29 de junho de 2012
28 de junho de 2012
27 de junho de 2012
26 de junho de 2012
pra não esquecer que tive uma ideia
Coloquei meu colchão na "sala" e resolvi dormir no chão. Não sei, talvez pra ver a casa por uma outra perspectiva. De visita, talvez, sei lá. Espalhei todas as coisinhas que peguei no final de semana, jornais, folhetos, flyers (que a gente põe na bolsa e nunca mais vê) e li, anotei os cursos legais que queria fazer, as oficinas, os shows, coisa e tal (mas acho que vou esquecer de tudo). Li as revistas que comprei. E, no chão, acho que tive uma ideia. Acho que tive uma ideia e acho que vou convencer as minhas amigas a entrarem nessa comigo. Um projeto mulherzinha, nosso e debochado (sintoma ex-bbb que precisa sempre de um "novo projeto"). Se elas perguntarem o porquê dessa coisa toda eu vou começar assim: coloquem seus colchões na sala pra me ouvir...
a trilha do chão:
a trilha do chão:
25 de junho de 2012
21 de junho de 2012
das notícias
(ouvi essa música umas 876 vezes hoje)
Tô me "amarrando" no livro que tô lendo. Era pra ser uma revolução na praia, mas foi em mim mesmo. Tô com uma nova que são as gírias desse livro, do tipo "fundir a cuca", tô curtindo "pacas". Tô escrevendo muito num caderno que ganhei. Era pra ser um presente normal, mas virou um porta-desabafos que levo na bolsa (antes eu escrevia em um monte de caderninhos que sempre acabava perdendo, lembra? Um dia eu vou colocar vários desses pensamentos no blog, eu gosto do blog, curto ler algumas coisas que eu escrevia em outros tempos). E, ah, eu vou falar muito sobre esse livro ainda. Tô querendo começar um curso de arte. Era pra voltar a desenhar, sinto saudade das aulas de modelo vivo, eu achava a maior "onda". Tô ansiosa e quero pintar a minha casa de "azul ideal", eu vou pintar um metro quadrado de parede e vou ficar com preguiça. Era pra dar uma mudada no clima, um alto astral, cansei do cheiro de incenso, mas não sei se vai dar certo. Tô muito feliz que as malucas tão chegando por aí, tá rolando um monte de exposição "maneira" e a Laurinha quer fazer uma sessão de fotos, a Erika vem tirar o visto pra "dar no pé" e ir pra Portugal e a Paula já trouxe mala e cuia. Todo mundo tá sempre um pouco "indo", né? "Bicho, que maluquice isso". Tô aí. Não sei por onde tu anda, mas achei que deveria mandar notícias. Um beijo
14 de junho de 2012
22 + todo o resto
Fiz aniversário e não ganhei nenhuma ruga, não fiquei com dor nos joelhos e (infelizmente) não me tornei uma pessoa mais tranquila. Recebi um bocado de abraços, muitas mensagens, uma penca de ligações, vários presentes, algumas festas, um bolo em formato de coração e muito carinho. Vinte e dois. Os vinte, daquela comemoração que encasquetei que não tinha roupa pra ir e fui vestindo uma camiseta velha do Strokes, que a gente tomou um porre e bebeu água da torneira de um posto de gasolina e que cheguei com a camiseta toda suja, mais dois. Os dezoito, mais quatro. Os dez, mais doze. Os dois, mais vinte. Vinte e dois. Fiz aniversário e não cresci. Mas, me senti como quando a gente tá indo pro Uruguai e em determinado momento a estrada vira uma pista de vôo. Acho que é isso. Vinte e dois mais uma pista de vôo. Vinte e dois mais uma vida inteira pela frente.
11 de junho de 2012
9 de junho de 2012
Reflexões de uma gripe
“Tá tocando Jota Quest,
fica tranquila e vê se melhora”. Recebi essa mensagem a uma da manhã, de uma
amiga que sabia que eu só queria estar bem e ouvindo música boa. Sai do
trabalho saltitante, coloquei meus fones, voei em casa, peguei minha mala e fui
direto ao encontro dos meus amigos. Só que deu tudo errado. Foram três horas e
meia de muito sofrimento. O moço que sentou do meu lado já não sabia se me
acudia, se me oferecia uma água ou se só me garantia que ia ficar tudo bem
mesmo. Levanta, senta, caminha pelo ônibus, dói aqui, dói ali e um mal estar
que nunca ia embora. Nisso, baixinho, eu já recitava: “descansem o meu leito
solitário, na floresta dos homens esquecida, à sombra de uma cruz e escrevam
nela: foi poeta, sonhou e amou na vida”. Tá, não foi dessa vez que eu morri e
eu nunca fui poeta. Era só gripe mesmo ou o tal “rotavírus”, seja lá o que isso
for. Ou, de acordo com o Seu Jeco: “isso é o frio que tu tens passado, nunca vi
sair de casa pra passar frio”. Perdi o samba, mas ganhei a história sobre o
junho mais gelado que meus pais já vivenciaram: o tal de 1990. Perdi o samba, mas
ganhei a possibilidade de ver o documentário do Woody Allen no Telecine Cult (saudoso
Telecine Cult) e seguir com o meu preconceito. Perdi o samba, mas meu drama
acarretou um belo fogo na lareira e muito mimo. Fiquei tranquila, e ó, desse
jeito vai ser facinho melhorar.
