Cheguei à conclusão que, enfim, cinema francês é uma delícia mesmo. Não porque os personagens são mais quentes, nem porque geralmente fumam – e isso faz com que eu me sinta mais aceita pela sociedade -, mas porque hoje fui deveras convencida de que ninguém faz isso melhor que os caras. Dormirei com vontade de largar tudo e escrever romances, comprar uma câmera, estudar fotografia, encantar a vida dos outros. E mesmo que eu saiba que não vai acontecer, é exatamente isso que um filme deve causar: Vontade de desligar a TV e ir viver tudo ao vivo. Pensamento clichê, domingo clichê. Não podia ser melhor!

Nenhum comentário: