4 de agosto de 2007

Sobre a teimosia



Voltei a beber café. E ainda sou taxada teimosa. Vê se pode. Fiascos do mundo.

Ela desatinou

Viu morrer alegrias

Rasgar fantasias

Os dias sem sol raiando

E ela inda está sambando

Quem não inveja a infeliz

Feliz no seu mundo de cetim

Assim debochando

Da dor, do pecada

Do tempo perdido

Do jogo acabado

Parei com o café


E isso constitui muito mais que o simples acontecimento de desamparar um vício. Não pelos ameaças de má saúde. Mas para provar a mim que certas coisas, arduamente, podem ser deixadas de lado.

Olhando para xícara, parte I

Não há necessidade disso. Segunda feira inicio uma dieta, talvez arranje grana para uma academia de ginástica. Não. Deixa a academia de lado, vamos transformar isso em hora estudo. Para quê tanto açúcar? Acho que estou tornando-me neurótica. Tantas xícaras por dia. Sem contar os copos na escola. Mas, é para deixar-me bem acordada. E de que adianta tanta cafeína? São apenas impulsos do teu cérebro. Não. Hoje ainda tomo mais um.

Olhando para a xícara, parte II

Isso ainda me mata. Será mesmo que meu estômago não suporta a cafeína? Tão pouco não me faria doer. Ou faria. Na verdade, é muito. Ok, ao final desta chávena tudo estará acabado entre nós. Não me olha desse jeito. Não sou o malvadão da relação. Fazes-me mal, e nunca solucionaremos isso. A vida é injusta Nês, não improvisa de mim uma monstruosidade. Vou te abandonar e isso é para toda a vida. Adeus.

Na abertura do armário emperrado, sinto a presença. Ultrapasso as mãos, vou direto ao chá. Algumas vezes mudamos princípios pela tranqüila felicidade. Aprendemos a gostar deles e entendemos que o “amor” não basta para o “todo sempre”. Modificamos valores em busca do perfeito, extraordinário, sem falhas, sem contra-indicações. O ser humano é comodista. Mas afinal, tanto faz, o futuro reserva algo especial consecutivamente. O mundo acaba colocando-nos em nossos devidos lugares. E eu sempre gostei do sotaque britânico. Vê se toma cuidado por aí. Qualquer dia nos cruzamos nas prateleiras da vida. Quiçá nós voltemos à dupla que éramos. No entanto esse é o momento em que todo vício deixa de ser excelente e cruza a barreira à conhecida sensação de dependência. Nós não somos assim, e não posso permitir tamanha atrocidade. Até mais Café, até mais.

2 de agosto de 2007

Sobre a memória do infinito


“E esse medo infantil de ter pequenas coragens...” Vinicius

Perguntei-me algo bacana ao longo do dia. Onde tudo vai parar? Tudo. Os bilhetes, as latas de tinta, os pincéis, os livros, os vinis, as cartas de amor. Alguém em algum lugar encontra-os, guarda-os, recicla-os, e então? Outra história os toma, outros personagens, outras formas de vida.
Os artefatos ao meu redor tem uma historinha. Quem já não olhou para eles? Que lembranças devem trazer? Cada qual com sua poesia subentendida, a magia das pequeninas partículas formando um elemento historicamente ilusionista. São muito mais que minhas milhões de palavras neste humilde estabelecimento. É um verdadeiro turbilhão de anseios silenciosos no atrito estático do corpo em movimento nulo. Como pode.
Li um livro – ótimo – a pouco. Lygia Fagundes Telles, no último conto do livro descreve a história de um anão de jardim. O escrito se passa através dos sentimentos e aforismos do pobre enfeite, e isso pareceu-me curioso. Comecei fundamentalmente pelas paredes de meu quarto. Logo após minhas folhas, o abajur, os tênis. Todos com sua existência e culpabilidade, aguardando o final de sua vida útil.
Cheguei a conclusão de que se minhas meias pudessem discorrer, simplesmente, me odiariam. Minhas almofadas me adorariam, e os discos do vovô falariam bem sobre minha pessoa.
No entanto, um dia eles vão embora. Perdidos em caixas de mudanças, ou talvez desprezados na passagem dos anos. Cada qual tão meu, com nossa história, suas e minhas. Serão de outra pessoa, serão do mundo, terão mais e mais historietas. Crueldade pura.
Não fica triste Abajur. Prometo te levar comigo pro resto de minha crédula vida útil. Terás tempo de me expor por onde já passastes, e me relembrar de tudo que já fui. Tu és o cais entre meu passado e os momentos que ainda virão. Teremos ótimas risadas, porém, agora temos que dormir, boa noite.