Acordei sem força nem pra caminhar, mas tinha compromissos a
serem compridos. Bobagem. O compromisso era comigo mesmo e poderia facilmente
ser adiado. Mas, não. “Levanta, bamboleia, sacode a poeira e vai pro dia de
beleza que tu tinhas marcado”, foi o que minha consciência me disse, e eu, em
um ato difícil de ser visto, escutei. Lá estava a doente, sentada em frente ao
espelho, ouvindo que o Maicon não valoriza a fulana, que o Kléber só sabe olhar
pro seu próprio umbigo e pensando: gente, que tal uma marcha pelos novos
assuntos no salão? Peguei minha revista e parei de dar pitacos nos
relacionamentos alheios. Eu assino a Lola há um tempão, só que leio sempre com
um delay porque chega na casa da minha mãe e tenho preguiça de pedir pra mudar
o endereço. Resolvi assinar porque talvez seja uma das poucas revistas femininas
que fale da grandeza do universo feminino e não seja um passo a passo de como
dominar seu homem na cama. A edição desse mês foi como a primeira vez que vi Ipanema.
Não tem nada a ver, eu sei. Mas, é uma sensação de que tudo aquilo poderia ser
escrito pra mim, pra eu ler em um salão com alguém falando sobre seus problemas
com o marido ao fundo. Ipanema foi mais ou menos isso, eu mais ou menos já me
sentia parte de tudo aquilo quando cheguei lá. Uma das matérias mais legais
(difícil escolher) chamava “Tudo muito demais” e quis xerocar e deixar embaixo
da porta de cada amiga minha. Era simples e falava sobre nossa visceralidade,
sobre o nosso dilema em ser tantas ao mesmo tempo e sobre como a gente se autocrítica
facilmente. Mas, uma coisa me chamou a atenção “Fazer drama, inclusive através do
nosso vestuário, é a nossa vingança! Quando ocorre o drama é que soltamos os
nossos fantasmas, os bichos, as inconsciências”. Achei isso tão verdadeiro e
tão lindo que, além de me tornar uma leitora mais fiel, de bandeja ainda disse
a moça: veste um vestido bem bonito e dá logo um pé na bunda do Maicon.
Perdi meu celular na rua. Cheguei em casa recitando o mantra “Lanna
fazendo Lannices” e me culpando, muito, por ser assim tão desastrada. Uma
pessoa em uma parada de ônibus achou e me devolveu. Se o meu mundo não é feito
de cetim, eu não sei do que é.
5 de junho de 2012
mirando
Liniers Animado - Bonjour: Un Ósculo Suyo from GAZZ.TV on Vimeo.
Liniers Animado - La Vaca Cinéfila from GAZZ.TV on Vimeo.
O Liniers só não mora no coração de quem não deixa.
“Pois é, não deu.”
Toda pessoa que faz a pergunta “e vocês?” não sabe que toda
vez que escuto essa frase tenho vontade de arremessar uma garrafa na parede. Não
porque a pergunta não faça sentido, mas porque existe uma aura de descrença, de
“modernidade líquida”, de história de relacionamento raso que a gente comenta
sem se aprofundar, porque eu teria que explicar muita coisa antes de ousar
falar qualquer coisa sobre a gente. Toda pessoa que me faz essa pergunta não
para pra pensar nas noites sem dormir, nos filmes que deixei de ver, nas
músicas que deixei de ouvir, nos bares que deixei de me sentir feliz, nas ruas
que não consigo passar, nos emails que escrevi aos amigos, nos porres que tomei
pra esquecer. Toda pessoa que me faz essa pergunta não sabe que não existiu a
cena de ir buscar as minhas coisas na casa dele porque já não existia mais o
espaço que era só dele e que não era meu também. Toda pessoa que me faz essa
pergunta não sabe que a gente dividia uma vida e o mesmo teto e que, como de praxe, era
tempo dele fazer a mala e ir embora e ele foi e tudo mudou. Acho que perdi as
contas das vezes que vi ele fazendo a mala e até hoje não gosto de malas, nem
de aeroportos, nem de despedidas. Eu odeio todas as despedidas e acho que é por
isso que não consigo dormir cedo. Toda pessoa que me faz essa pergunta não sabe
que um dia fiz uma mala também, que fui embora, que por algum tempo esperei que
ele viesse atrás de mim e ele não veio. Toda pessoa que me faz essa pergunta
não sabe que ele só tinha uma mania chata e que essa mania era apertar a minha
costela e aí eu estipulei que a quinta-feira era o único dia da semana que ele
podia fazer isso. Toda pessoa que me faz essa pergunta não sabe que a gente se
abraçou e comemorou quando chegamos ao final do Mario Bross 3 como se fosse
final de copa do mundo. Toda pessoa que me faz essa pergunta não sabe que todo
dia nós sentávamos no mesmo café ao lado da faculdade e que ele sacava um
bloquinho e ficava desenhando e não me dava bola, mas que eu achava aquilo tudo
tão bom e familiar que meu coração ficava tranquilo por saber que no dia
seguinte nós estaríamos lá de novo, só que acabou a faculdade e ele deve continuar indo no mesmo café e eu não. Toda pessoa que me faz essa pergunta não
sabe que as vezes ele só queria dormir, mas eu queria muito, muito, ir pra
praia e ele ia e dormia e ficava com o nariz vermelho. Toda pessoa que me faz
essa pergunta não sabe que ele foi a pessoa mais calma que já conheci e que ele
não tentaria me convencer de nada, não por preguiça, mas porque “logo tudo se
ajeita”, só que não se ajeitou. Toda pessoa que me faz essa pergunta simplesmente
não sabe a estranheza que o olhar dele trazia quando apareceu aqui com um
quadro nas mãos, quando eu chorei e quando ele disse que eu tinha que viver e
que ele daria um jeito. Toda pessoa que me
faz essa pergunta não sabe que minha mãe diz nascemos com um problema e que
esse problema se chama “imediatismo”, ela diz que um dos motivos do meu pai
ser o amor da vida dela é que ele sempre correspondeu ao sentimento “imediato”
das vontades dela, e realmente aceito que tenho esse problema e que ele é
genético, mas apostava que ele também poderia ser o amor da minha vida porque ele
sentia quando eu ia ter uma crise e que as soluções saiam da minha alçada e,
tranquilamente, em silêncio, levantava, pegava a bicicleta e milagrosamente
resolvia os meus problemas. Toda pessoa que me faz essa pergunta não sabe que ele
sentiria vergonha de mim porque tento ser uma pessoa boa, mas sou uma fraude, e
porque mesmo sabendo que erro, sigo errando e ele nunca concordaria com os meus
erros porque nem carne ele come porque alguém sofreu e ele não deixaria ninguém
sofrer por uma vontade dele. Toda pessoa que me faz essa pergunta não sabe que
dele cobrei tanto, fui tanto, senti tanto, ciúme, felicidade, amor e dor, que
ele me odiaria se soubesse que sei ser diferente dessa intensidade toda. Toda pessoa que me faz essa pergunta não sabe que tudo que vier daqui pra frente parece tão pequeno perto da grandeza do coração dele, que inflava e se tornava um balão, que me levava e me oferecia um mundo, mesmo que o mundo fosse um quarto todo bagunçado e cheio de desenhos pelo chão que eu reclamava porque ele não cuidava, mas que não importava porque era nosso.
Toda
pessoa que me faz essa pergunta não sabe, nem nunca vai se interessar por
saber, que nenhuma resposta seria simples. Toda pessoa que me pergunta “e
vocês?” recebe um sorriso amarelo que vem sempre acompanhado da frase “pois é,
não deu” e o pensamento: uma garrafa se explodindo na parede.
Uma vez ouvi que o tempo pra hemorragia de uma dor de amor é
cerca de seis meses. Hoje li isso em um livro. Parei pra pensar e faz seis
meses da última mala que vi ele fazer. Acho que chegou a hora. “Avisa que é de
se entregar pro viver” e vamos lá.
4 de junho de 2012
TÁ TUDO BEM EU TO TRANquila...