1 de agosto de 2007

Bendita Abismada


Nas férias cortei os cabelos. A franja propriamente. Uma franjinha de criança. Já fui comparada a índia, menininha e até mesmo um York Shire – por meu dócil colega crítico -. Porém, uma opinião – especial do Paulo, grande amigo – me deixou contente: - Gostei, é bem, Lanna.
Roubei de giro a faixinha de tempos atrás – cerca de quando tinha nove, dez anos -. Voltei a desenhar.

Quando era criança assistia diariamente um programa apaixonante. Lembro ser da programação do Discovery Channel, - meu canal favorito, onde as coisas mais mirabolantes da Tv infantil aconteciam, sem desperdiçar o Cartoon, obviamente -. Lá estava eu – em minhas férias de televisão/comida/sono –deparando-me com a propaganda do lançamento do programa no Disney Channel. Não poderia ser verdade. Pois era. Uma felicidade tomou-me por instantes. Voltei a fazer arte. Acredito estar “regredindo”, ou coisa parecida, por enquanto isso não me pareceu má idéia.

O “sexy” tornou-se, um tanto quanto, brega – por minha humilde avaliação -. Os decotes, as apelações, e tudo que isso envolve. Tenho admirado as belezas simples, aquela de quem acabou de sair do banho. As unhas vermelhas, agora, parecem mais de madrastas maldosas. Tenho gostado mais de flores. Acredito ter encontrado uma sutileza inesperada no rosa, e voltei a overdose de Chico. Os blusões da mamãe também me encantam.

Esses dias sem escrever me fizeram bem. A falta de computador me ajudou a refletir. Vi filmes, comi Batom Tablete e repensei a atual situação perante ao próximo e assustador vestibular. Revivi os vinis, limpei-os, fiz quadros, preguei. Tenho me sentido como uma borboleta. E melhor, daria o nome a ela de Bendita Abismada.

“Bendita Abismada quase não sabe o que almeja para seu por vindouro. Quer liberdade, e só. A companhia interessante de se viver juntinho, e o mundo enorme lá fora abarrotado de tudo. Ainda não sabe o que vestir, as portas do roupeiro poderiam engoli-la. Está desvendando seu eu. Bendita Abismada está prestes a sair de seu casulo das emoções para então descobrir quem realmente é. No entanto, Bendita entre versos soltos em seu texto confuso, mostra como de estação em estação o mundo todo muda, todos se revelam, e um dia, a Primavera volta a reger.”

São tantas idéias em um só texto que me enche de preguiça. Vou dormir, e acordar, e dormir novamente. Quando sono e quantas palavras.

Lula Lá, suprimi uma estrela


Férias –inertes, e nem por isso ruins – observando o Pan-Americano. Principalmente, sua abertura ridicularizada pela série de vaiais ao presidente da república. Foi a demonstração que faltava para a total afirmação: O Brasil está de pernas para o ar.

Falta de patriotismo, loucura, civismo, o que for. Não adianta. Nunca vou me conformar em torcer para seleção brasileira, possuir o “jeitinho brasileiro” de arranjar algo, e outras cositas más. O povo deste país acredita – por uma simples ilusão – que tudo é festa. Tudo acaba virando baderna. Mal sabem o que dizem, mal sabem em quem votam, no entanto, sabem muito bem o que fazem. Um começa a vaiar. O resto todo crê ser bacana fazer o mesmo. E começa por aí. Mal sabem eles a maneira correta de afirmação, nem querem saber o que significa protesto. É apenas legal ver essa situação catastrófica na mídia (que parece agradar perfeitamente ao estilo).

Como esquerdista sinto saudade do sonho, apenas. Por incrível que possa parecer com apenas doze anos desejava um “mundo melhor” e obviamente, socialista. Aquele friozinho na barriga de ideal revolucionário, a cada discurso uma esperança, um momento único, um mar vermelho romântico e fantasioso. Bandeira do “PTzinho” em punhos, mesmo sem saber ao certo o que mudaria. O interessante era apenas reparar nos adultos cantando, observando, tão cheios de expectativa. Era essa sensação que me tomava, com pouca idade isso era a política para mim.

Foi então que conheci a figura Lula. Ele era todo aquele mar em um homem só. A festa da vitória foi muito mais que uma comemoração, foi o início do fim. José Serra comentando sua derrota no Fantástico e a bandeira ao vento no parapeito da janela. A estrela brilhava imaginavelmente nos meus olhos ingênuos. Agora era só esperar fazer dezesseis anos, pois, ele cuidará de nós.

O título. O primeiro voto. Mesmo quando tudo já estava se acabando. Tudo deu errado. Ser petista tornou-se ser idiota para os idiotas. Ser esquerda tornou-se a significar “conspirador da contrafação”. Nosso Lula nem parece mais suar. Minha estrela parou de brilhar. A política tornou-se um de mais maiores interesses, e a triste afirmação de que derrepente cresci.

O total neoliberalismo abriu muito mais que simples fronteiras, a loucura da decomposição aguçou cada vez mais a mídia e os jornalistas de momento. Eles puderem acabar conosco. Tudo tornou-se farra para este comércio de informações acéfalas de conceitos. Discursos melados de ignorantes, eles somente adoraram a palavra: CORRUPÇÃO. Tornou-se legal hablar: roubalheira, CPI, Caos Aéreo. Como a Hebe saberá entre tantas jóias bregas o verdadeiro significado de um esquerda no poder? Mas lógico, o povo da festa – no fundo e mais claro, impossível – está adorando.

Povo ignorante de fantasia - nada correspondente a situação monetária -, que nunca almejou por um instante em alma infantil: Mudar o mundo. Povo estúpido por não respeitar um evento em que esse homem investiu tanto dinheiro, tão bonito e tão cheio de arte. Não obstante, eles nunca saberão como dói ver assim, de relance, logo nesta mídia inescrupulosa, um sonho sendo vaiado.

Me desculpem os patriotas de plantão. Porém, não me encaixo nesta cultura mesquinha e birrenta. Que feio Brasil, que feio.

9 de julho de 2007

Penso, logo ando de ônibus (ou vice versa)


Voltando para casa em um dia chuvoso, medito no ônibus certos momentos do cotidiano humano.
Nunca resvalei em uma casca de banana.
Moças da Assembléia de Deus (com suas longas tranças e saias) não conseguem correr.
Colar é feio. Quando sabe-se a matéria e troca-se a resposta, é pior ainda.
Tecnologias como “Mp4” não são feitas para pessoas com QI baixo. Essas não têm nada de “seu”. (Sim, o mundo é injusto.)
O “Som da Helô” (junto com o show do Sovaco de Cobra) estava formidável, e a palavra formidável já deveria ter desaparecido dos vocabulários.
E tenho dito.

4 de julho de 2007

Sobre a amiga


Fazeres aniversário é muito mais. É muito mais o tempo passar, é muito mais viver uma vida paralela a tua, é muito mais. É ver brotar da flor uma linda mulher, enxurrada de aspirações, sentimentos, maturidade. É ver o amadurecimento de uma idéia.
Te tenho à meu lado há nove anos, dos quais pude aprender, ensinar, discutir, brigar, chorar e principalmente dar risada. Meu sorriso ao teu lado, amiga, é fruto da tranqüilidade em que me saturas.
Tu és muito mais. És verdadeira, és simples, és chocante, és enigmática. Tens o mundo nas mãos, no olhar e no coração. Tens a qualquer um, a hora que quiseres.
O teu aniversário expressa a passagem dos minutos perante o teu reflexo de tempo demorado, o tempo observando teu adiantamento perante o mundo. Teu cérebro vasto e teu espírito mole. És inesquecível.
És meu chão, ponto de vista e alegria. És minha consciência, perdão e afeto. És parte de mim, como sou tua. És o espelho da minha integridade e gargalhada. És inigualável. És minha melhor amiga: íntegra, transparente e linda.
Fazeres aniversário é muito mais. É o mundo comemorando tua companhia. É o universo conspirando a favor da tua sagacidade.
Eu te amar é fato natural, minha admiração por ti é esperada, no entanto renovo meus votos de fealdade e planos, dizendo-te de novo que minha mochila estará sempre arrumada para darmos o pé, e mais, que te amarei e honrarei tua amizade até o dia em que Carbono Vox decidir bater as botas.
Feliz aniversário do fundo deste coração dengoso que tanto te contempla. Um beijo e abraço de urso.

29 de junho de 2007

Soldadinhos de CHUMBO


Todos os rostos são estranhos. Possuem pensamentos soltos no prazer fútil de uma geração inútil. Sem ídolos, sem amor, sem compaixão. Não é Coca-Cola, não é revolucionária, não é nada. Sem escrúpulos, ideais, recheada de distrações passageiras. Meninas sonhando ser Paris Hilton, meninos almejando BMWs. São cópias americanas, mal feitas e grotescas. Dezenas e centenas desejando ser o que não são, relutando contra seus princípios, suas características. Equívocos de uma sociedade juvenil perdida entre imperialismo e sacanagem. São soldados de ninguém, lutando por ninguém, lutando por si mesmos, vivendo uma mentira.

27 de junho de 2007

Charminho


-Vontade de ficar tristinha?
-Não e não à Sr. Tristeza. Vá se embora logo, eis aqui olhos que brilham conforme o coração sente. No sorriso do olhar e boca não há lugar para sua maldade.
-E essa lagrimazinha?
-Charminho.