Passei e no corredor estavam duas amigas vendo um vídeo e eu parei pra olhar. Era o vídeo do Mil Casmurros e, mesmo sendo antigo, a gente se emocionou porque quem faz uma coisa dessas já pode morrer - e, olha, eu preciso comer muito arroz e feijão pra fazer uma coisa dessas e poder morrer. Daí voltei à problemática de fazer vinte e dois anos. Vinte e dois. Não é nem vinte, que me marcou porque eu mudava de década, nem vinte e cinco, que é mais poético. É uma idade que as pessoas geralmente não dão bola: "Ahhhh os meus vinte e dois". Daí, por ser uma idade meia boca comecei a pensar o que eu poderia fazer até a chegada do dia de completar vinte e dois anos. Pensei em coisas bobas que serviriam só pra sentir a idade passando mesmo. Vinte e dois. Pensei em ler as coisas que li quando adolescente pra ter aquela sensação de que eu não sabia nada (e que certamente vou ler com quarenta e dois e sentirei de novo), mas pra dar alguma importância aos vinte e dois, mesmo que seja só uma maturidade de mentira. Pensei em Dom Casmurro, por amor (e tanto que sempre disse que meu filho chamaria Bento, mas que não seria lunático, só exageradamente romântico porque o nome permitia) porque a gente se emocionou hoje, porque talvez me dê uma luz pra criar alguma coisa legal pra que pessoas legais parem no corredor e se emocionem. Os dias que antecedem meus vinte e dois anos (vinte e dois) serão assim: de amar o que já foi amado (pra amar diferente e sempre mais), de Bentinho e de ideias. Tá resolvido. Tô mais calma.
Lembrei:
(a música que fechou com chave de ouro a série mais bonita que a televisão já produziu: Capitu)
30 de maio de 2012
lembrete
Dormi rindo e tentando lembrar que raio de música dizia que a felicidade era cheia de sono. Lembrei no caminho para o trabalho. Lembrei que gosto muito do Tom Zé e que deveria dar mais bola pra ele. Lembrei que desde que eu vi o Pignatari falar pertinho de mim sempre quis saber mais sobre o concretismo, mas sempre tive preguiça. Quando eu comprar um som pra colocar na "sala" vai tocar Tom Zé. Vai ter felicidade, vai ter poesia concreta... E vai ter sono.
28 de maio de 2012
que seja em Satolep
A primeira vez que minha mãe viu meu pai, cabeludo, entrando na porta da Boate do Direito. Um amigo que em meio a um longo relacionamento confessava já não saber onde o amor tinha ido parar. Uma avó que depois de muito velhinha recebeu um telefonema do grande amor da adolescência abandonado em Montevideo. A amiga encantada com o novo amor que tem jeito de "homem da vida", mas que apareceu em uma hora inoportuna. A outra amiga de coração partido que dramatiza e se diz metade morta. O outro que se diz "agora completo". A outra que voltou pra ouvir "Peito Vazio" porque "é bom sofrer um pouquinho". O outro que defende que pra amar tem hora e que de preferência seja tarde. O outro que sabe que é "só uma fase".
Eu que falo muito, nesse final de semana parei pra ouvir. Ouvi e vi o amor multifacetado. Cheguei a conclusão que Satolep se propõe ao amor mais que as outras cidades. Satolep se propõe mais aos mil modos de sofrer porque é tão bonito e combina muito com o art nouveau. Cheguei a conclusão que a piada com Paris não tem tanta graça porque seria melhor se fosse "se for pra sofrer, que seja em Satolep".
É, se for pra sofrer... que seja em Satolep.
22 de maio de 2012
"sem nome"
O Xico escreveu hoje e lembrei de uma coisa que tinha escrito meio embriagada pra uma amiga:
Uma vez em um avião me apaixonei por um cara. Mentira, não foi no avião. Foi naquele ônibus que leva a gente pra pegar o vôo. Senti, por cerca de quinze minutos, muita vontade de ter ele por perto. Engraçado porque essa história deve fazer uns três anos e o nosso papo foi sobre “cidade”, assunto que virou minha pauta nos últimos tempos. Eu ia pra um congresso em São Paulo e ele só iria até lá pra buscar algumas coisas e trazer para Porto Alegre, ele era gaúcho e ia voltar de “mala e cuia” para cá. Eu não lembro o nome dele, mas lembro que ele sentou do meu lado assobiando “A Rosa” do Chico e isso meio que bastou. Já respeito quem assobia. Agora... Assobiar uma das minhas músicas preferidas em um ônibus de aeroporto (“amor no não-lugar” daria um bom título) pedia que a gente conversasse. Ele puxou papo comigo perguntando se eu era arquiteta e um xalála engraçadinho. Mas aí dividiu comigo um pensamento que eu achei interessante. Ele disse que as pessoas ficam com cara de vácuo no aeroporto e eu só tive que concordar. Respondi que alguém no aeroporto não tá nem no lugar de onde veio, nem no lugar pra onde vai, devia ser por isso o vácuo que ele sentia (raciocínio meio lógico, me senti meio burra depois). Falamos sobre as diferenças entre São Paulo e Porto Alegre (como se eu soubesse alguma coisa demais de qualquer uma delas), porque ele tinha decidido voltar e sobre o espaço do amor nessas cidades. Ele desceu do ônibus assobiando. E, eu pensei que nunca daria mais de quinze minutos para que alguém me conquistasse. Burlei essa regra muitas vezes, mas pensei.