26 de junho de 2007

Sobre Política e Disney


Pelo primeira vez no ano dei-me o luxo – por motivos familiares que me impediram a ida à escola - de ver desenho pela manhã. Não há momento do dia mais bacana para ver desenhos. Lembrou-me os dias chuvosos – àqueles onde ninguém aparecia – em que eu permanecia na frente da televisão com meu inseparável copo de leite e a programação enchia-me de entusiasmo. Bons tempos – articulam minhas velhas bochechas -.

Estou lendo um livro muito atraente, o autor sempre pareceu-me exagerado, no entanto um cérebro ambulante – a la Mr. Brain, na minha abominável imaginação -, Arnaldo Jabor. Pornô Política vem recheado de crônicas sobre o modo de vida ridículo do brasileiro, o modo como a política mundial – juntamente com a doutrina Bush Papai e Filhinho – está indo para o saco. Ex-comunista, atual jornalista, fez-me rever alguns conceitos identificando-me com o tal.

Presto o máximo de atenção imaginável nas aulas de História, por gostar, por necessitar, porém principalmente pelos professores que a mim apresentam. Em uma aula – onde minha “mestra” encarnou um quê de Ciência Política - fiquei abestalhada com alguns comentários sobre a vida de Walt Disney. A primeira posição que me tomou ao observar os pensamentos de historiadores sobre os desenhos do homem foi de certa “exaltação”. Logo após, pensei serem todos loucos. Na seqüência, pude ter a certeza, de que, de acordo com o ângulo poderia tornar-se plausível.
Praticante de xenofobismo, racismo e outras cositas, a interpretação de seus filmes e representações não poderia ser pior, na visão científica. Rei Leão e Mickey perderam seu “valor” diante do mundo – meu – após aquele dia.

O que os parágrafos têm a ver? Tudo.

Conforme os anos mudamos os valores, as crendices e o ângulo de observação. Vejo desenhos e sorriu, vejo Tv Senado e riu. O que deveria equivaler a atração, hoje mais parece-me entrelinhas espertas de Segunda Guerra. O que deveria encher-me de esperança hoje mais parece piada. O mundo – socialista – que sonhava para filhos da minha geração, aparece apagado como um túnel fechado diante tantos escândalos. Os cartoons da geração de meus pais hoje surgem para mim como aviso do que já seria encontrado. O mundo é estranho Sr. Camundongo. O mundo é estranho.

25 de junho de 2007

Sobre as despedidas


Calcei meus velhos all star, procurei o casaco mais agasalhador. Fui para a escola aprender História, voltei observando o mundo no tempo de meus passos. Um passarinho, as pessoas no ônibus, o livro que eu carregava, o vento congelando o nariz , o sol tapado por nuvens. Era eu tão pequena, rodeada de gigantes corredores, cruzando por mim, deixando-me para trás. Por que tanta pressa?
Fiz amizade com um cachorro. Ele me acompanhou durante um certo tempo, no entanto trocou-me por um saco de lixo – isso deveria ter deixado-me triste, bem, relevemos -, ao menos por minutos compreendeu o porquê do “não pisar nas linhas”, o porquê dos óculos, o porquê do passo lento. Por que te fostes cachorrinho? És o único que cessa nesse planeta de combates. Faz-me companhia cachorrinho. Esse mundo é grande demais para ficarmos sozinhos.

(O dia nublado entristeceu a flor, devaneou o amor, transbordou de temor o coração da menina.)

Sobre os pensamentos

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaa
aAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaaa

(Sim.
Um rugido atrapalhado no horizonte confuso do meu interior.)

24 de junho de 2007

O divã de Freud


Veja bem Doutor, não tenho tempo – muito menos dinheiro – para suportar essa situação. Porém o faço com intuito – e esforço – da resolução dos problemas de minha vida. Não, Doutor. A palavra resolução se encaixa perfeitamente. Venho até aqui buscar minha identidade, minha essência, meu elixir. Sua opinião como profissional colocando os devidos pontos nos is, me ensinando a fórmula da mudança.
Tudo começa com meus defeitos. O orgulho é feio, sei, mas não me diga que não recebe uma centena de mulheres arrogantes nesta sala. É comum, como tudo que me rodeia. De tão banal enjoa e atrapalha, torna-me um ser birrento e intolerável. Esse “medo” de não suprir as expectativas enche-me o saco. Com o perdão da palavra. E, não deixa de ser medo, o orgulho é uma virtude desse.
Acredito em Deus, sim. Não, não sou católica, protestante, evangélica. “Ateu” é um substantivo forte Doutor, tenho fé, e isso basta-me.
Tenho uma amiga com grande conhecimento sobre signos. Nunca vou esquecer quando me disse sobre o signo Gêmeos, era impressionante a parecença com meus hábitos e características – como o zodíaco agrada a qualquer um – e mesmo não crendo que estas eram culpa das estrelas, pensei melhor a meu respeito. É Doutor, eu sou insuportável.
A cada grão de tempo que esvai mudo as vontades, o humor, deixo de lado objetivos, procuro outros, como uma grande tarefa não acabada. E assim, desde sempre, fui levando a vida. Arrependendo-me de fatos, ambicionando outros. Mudando de estação a cada amanhecer – ou menor fração de momento –, sinto-me “incompleta”.
Já não sei mais o que estou falando Doutor. Não sei mais porque estou aqui. Isso não dará em nada, mas diga-me lá, há forma de sarar esta loucura? Loucos somos nós sim, meu caro, e esta é a verdade absoluta. É loucura estar cansada de minhas próprias decisões, é loucura a chateação. Loucos somos nós que pagamos para ouvir um veredicto de loucura. Loucos somos nós de aborrecermos com tão pouco.
Há Doutor o “Xarope da Assiduidade”? “Xarope da Persuasão”? Diga-me Doutor. Dê-me logo esta receita, cure-me de mim mesma. Preciso de ajuda, possuo um mundo dentro de mim em pleno caos.

The Jackson Five - My Girl (versão com o Michael)

14 de junho de 2007

"Mentiras sinceras"


O ser humano é realmente bichinho engraçado. A cada dia me certifico de que os sinônimos para essas abomináveis criaturas sejam inúteis tamanha falta de “ser humano”. Até mesmo o sentimento que os torna privilegiados à diferenciação de qualquer espécie do planeta: a paixão. Quiçá ela é uma mentira?
Hoje pela tarde - em meio a aula de biologia - começo idealismos particulares sobre a falta de interesse contínuo na pessoa – aquela pelo qual se dizem arrebatados -. A forma como ele sorri, como ela dorme, como ele tem vergonha, como ela não, esses momentos tão eternos parecem se esvair no tempo. Porém, são episódios insubstituíveis. E então começa a falsidade.
É impossível encontrar em outro “ser” qualidades antes vistas, ocasiões antes atravessadas. As pessoas não se apaixonam pelo cujo que encontram, essas se encantam pela imagem que recebem. Procuram nos próximos tal e qual, e assim gostam cada vez mais dos mesmos valores descobertos.
Não cito as grandes paixões. As verdadeiras? Absolutamente não. Essas são para sempre pelo fato de que mesmo encontrando “made in paraguay” nunca perderiam sua integridade e honestidade do sentimento puro.

DYLAN, Bob and Van Morrison - Crazy Love

13 de junho de 2007

Bonequinha (crescendo) do papai


Não me pergunte como é envelhecer, eu não saberia responder ou contestaria uma tolice. Fazer aniversário é um tanto quanto engraçado. Em uma passagem de dia nos tornamos “pessoas maduras”, ou não, de acordo com a carteira de identidade. Discordo.

Fazer aniversário é muito mais. É o tempo representando em algarismo os momentos deixados para trás, a passagem do calendário abre portas para uma “nova era”, novo capítulo, páginas em branco de uma mesma vida. O papel acompanha o destino em suas mil trajetórias, tornando-nos sedentários diante os segundos.
Fazer aniversário solicita bolo, parabéns, abraços, presentes e muito carinho. Além disso, requer uma interpretação muito além do simples passar das horas, é o amadurecimento da idéia do ser, é a contemplação da juventude mostrando suas mil facetas.
Não basta à mim apagar velas. São inúteis os números diante tal moleca interior, a cada ano que passa peço para que esse regresse em proporção contrária, como se ao fim da chama rejuvenescesse a mulher que se apresenta.

E aquela “gasguita” de cabelos negros escorridos pelo ombro hoje faz dezessete, amanhã quiçá seus vinte, e logo então cinqüenta. Ela nunca abrirá mão de sua espada Jedi e seu orgulho, terá sempre um sorriso aberto para seu amor e um laço de ternura para quem souber manuseá-lo. Suas sapatilhas aladas serão dançarinas das linhas da estação e para sempre saberá os sentidos de seus pequenos versos. Com a mistura de boneca e “nenê” levará a vida de sua forma: sem observar os relógios. Por favor Senhor Tempo, não deixe Neneca crescer jamais.