Mas, isso é só uma introdução pro acontecimento de hoje. Em uma roda de conversa feminina a reclamação era uma só: “O que está acontecendo com os homens?”. “A coisa tá difícil”, “Meu ex virou gay”, “Ele pedia para usar os meus cremes”, foram frases recorrentes na conversa e eu "dele" a concordar. Enquanto as reclamações surgiam e a minha gastrite começava a dar sinais de pânico, pensei: “Xi, não é a primeira vez que eu escuto isso aqui em Porto Alegre, a coisa deve estar feia mesmo”.
Mas, deduzi: É TUDO CULPA NOSSA. É verdade. É tudo culpa nossa. Que me perdoem as feministas, nós transformamos os homens em um porre. Bem vestidos e desinteressantes.
Foram tantas reclamações das peladas de domingo, do jogo de futebol na TV, da tampa da privada levantada, da calça de moletom rasgada, do violão na madrugada, dos amigos malas que só falam de mulher, das noitadas... Que de “Amélia”, nós passamos a ser “As malas”. Nós transformamos esse tipo de cara comum (e bom, na minha humilde opinião) em uma ameaça ao nosso novo padrão de vida: mulher linda e independente que chega em casa e não quer tampinhas de cerveja pelo chão. A gente reclamou tanto... Mas tanto... Que de tanto reclamar os homens, como bons homens, atenderam. Ficaram modernos, alinhados, antenados, vaidosos... E chatos.
O homem comum está em extinção. O homem que não sabe que grife nós estamos vestindo (me inclui no time que usa grife), que tem vergonha de tirar fotos de si, que usa um tênis velho até alguém obrigá-lo a comprar outro, que bebe bebida alcoólica durante a semana, aquele que nosso amigo gay não fica em dúvida, minha cara, está em extinção. E, isso é nossa culpa. Entre tanta caretice da vida pós-moderna a caça ao homem comum começou a já está desenfreada.
Lembro que uma vez ri muito daquele programa em que a personagem dizia "eu só quero um cara mais ou menos pra chamar de meu". Eu tô achando isso mais genial ainda porque esse homem "mais ou menos" vai ser o mais disputado nos novos tempos. Vão exister músicas sobre ele. Programas de televisão "QUERO QUE MEU HOMEM VOLTE A ASSISTIR FUTEBOL". E muito mais.
O outro tal, o novo tipo de homem que ainda não tem nome (o que os amigos ficam em dúvida) transformam suas mulheres em espelhos (porque Narciso acha feio o que não é espelho) e aí vai ficando todo mundo meio sem cara. E, tem babaquice maior que essa? Só que essa babaquice só tende a emputecer mais mulheres a cada dia.
O que isso tudo tem a ver? Tem a ver que eu raciocinei uma teoria que pode valer milhões. Se uma mulher vê um cara fazendo alguma coisa legal sem ser pra se exibir pra ela... Existe grande probabilidade desse cara ser um tão desejado "mais ou menos". Nada de xeretar redes sociais, nada de quebrar a cabeça para descobrir quem são os amigos em comum, nada disso. O homem "mais ou menos" não dá bandeira, não precisa de um espelho ou foto do restaurante onde foi. E aí entra o cara do aeroporto. Ele nunca podia desconfiar que sentada ao lado dele tinha uma fã do Chico e que repararia nele só pelo fato de assobiar "A Rosa". Mas, ele fez. Porque era ele de verdade. Sorte, né? Eu podia ter tido esse raciocínio antes, teria acalmado algumas mulheres estéricas.
Rezemos para que existam muitos dos tais espalhados por aí.
21 de maio de 2012
futuro
Nunca imaginei que chegaria o dia em que teria coragem de pendurar o quadro que ganhei de ti na parede de uma casa que fosse minha e não nossa. E em cada martelada na minha parede exorcizei a necessidade de que toda parede fosse nossa e não minha. E, sentei na sala e fiquei olhando aquele quadro olhando pra mim e chorei. Chorei por mim, por "você", por nós, por acreditar que amor abandonado é o mais triste dos amores. Nunca imaginei que chegaria o dia em que não conseguiria falar contigo só pra dizer que tinha, enfim, pendurado o quadro que ganhei de ti e que nunca imaginei que ficaria em uma parede que fosse só minha e não nossa. Mas, os tais dias chegaram. Resta saber como lidar com eles.
17 de maio de 2012
lição de vida em 1 minuto
- Eu tinha ligado só pra dizer que te amo.
- Tá, valeu, agora te aqueta e vai dormir.
16 de maio de 2012
juntos
Pensei muito tem ti Principito e escolhi a dedo um cd
pra gente ouvir quando eu chegar. O teu vovô, que é o meu papai, falava muito
desse disco. Chama “Os Saltimbancos” e é de uma peça de teatro que conta a
história de amigos que são muito amigos (se alguém apresentar ela de novo eu
prometo te levar). Tudo isso, peça e
disco, é de um cara que eu espero que tu goste quando crescer. O teu vovô canta
todo dia alguma música dele, mas quando eu tinha o teu tamanho morria de medo
de uma que chamava “Geni” e ele insistia em cantar (acho que até hoje eu fico
meio angustiada quando escuto). Bem que na época tu já podia tá entre a gente
pra dizer “Ei, para vovô”.
Nesse tal disco sobre os amigos tem uma música que chama “Todos juntos”, assim como te ensinei um dia e tu aprendeu rapidinho:
- Principito, como a gente tem que andar na rua?
- Juntos.
É... Na música diz que juntos nós somos mais fortes. E eu me sinto assim quando tu fica do meu lado ou quando vem correndo puxando a minha mão e dizendo sem parar:
- Tia, tia, tia, tia, tia...
Eu acho que tu ainda é muito “ito” pra entender a diferença que fez nas nossas vidas e do quanto a gente ficou forte depois que tu apareceu. Deve ser porque todo o nosso amor se ilumina e cresce a cada chegada tua. Até o vovô que é de muito carinho, mas pouco abraço, fica logo abraçando todo mundo. Todos juntos somos mais fortes agora porque, no fundo, a gente já tava te esperando há um tempão e não sabia mais onde colocar tanto amor. Ainda tem um montão de gente por vir aí, mas aí é tu quem vai mostrar os discos legais pra eles e o amor vai se multiplicar cada vez mais.
-Todos juntos somos fortes, somos flecha e somos arco, não há nada pra temer, ao meu lado há um amigo que é preciso proteger.
E não vejo a hora de chegar, não vejo a hora de te proteger, não vejo a hora da gente fazer a coisa que mais sabe: ficar junto.
Nesse tal disco sobre os amigos tem uma música que chama “Todos juntos”, assim como te ensinei um dia e tu aprendeu rapidinho:
- Principito, como a gente tem que andar na rua?
- Juntos.
É... Na música diz que juntos nós somos mais fortes. E eu me sinto assim quando tu fica do meu lado ou quando vem correndo puxando a minha mão e dizendo sem parar:
- Tia, tia, tia, tia, tia...
Eu acho que tu ainda é muito “ito” pra entender a diferença que fez nas nossas vidas e do quanto a gente ficou forte depois que tu apareceu. Deve ser porque todo o nosso amor se ilumina e cresce a cada chegada tua. Até o vovô que é de muito carinho, mas pouco abraço, fica logo abraçando todo mundo. Todos juntos somos mais fortes agora porque, no fundo, a gente já tava te esperando há um tempão e não sabia mais onde colocar tanto amor. Ainda tem um montão de gente por vir aí, mas aí é tu quem vai mostrar os discos legais pra eles e o amor vai se multiplicar cada vez mais.
-Todos juntos somos fortes, somos flecha e somos arco, não há nada pra temer, ao meu lado há um amigo que é preciso proteger.
E não vejo a hora de chegar, não vejo a hora de te proteger, não vejo a hora da gente fazer a coisa que mais sabe: ficar junto.
"da janela de copacabana"
(o possível motivo da desistência)
Ando com a ideia fixa de parquet claro e sol entrando, uma parede branca, uma cortina transparente que voa e deixa ver um monte de planta, aquele quadro com um pedaço do Inutensílio do Leminski e o Baden Powell correndo. Tenho vergonha de ter parado de desenhar porque meu pai se orgulhava de mim, me dava coisas pra desenhar, me pagava cursos de desenho, mostrava um pierrot que eu tinha desenhado com uns 5 anos pra todo mundo. Um dia eu parei. Hoje eu queria desenhar essa ideia fixa pra poder comparar depois com as vontades que eu vou ter daqui a muito tempo, porque antes tinha ele cochilando com a camiseta suja de tinta no sofá vermelho de pé palito e eu nervosa porque ia sujar e aí ele sumiu. Devia dar pra tirar foto de ideia. Assim a gente arquivava tudo e não tinha medo de se perder. Como agora.