10 de junho de 2007

Inesperado



Eu preciso ir à padaria. Que horas são?
Olga Roman y Jorge Drexler – Apareces
Jorge Drexler - No voy a ser yo

6 de junho de 2007

Dúvida cruel


Sim. Isso não sai da minha cabeça –eu preciso tomar uma posição, eu preciso, eu preciso-. Não ter objetivos me leva a uma grande crise de identidade. Me transforma em uma criatura sem anseio. E, isso é péssimo.
Minha última inventada é fazer Engenharia. Lanna e cálculos pode parecer até piada, porém meu interesse por Matemática e Física tem se acentuado a cada dia que passa. Usam da lógica para a expressão de fatos deixados de lado e isso pode até ser legal, dependo do ponto de vista.
Os amigos dizem que conseguem imaginar-me na posição de responsável Engenheira – sobresaindo a todas as outras opções que dei para pensarem-. Eu, no entanto, não abro mão do Design – a arte predomina à coerência dos números-.
Tenho cerca de cinco meses para colocar os planos em seus devidos lugares. Porém, a idéia exacerbada agora é fazer os dois. Mesmo recebendo a taxa de alucinada.
Os extremos podem ser muito bem empregados. Vou saber abusar disso.

(Texto escrito para ser lido pela autora num futuro próximo. Depois da vontade de cursar todas as profissões existentes.)

“A dúvida constitui, mais do que um conceito, todo um vasto tema na reflexão filosófica, pelo que importa distinguir entre as variantes da sua determinação nocional e correlação com outros conceitos, e as teorias, métodos e procedimentos que de algum modo a sistematizam.”

"Tempo, tempo, tempo, mano velho... Tempo, tempo, tempo, mano velho. Tempo amigo seja legal, eu conto contigo pela madrugada..."

5 de junho de 2007

E até parece Primavera


Eu era uma criança de muito imaginação. Tenho relembrado coisas que antes pareciam cheias de pó. Lembranças do verde que namorava o laranja, o oito que era rival do nove e coisas do tipo, tem se tornado cada vez mais freqüentes.
Acredito ser culpa da leveza de meus pensamentos nesta estação. Um quê de despreocupação com tudo o que acontece ao meu redor (cito coisas e pessoas ruins), é como caminhar sobre uma grande nuvem de sonhos.
O que antes parecia atingir-me com tal magnitude e vigor, hoje mais parece anedota. Como um escudo provindo de minha imaginação infantil (algo que garanto nunca ter partido), mas que renasce como forma de proteção a tudo que antes escondia a graça.
Meu sorriso ganhou um aliado honrado: o desfrute da paz de espírito. O amor entrou pela porta da frente, ofereceu-me um binóculo e pediu permissão para ficar. Recebendo em troca o carinho por sua preocupação e o pedido pelo fico.

“Eu descobri um mundo teu é manso, sem perceber tive paz e só me dei conta, quando eu te vi me perguntei: -Como é que vai você? –Tudo bem?
Falta entender o que me faz pensar que só ele pode ter tanta paz para me dar... Eu te vi e cheguei pra falar: Tudo certinho?” (Hermanos)

4 de junho de 2007

“Tá na hora de rever seus conceitos...”


As pessoas têm se tornado a cada dia mais engraçadas. É hilariante a atual situação dos pontos de vista. Virou mania nacional o “estranho”. O que antes era chutado para fora dos moldes, hoje faz parte da maioria dos guarda-roupas e cérebros. Talvez uma lavagem cerebral das grandes passarelas, dos grandes estilistas, da mídia, não importa. Mas algo é certo: CASO TENHAS UM QUÊ DE ESTRANHEZA JUNTA-TE ÀQUELES TEUS IGUAIS E SEJA MODERNO.
-Oi garota! AÍN AMIGÃN como você é cool, uma síndrome? Ai que show! Eu tenho um distúrbio!
-Nossa AMIGÃN como nós somos legais!
O fato de acordar pela manhã, colocar uma camiseta amassada, não fazer a barba, (até mesmo não tomar banho) hoje é feito por pessoas que nunca pensariam em participar de tal situação, porém é natural que não o façam por atitude, e sim, força da idéia.
O que antes se mostrava como quebra às regras do sistema hoje mais parece uma corrida contra o correto, arrumado, “direito”. Corrida em busca do egocentrismo e individualismo.
O que todos procuram ultimamente é o destaque. Procuram a evidência em meio ao caos, um querer bem entre a sociedade, ser taxado inteligente, culto, ou “aquele que não liga para os protótipos” (mesmo que isso implique em ter 6 dedos, ou algo parecido) .
Pois, contra que sistema lutam? Que ideais possuem estes? Será necessário gostar de Beatles (ou qualquer banda antiga/revolucionária) para encaixar-me nos padrões agora estabelecidos? Onde ficam os verdadeiros “chuto o balde e não me importo com nada disso” em meia tamanha igualdade de idéias?
“Sem querer querendo” a juventude tem criado os exemplos que daqui a certo tempo serão repudiados por nossos filhos. E então o gel de cabelo será o novo. E cuidado futuras mamães: Será preciso muita goma para as camisetas pólo.