15 de maio de 2012
pra amar e guardar
"A cada dia me convenço mais do quanto eu sou abençoada pela vida. Eu tenho amigos - dos melhores. Daqueles que regam com amor, atenção, bom humor, carinho e sinceridade (mesmo que não seja tão doce) tudo o que plantamos juntos. É um laço sublime, límpido e puro. Ouço dizer que é difícil ter um amigo, "nos dias de hoje". Mas, pra contrariar essa teoria, eu tenho vários. Não digo que são muitos, mas diversos. Em forma, espírito e tempero. E, mesmo tão distintos, todos tem em comum um par de braços sempre abertos pra mim. Amém! Se hoje faço falta é porque eu trouxe um pouquinho de cada um de vocês comigo. Ei, Neneca, eu tô quase. Enquanto isso, coloca uma música bem brega pra me esperar."
Tive o prazer de ler isso hoje cedo. Em tempos de "Amor Líquido" somos do grupo que adora acordar de ressaca.
14 de maio de 2012
só falta você estar
Hoje quis muito a tua presença aqui pertinho, nada sério, só
queria mesmo rir das tuas bobagens. Eu te ligaria, te chamaria pra tomar um
café, tu me trocaria pelo trabalho e voltaria a se comunicar na hora em que só
uma cervejinha caísse bem. É. Sei que falta pouco pra tua presença preencher a
minha casa e pode ser um exagero essa saudade toda. Na verdade, se eu te
conheço bem, tu debocharias do meu exagero: “Neneca, ouve uma música bagaceira
pra não pensar demais, vai”. Mas, como pode? Esse final de semana teve
Hermanos. É. Eu tenho “pensado demais”. Mas, fico me policiando. Tô cogitando
comprar uns cd’s de jazz (mesmo que eu não saiba nem por onde começar e não
tenha nem onde tocar), me esforçar pra juntar dinheiro e, enfim, ir a Inhotim
(ou desistir e colocar tudo na nossa velha e saudosa ideia de Cuba), ter mais
comida na geladeira, ir ao cinema sozinha, essas coisas. Tô querendo fazer as
coisas que sempre quis fazer quando “crescesse” pra me sentir grande. Não
existe uma placa que indique quando, afinal, “crescemos”, ou uma luz que
acende, ou qualquer coisa do tipo. Mas, acho que tenho sentido essa necessidade
de me sentir “crescida”, de não me sentir olhando sempre pra cima, de não dar
bandeira de encantamento. Acho que tenho que ser mais séria. Talvez seja a
chegada dos 22. Como funciona essa coisa de inferno astral?. Não sei dessas
coisas do cosmos. Por sinal, as tuas teorias sobre Mercúrio indo pra “não sei
onde” fazem falta. Vê se não demora, tá? Não tô mais sabendo onde colocar tanto
sentimento. E, talvez seja só exagero mesmo e o que me falte seja uma cerveja
contigo ao som de Odair José. Ah, e vê se não acostuma com os vinhos
argentinos, estamos passando por uma séria crise financeira. "Abraço de amigo", como o Afonso tem dito agora. Tô te esperando minha amiga e "nem o prego aguenta mais o peso desse relógio".
10 de maio de 2012
"a explosão se espalha em coisas que a cidade sonha"
Vi uma notícia hoje que me fez sentir algumas saudades. Não que a notícia costure muito as saudades, mas em tempos de distância qualquer motivo é motivo. Lembrei que quando era criança decorei uma frase do Martín Fierro que dizia "Los hermanos sean unidos porque esa es la ley primera". Lembrei que na casa do meu avô tinham coisas do Martín Fierro e eu, cara de pau, nunca procurei saber mais sobre o personagem. Lembrei que na escola li "A estética do frio" e acabei me conhecendo mais. Lembrei que lá nós éramos bobos, mas um colega, já esperto, levava o violão pra aula e cantava "E tudo isso foi no mês que vem... Foi quando eu chegar...". A gente se emocionava e nem sabia. Lembrei que todos contavam dos planos, discursavam sobre onde fariam a sua vida, ninguém assumia que era possível sonhar em ficar ali. Mal sabíamos nós que distante sentiríamos tanto amor por aquele lugar. Lembrei do frio das madrugadas e de como a "Casa do Joquim" se tornava um oasis cheio de vinho pra nos aquecer e a gente ria... ria... naquele sofá vermelho. E, era vermelho? Lembro de ser vermelho. Lembrei do sentimento de que a rua era nossa e que tempo depois todos voltavam a bater queixo na esquina da Alberto Rosa com a Conde de Porto Alegre. Lembrei que tá pra nascer esquina mais fria e mais quente que aquela. Lembrei que se eu escutar Vitor Ramil vou lembrar dos meus amigos. Lembrei que toda noite eu lembro que queria eles por perto.