1 de junho de 2007

Carta à Lanna


Beirando os dezessete anos estás a um passo de decidir um futuro provavelmente dessemelhante do que venhas a ganhar. Talvez tuas alternativas sejam do agrado de teus pais e teus familiares. Talvez escolhas uma profissão bem conceituada, abrangente, que ofereça status e ótimas perspectivas financeiras. Talvez optes em favor de tua vontade.
O fato é que: Independente do que decidires para a tua vida, se as opções não te fizerem realmente crer no papel que assinas, seja lá o que for, dar-te-ão como bônus dos teus dias o recíproco do teu desgosto. Serão chatos, entediantes, monótonos e tu passarás a ser abominado entre teus colegas. Terás dinheiro e junto a ele, principalmente, amargura. Como um vazio insuficientemente completo de aparências e dólares.
Terás que colocar em pauta teus valores, tanto morais como espirituais. Aprender a ouvir, mesmo opiniões adversas, mesmo injúrias, mesmo ignorâncias. Porém, terás especialmente que optar pela primorosa passagem dos dias sem esperanças de orgulhar àquelas que esperam algo diferente de ti. Terás que mostrar a eles o quanto podes ser diferenciado desta massa servil sendo exatamente da forma que és. E assim sendo, terás a auto-confiança na profissão que se assemelha a ti, e por conseguinte darás a quem merece um tanto de admiração por teus atos.

Abraços da sempre tua , Sã Consciência

27 de maio de 2007

Sobre o claro


Ao abrir os olhos reparou no acanhado risco de sol ultrapassando as fronteiras da remota janela de madeira. Ao deparar-se com tamanha desenvoltura permaneceu por um duradouro espaço de segundo entorpecida. Percebeu a liberdade daquelas partículas dançarinas do ar. Dançarinas de uma melodia silenciosa da respiração humana. Tão cotidianamente acostumada e desprendida. Sentiu inveja de tal alvedrio, tal desambição. E questionou seu modo de vida.

25 de maio de 2007

Sobre música e calendário



Há muito que tenho esta idéia fixa de que nasci na época errada. Pensamento óbvio daqueles que acreditam não se encaixar às peripécias deste mundo excitado. Quanta pressa, quanta rapidez, quantas fórmulas. Fiquemos sentamos lendo, discutindo, observando. Tenhamos tempo para descobrir novidades, deixemos de ser tão precoces.
Apreciemos arte, não finjamos sabedoria, sorriamos, brindemos e fugiremos ante tantos roteiros invisivelmente traçados. Quebremos os protocolos. Dancemos rock.

(Tenho medo de calçar sapatilhas e assumir esse visual “Popular americano anos 50” –única episódio que forneceram de valioso nessa época-. Porém, vá lá, o mundo é um incontrolável ciclo.)
Um abraço aos novos “amigos” cibernéticos .

BERRY, Chuck – Route 66

24 de maio de 2007

Ele não morreu


Ando contagiada – mais que nunca - por Elvis. Um amorzinho valioso, um instante de terapia musical.
(É bom saber o que se almeja na vida. Virei infinitamente clichê, e adorei. Mais uma vez.)

No fone
PRESLEY, Elvis - Blue suede shoes (E não preciso aludir a palavra “Hino”)

8 de maio de 2007

Ying-Yang


Teu contrário me agrada, me transborda de contentamento, luxúria, avareza. Despertas em mim os pecados impuros de uma alma arrebatada de sentimentos melancolicamente alegres. Tu és o pretexto da minha felicidade e do meu orgulho.
Dizer que és direita e eu esquerda, que és o silêncio e eu o esparro, és a noite e eu amanhecer, enche-me de interesse sobre como desta tua figura tão avessa formas um desenho tão propicio. Encontras em mim o espaço para tuas histórias ocultas e me ofereço em branco para fazer parte dos teus pensamentos extra-normais.
És o negro reflexo dos meus olhos, abarrotados de benignidade por ti, o avesso do que sempre quis, e no entanto, o que sempre fará de mim o oposto imprescindível.

2 de maio de 2007

Sobre o cansaço


Tenho vontade de tirar férias. Férias de meus trejeitos, trajetos, minhas manias, cobranças, idéias formadas, reclamações, espelhos. De meu quadrado, minha alcova, minha vida. Arremessar tudo para o alto, dormir até doer a base, rir até a barriga dizer chega.
Férias de tudo que me desgasta, me atormenta, me desassossega. Comer chocolate, tomar café, não me preocupar com a saúde. Férias desta imagem, de tudo que ditame lógico, estético.
Férias de mim mesma.

“Tá difícil ser eu sem reclamar de tudo. Passa nuvem negra, larga o dia, e vê se leva o mal que me arrasou pra que não faça sofrer mais ninguém. Esse amor que é raro e é preciso pra nos levantar me derrubou, e não sabe parar de crescer e dor. Não adianta me ver sorrir, espelho meu, meu riso é seu, eu estou ilhada."
Nana Cayme

24 de abril de 2007

Avante Cavalaria


Minha irmã abre a porta deste humilde quartinho, corsimcornão, no intuito de me dar uma notícia. Falando bruscamente palavras que atassalham meu indigente coração alado, diz com versos rudes que há em determinado site á notícia de que foi decretado o fim de Los Hermanos.
Não pode ser. Pois é.
Com tantas bandas de repertório pobre, que não passam mensagem alguma para seus admiradores podendo ter seu fim, por quê logo minha favorita? São tantos anos, tantas letras, tantos sentimentos. Até mesmo em uma conversa de botas batidas podemos perceber a magnitude e inteligência dos homens que fazem, dessa, a melhor de todas. O despojamento, a sagacidade e a humildade recheada de malícia.
Porém ainda é cedo para despedidas, o adeus você fica para mais tarde, na esperança do adiamento desta tristeza para mim, e com certeza, para música popular brasileira.
É morena. É brabo.

10 de abril de 2007

Cena final



Minhas palavras vieram sucessivamente acompanhadas de muitas vírgulas. Igualmente, minha vida. No momento em que as deixo de lado colocando um ponto término nestes meus versos vagos de amor começo a discorrer a existência, em si, de modo distinto. Coloco primeiramente um final a esta minha angústia, este sentimento sem nome que assombra meu peito, afasta-me de meu mundo, tira-me o sono, muda-me a personalidade. Junto a ela arquivo na gaveta das lembranças centenas de orações não ditas, tentativas frustradas de mostrar-me transparente e agradar qual não pode ser amimado.
É hora de localizar minhas pernas e seguir. Acoplado a este ar que ausenta-se de meus pulmões sinto esvair-se o mundo que transportava nas costas, aquele idealizado com exércitos e fortificação. A sensação de avaria, por espantoso que possa parecer, não me atenua, e sim, mostra-me horizontes abrangentes distantes destes bosques.
Chegada a hora de fechar-se as cortinas agradeço ao público que conservou-se até o final do espetáculo e vou-me embora com o coração abandonado e um sorriso nos lábios.
Imediatamente, ao dar início a minhas percepções sobre o amor, escrevo com os olhos acesos, a esperança de uma nova história. Em novo parágrafo, novo filme.

9 de abril de 2007

Uma rua chamada pecado


Nunca soube muito bem empregar os olhos, seus movimentos são lentos, continuamente rudes. Seu caminhar de quem desconfia demonstra o quanto sente-se estremecido com as oscilações a seu redor, é atencioso e preocupado. Utiliza de sua força quando lhe é permitido, quando lhe parece imperioso. Sua amabilidade é mútua à quem a merece, igualmente, seu despeito. Aprendeu a falar cedo, instruir-se de que deveria calar-se também precocemente, preferiu ficar só por um milhão de vezes, não modificou sua idéia em qualquer delas.
Definiu-se bem como o labirinto das emoções outra vez ocultas, seu coração, ao final desse, assemelha-se a um troféu. A batalha vencida contra sua inteligência, os milhões de caminhos vagos que o faz distante de nós.

8 de abril de 2007

Depois faz frio


Um homem sábio em determinado lugar do mundo um dia disse que estar só é estar em paz consigo mesmo. Discordo.
É nestas horas que me descompasso, que me desfaço, me arrebento. Entro em desavença, desafino, mudo de vontades, perco o rumo. Minhas idéias tornam-se ponto de encontro aos pensamentos desesperados jogados na sarjeta.
Estar só à mim significa os gritos de uma mente em parafusos, um coração as avessas. Não podendo fugir, preso a certeza de que é baldio estar entre almas penadas, abarrotadas de vento e magnificência inútil. Solidão, qualquer que seja, é a guerra entre coração e cérebro.

7 de abril de 2007

Sobre Amelie



Entre tantas coisas inúteis que circulam pela internet, é difícil encontrar alguém que faça algo tão banaca quanto esse vídeo. Não sou muito adepta ao mundo cibernético, no entanto fiquei alegre e ganhei um sorriso.
Fica a dica!

http://www.youtube.com/watch?v=axDy20SY6Yc