A notícia:
9 de maio de 2012
dos planos
- E se a gente alugasse uma casa? A gente podia alugar uma casa pra poder chamar todos os amigos pra serem felizes lá dentro. A gente podia colocar uma placa na porta dizendo COMO QUIERES QUE TE QUIERA? e ter potes escrito SONHO pra todo mundo colocar bilhetes dentro e daí a gente podia tentar realizar uns.
- Topo. Mas, o banheiro precisa ser bem grande.
- Hein?
- Eu vivo pra um dia ter um banheiro grande e poder cantar assim:
- Topo. Mas, o banheiro precisa ser bem grande.
- Hein?
- Eu vivo pra um dia ter um banheiro grande e poder cantar assim:
7 de maio de 2012
pra depois ou "onde vão, eu não sei"
Tentei ir ao super, tentei colocar água nas flores, tentei. Tentei
café, tentei tirar uma coisa de um lugar pra colocar em outro. Tentei dormir,
tentei arrumar a casa, tentei sentar na janela, tentei. Tentei ligar a TV,
tentei desligar, tentei o cd da Nina, tentei escrever, tentei rabiscar, tentei.
Tentei colocar um quadro na parede, tentei ler a revista, tentei tomar banho.
Tentei levar o lixo pra rua, tentei jogar conversa fora com o vizinho, tentei
verificar as correspondências. Tudo isso pra deixar pra depois tentar mudar de ideia.
3 de maio de 2012
moça, vê mais um tinto
Melhor assim, que tomemos muitos tintos em busca de respostas.
23 de abril de 2012
congelados
(Versão da música linda do Caê, com o novo xodó musical)
Perguntei pra ele o que tinha acontecido com a poesia do nosso dia-a-dia e qual era o motivo de me sentir participante de uma maratona. Ele respondeu que não era só aqui. Que o fenômeno da falta dela acontecia em mais de um lugar. Disse pra eu cuidar da minha como quem diz: "Vê se te alimenta!'. "Vê se te alimenta e cuida da tua poesia". E eu pensei que seria bom se desse pra comprar na seção de congelados.
Perguntei pra ele o que tinha acontecido com a poesia do nosso dia-a-dia e qual era o motivo de me sentir participante de uma maratona. Ele respondeu que não era só aqui. Que o fenômeno da falta dela acontecia em mais de um lugar. Disse pra eu cuidar da minha como quem diz: "Vê se te alimenta!'. "Vê se te alimenta e cuida da tua poesia". E eu pensei que seria bom se desse pra comprar na seção de congelados.
16 de abril de 2012
cultura do inquilino


Algumas coisas têm o poder de mexer com a gente. Quando isso acontece geralmente fico em silêncio por alguns minutos. Depois falo. E muito. Mas, de início, fico calada. Numa forma de deixar "essa coisa que têm o poder de mexer comigo" se acalmar e ficar. Acho que é um jeito de congelar "essa coisa". Esse final de semana foi um apanhado dessas sensações. O choque com a exposição do Bispo, a vista da cidade duas vezes (a chuva no Santo de Casa, a noite com os prédios de purpurina), o Medianeras. Nos picos de silêncio lembrei dos meus pensamentos sobre cidade, amor, pessoas e a relação entre isso tudo. Pensei muito nisso no domingo, mas falei (sem pensar) foi no sábado. Senti vontade de escrever pra amiga distante pra jogar conversa fora. Acho que todas as outras pessoas do mundo não tem muita paciência pra esse exercício (começam a olhar o celular, a verificar o e-mail...). Jogar conversa fora é o esporte que eu tenho praticado no momento. Falar sobre cidade, amor, pessoas e a minha relação com isso tudo, é a minha categoria. "Como é que eu devo fazer um muro no fundo da minha casa", "Como vou achar quem eu procuro se não sei quem é?", "Como tu tá?". Como algumas coisas têm o poder de mexer com a gente. Que bom que elas ainda existem.
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